Transcrição do texto de Adérito Medeiros Freitas
Recriação gráfica pseudo-faiança de Leonel Salvado
Tema: Dados históricos sobre a freguesia e fontes de Barreiros | Objecto: prato |
criação digital e adaptação: Leonel Salvado | Recursos: http://www.iromababy.com (fundo superior); http://www.planetasercomtel.com.br (fundo inferior).
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I
A - Fonte de Mergulho
Tema: Fonte do Prado em Barreiros | Objecto: prato |
criação digital e adaptação: Leonel Salvado | Foto-base: A.M. Freitas |
Outros recursos: http://www.iromababy.com (fundo superior); http://www.planetasercomtel.com.br (fundo inferior).
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Localização: Barreiros
Lugar: Prado (Rua da Fonte)
Altitude: 450 m Longitude: 7º 13’ 38,6 W Latitude: 41º 41’ 19,0’’ N
Ano de construção: 1896 (Mandada construir por Joaquim Pereira de Sequeira)
Material de construção: Granito de dois tipos: um, equigranular de grão fino a médio, de duas micas e cor amarelo-acastanhada por alteração química da biotite; outro, equigranular e de grão grosseiro, com duas micas e, por vezes, com nítida alteração química da biotite.
Características gerais: Como a fotografia [imagem] documenta, trata-se de uma fonte de grande beleza, que merece ser incluída num Roteiro das Fontes do Concelho de Valpaços.
Infelizmente, ao longo dos anos e ainda recentemente, obras realizadas na rua que lhe passa ao lado bem como no espaço que lhe ficava em frente prejudicaram, e muito, o seu real valor, como justificaremos mais adiante.
Externamente e na direcção ântero-posterior, esta fonte mede 2,06 m. A largura frontal é de 2,80 m e possui, de altura máxima, 3,22 m. A planta interna, rectangular, mede 1,54 m de comprimento (direcção transversal) e 1,35 m de largura (direcção Antero-posterior). A profundidade do reservatório é de 1,10 m mas, quando recolhi estes elementos, no dia 3 de Junho de 2004, apenas possuía uma profundidade de água de 88 cm.
A porta mede 1,14 m de altura máxima, 1,54 m de largura e termina, superiormente, em arco de volta perfeita. Outrora, esta porta era mais alta e a soleira, tal como acontece com tantas outras fontes, possuía um intenso desgaste provocado pelo contínuo roçar, durante décadas, dos cântaros utilizados para recolha e transporte de água. Este desgaste constituía um importante documento do historial desta fonte mas, alguém pouco esclarecido do seu verdadeiro significado, resolveu tapá-lo colocando-lhe, por cima, uma soleira de cimento. Na minha opinião, com todos os cuidados que uma tarefa deste tipo exige, esta soleira de cimento deveria ser removida. A água não é formigueira, pois nasce a 20 m da fonte. É límpida e abundante. Outrora, a partir da nascente, atingia a fonte através de uma caleira de granito. Hoje, a água atinge a fonte através de um tubo, cuja porção terminal é uma bonita e bem trabalhada gárgula de granito com forma de tronco de cone, que mede 44 cm de comprimento e 22 cm de diâmetro frontal.
O tecto, em abóbada de berço, é formado por sete aduelas a primeira das quais de cada lado assenta directamente na última laje de granito do respectivo pé direito. Não existem impostas. A largura das aduelas diminui, de cada lado, da base para o topo (respectivamente 50, 39 e 26 cm). A aduela fecho da abóbada mede, apenas, 10 cm de largura. As arestas frontais das aduelas da abóbada estão truncadas, originando uma face curva com 4 cm de largura.
A cobertura, de duas águas, é muito inclinada e formada por cinco lajes colocadas longitudinalmente. Destas, é digno de nota a laje que forma o cume, cuja secção transversal possui a forma de um “V” invertido dando continuidade, na perfeição, a cada uma das vertentes laterais. De um e outro lado bem como frontalmente e numa extensão de 45 cm de cada lado, como a fotografia [imagem] muito bem documenta, una cornija horizontal, saliente 10 cm. Em continuidade com esta existe, frontalmente, uma outra cornija formando como que os dois lados de um triângulo isósceles, com 1 m de altura e 2 m de base.
De um e outro lado, sobre cada uma das porções frontais da cornija horizontal, um pináculo quadrangular terminando em pirâmide, com 1,05 m de altura. Superiormente, no ponto de encontro dos dois ramos simétricos e convergentes da cornija frontal, uma peanha sustentando uma cruz relativamente recente, certamente em substituição da cruz primitiva cujo destino desconheço. […]
Em frente da fonte existe, hoje, um espaço rectangular com pavimento de cimento a que dão acesso dois degraus de granito já bastante gastos e limitado por duas lajes paralelepipédicas também de granito. Este espaço mede 2,40 m de comprimento, 1,37 m de largura e 26 cm de profundidade máxima. No espaço frontal da fonte existiram, no passado, uma pia bebedouro múltipla e dois tanques de lavar roupa. Este espaço está, actualmente, em parte ocupado por um Infantário ali construído. Devido a esta construção, os velhos tanques foram destruídos e a pia bebedouro foi soterrada.
Recentemente e devido a novas obras realizadas no local, a pia bebedouro, depois de tantos anos soterrada, foi novamente posta a descoberto. Quando recolhi estes elementos encontrava-se em frente da fonte, do seu lado direito, encostada a um muro limitante de uma propriedade. Foi cavada num grande bloco de granito que mede 2,27 m de comprimento e 75 cm de largura. As duas pias comunicam entre si por meio de um orifício situado ao nível do pavimento e cada uma delas possui, no rebordo superior das suas paredes limitantes, um sulco transversal que permite o escoamento da água quando se encontram cheias. Estas duas pias gémeas medem, respectivamente, 90 cm de comprimento, 46 cm de largura e 26 cm de profundidade (uma) e 90 cm de comprimento, 48 cm de largura e 26 cm de profundidade (a outra). […]
Adérito M. Freitas, Concelho de Valpaços, FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA…, C.M.V., Vol. I, 2005, pp. 93-95.
B - Inscrição da Fonte do Prado
Tema: Inscrição da fonte do Prado | Objecto: prato | criação digital e adaptação: Leonel Salvado
| Foto-base: A.M. Freitas | Outros recursos: http://www.iromababy.com (fundo superior);
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Na fachada frontal [da fonte do Prado] e por cima da porta, uma almofada de granito equigranular de grão fino e cor acastanhada devido à intensa alteração química da biotite onde, conforme a fotografia [imagem] muito bem documenta, está incicado o ano da construção desta fonte (1896), bem como o nome da pessoas que a custeou (Joaquim Pereira de Sequeira).
C. M.
M. F. ESTA
OBRA EM
1896
JOAQUIM
P.D. SEQUEI
RA
Aproveito este momento para agradecer ao Sr. Albano Luís Pereira Rosa, bisneto do falecido Sr. Joaquim Pereira de Sequeira, todas as informações que tão amavelmente me transmitiu sobre as fontes dos Barreiros, bem como sobre outros temas de grande interesse.
Joaquim Pereira de Sequeira, casado com Carolina Rita Areias, era natural de Lebução e encontra-se sepultado no cemitério dos Barreiros. Teve dois filhos, Alípio José Pereira de Sequeira e Albano dos Anjos Pereira. O primeiro foi proprietário nesta povoação dos Barreiros e, o segundo, foi proprietário e professor, artista nato excelente, como o provam as dezenas de desenhos e pinturas que cobrem, quase por completo as paredes das duas varandas da sua antiga residência. Na sua MONOFRAFIA DE VALPAÇOS, o Dr. Veloso Martins refere-se-lhe afirmando, que Barreiros, “foi dominada muitos anos pela figura do seu professor primário Albano Pereira, espírito culto, fino humorista, distinguindo-se como artista no desenho e aguarela”.
Adérito M. Freitas, Id, pp. 94-95.
II
Fonte de Mergulho
Tema: Fonte da Rua dos Castanheiros | Objecto: prato | criação digital e adaptação: Leonel Salvado | Foto-base: A. M. Freitas | Outros recursos: http://www.iromababy.com (fundo superior);
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Localização: Barreiros
Lugar: Rua dos Castanheiros
Altitude: 457 m Longitude: 7º 13’ 42,3’’ W Latitude: 41º 41’ 16,2’’ N
Ano de construção: Desconhecida
Material de construção: Granito equigranular de grão grosseiro e duas micas, com nítida alteração química da biotite.
Características gerais: Interessante fonte de reduzidas dimensões, toda em granito e certamente muito antiga. O que resta desta fonte encontra-se, hoje, em parte incorporado no muro de uma habitação. A água desta fonte, de caudal muito reduzido não é, actualmente, utilizada para qualquer fim.
A planta interna, rectangular, mede 1,20 m de comprimento e 1,05 m de largura. O muro limitante posterior está semi-destruído. A profundidade total do depósito é de 1,10 m mas, quando recolhi estes elementos, a profundidade de água era, apenas, de 40 cm.
A porta mede 1,17 m de altura máxima e 1,05 de largura. Como a fotografia [imagem] muito bem ilustra, termina em ângulo agudo, uma vez que a cobertura é formada por duas lajes tabulares de granito que convergem superiormente e se apoiam, lateralmente, nois respectivos pés direitos formados por pedras soltas um tanto irregulares. A laje da esquerda mede 82 cm de superfície frontal e 95 cm de largura. A laje da direita mede 1,02 m de superfície frontal e possui 60 cm de largura.
A formar a fachada da fonte, um muro de pedras soltas de granito, só presente do lado esquerdo. Por cima da cobertura e 40 cm acima do limite da porta, uma laje tabular de granito em posição horizontal com, aproximadamente, 1,00 m de comprimento e outro tanto de largura (logo, aproximadamente quadrangular) forma uma pala, saliente 25 cm.
Pelo facto de se encontrar incorporada entre duas paredes de uma casa de habitação dispostas em ângulo, admitimos que a mesma tenha sido, outrora, uma fonte particular.
Adérito M. Freitas, Id, pp. 96-97.