Homenagem da População de Vilarandelo | in http://botarabocanotrombone.blogspot.pt
No dia 25 de Outubro de 1910 nasceu em
Vilarandelo, freguesia do concelho de Valpaços, distrito de Vila Real, no seio
de uma família de moderados recursos, Olímpio Astério dos Santos Seca que ainda
é recordado com carinho, saudade e merecida veneração como “o médico dos pobres”. Foi um dos dois filhos do segundo casamento
de António Manuel dos Santos Seca com Maria Nogueira de Melo. O nome de seu pai
ainda hoje se guarda na memória dos vilarandelenses como respeitável homem de
negócios que fazia regulares viagens à cidade do Porto.
Tendo sido neto paterno de José Manuel
dos Santos Seca, nascido em 1825, e de Maria Teixeira, e bisneto de João
Baptista Gonçalves da Seca, supostamente ferreiro de profissão, nascido em 23
de Agosto de 1799 na freguesia de Babe, concelho e distrito de Bragança, e de
Maria Martins, natural de Grijó de Parada, do mesmo concelho e distrito, onde
este casal viveu, o Dr. Olímpio Seca deu continuidade a um dos numerosos ramos
da antiga família transmontana dos “Secca”,
cujas gerações anteriores àquele seu bisavô foram todas naturais do distrito de
Bragança, repartindo-se entre Babe (mais representativamente) e Caravelas e
cujo mais remoto representante conhecido foi seu sexto-avô Domingos Gonçalves da Secca, nascido na primeira destas duas
localidade no ano de 1640. Posto que este Domingos Gonçalves «é o primeiro “secca” que aparece em
todas as pesquisas efectuadas e com uma descendência muito bem definida», os genealogistas
ligados à família admitem a possibilidade de os “Secca” serem originários de
Itália (Família Secca | http://www.secca.info/).
O Dr. Olímpio dos Santos Seca faleceu no
dia 21 de Outubro de 1983
O “médico dos pobres”
São inúmeras as referências que fazem
jus a este conhecido epíteto atribuído do Dr. Olímpio Seca, tanto as que nos
ficaram dos discursos proferidos em cerimónias públicas realizadas em sua
homenagem, como as que têm vindo a ser publicadas em vários meios de informação
e comunicação impressa ou digital, sob a forma de “memórias locais”, como ainda
as que ressaltam da espontânea oralidade popular, na qual, a propósito de tal
cognome, há sempre uma comovente e admirável história para contar.
Fez a instrução primária na terra que o
viu nascer, ingressando depois no Colégio de Lamego, onde obteve a sua formação
no Ensino Secundário, prosseguindo os seus estudos no Curso de Medicina da
Universidade do Porto até à sua licenciatura no ano de 1937.
Começou por se estabelecer e exercer a
profissão médica na sua terra natal, instalando aqui um consultório particular
que escassos proventos financeiros lhe proporcionaram, devido aos parcos
recursos económicos da população que a ele recorria em momentos de extrema
aflição. Muitos dos pacientes, ao que parece, nem sequer possuíam condições
para se deslocarem ao seu consultório, pelo que em muitos casos sucedeu ser o
próprio médico quem, desde jovem, foi ao encontro deles nas localidades
circunvizinhas, deslocando-se a pé, a cavalo e, quando se tornou possível, no
seu próprio automóvel. Nesta penosa experiência assumida como um dever pessoal,
reflectiam-se já os traços essenciais da sua benigna personalidade, que manteve
durante o resto da sua vida e ainda ecoa na Memória Colectiva da população do
concelho de Valpaços.
Em 1945 começou a exercer a mesma
profissão na Casa do Povo de Vilarandelo
e em 1950 no Hospital da Misericórdia de
Valpaços. Coube-lhe então tomar, com singular dedicação e conhecida
satisfação, as melhores diligências no sentido de que aí funcionassem os
necessários serviços de cirurgia, começando por convidar um conceituado
cirurgião portuense, Gomes de Almeida, para assegurar essa responsabilidade.
Mais tarde conseguiu, com o mesmo fim, que o cirurgião Mário Rafael e o anestesista
Caiado Ferrão, ambos ao serviço do Hospital de Mirandela, se deslocassem com
regularidade ao Hospital de Valpaços. O Dr. Olímpio Seca foi também médico das
Casas do Povo de Rio Torto, Vales e Zebras.
Em 1975 foi Presidente da Câmara de
Valpaços. Porém, o que dele mais ressalta na memória colectiva da população do
concelho é o facto de ter dedicado toda a sua vida à protecção e amparo das
populações mais carenciadas de cuidados médicos e é em memória dessa “Cruzada”
que “o médico dos pobres” tem vindo a receber as mais justas homenagens da
parte dos poderes instituídos que representam essas populações, consagrando-o
na toponímia urbana, assim em Vilarandelo, em cujo largo da feira se erigiu, em 1985, um busto comemorativo, e em
Valpaços com a criação de uma praça com o seu nome e idêntico monumento
invocativo. Mais recentemente, o I Centenário do seu nascimento foi celebrado
em Vilarandelo.
Para rever mais detalhes biográficos e
genealógicos sobre esta figura memorável da história de Valpaços editados neste blog por ocasião do I Centenário do seu nascimento, clique
AQUI.