sábado, 22 de setembro de 2012

António Bernardino da Cruz Coutinho

Por Leonel Salvado

António Bernardino da Cruz Coutinho | foto: José António Soares da Silva, 
O Partido Progressista em Valpaços, 1886 – 1910, CMV, 2006 (adaptado) | 
moldura:  http://www.ruadireita.com


Nasceu no primeiro dia do mês de Setembro de 1869 na vila de Valpaços. Foi filho de Luís Rodrigues da Cruz Coutinho, “médico cirúrgico” aqui radicado e proprietário, oriundo de Alvações do Corgo, Santa Marta de Penaguião, e de Maria de Jesus Lopes, natural da mesma vila de Valpaços.
É recordado como personalidade benquista e assim admirada e respeitada em Valpaços, não em virtude das suas habilitações literárias, que foram limitadas, mas do seu carácter espirituoso, singular inteligência e argúcia e invejável sucesso obtido nos empreendimentos agrícolas a que se dedicou.
Adquiriu, também por isso, desde muito jovem, significativa notoriedade no exercício de cargos de responsabilidade pública e notável afirmação na vida político-partidária da sua terra natal.
No ano de 1887, com apenas 18 anos de idade, foi administrador substituto do concelho de Valpaços.
Em 1894 casou na mesma vila com Maria Cândida de Sousa Gavaias, de 32 anos de idade, filha natural de Maria da Trindade, ambas também naturais da freguesia de Santa Maria Maior de Valpaços.
Enquanto o partido Regenerador definhava, o seu interesse pela actividade partidária ao lado dos Progressistas proporcionou-lhe a entrada para a comissão executiva do respectivo partido em 1897, o ano que representa o momento áureo das actividades do mesmo partido em Valpaços. Cruz Coutinho pertenceu, juntamente com os demais membros da mesma comissão, à “Assembleia Geral Instaladora da Confraria de Nossa Senhora da Saúde” e à “Comissão Promotora” da Construção da mesma capela, contribuindo com vários donativos para a mesma comissão e para a instituição hospitalar que ainda estava em obras desde 1882. Foi também um dos primeiros “Irmãos” inscritos em 1897 na confraria que ajudou a criar.
Em 12 de Dezembro de 1901, Cruz Coutinho foi o primeiro signatário da carta enviada ao conde de Vila Real, líder distrital do partido, expondo a deplorável situação que se vivia no Centro Progressista de Valpaços em consequência da demissão do Presidente da comissão executiva, Dr. Francisco José de Medeiros. O mesmo sucedeu em 22 de Junho de 1906 na carta enviada aos correligionários para, segundo as instruções chegadas do líder distrital, se realizar no 1º dia do mês seguinte uma reunião com vista a nova reconstituição do partido com uma nota sobre a expressa disposição do conde de Vila Real para aceitar presidir a nova comissão. Finalmente, na data combinada, 1 de Julho, Bernardino da Cruz Coutinho integrou a nova comissão executiva como 2º Secretário. Pouco mais se fez, porém, nos quatro anos que se seguiram até á dissolução do Partido em 11 de Outubro de 1910.
Entre 1905 e 1908 foi por quatro vezes presidente da câmara de Valpaços cumprindo inicialmente três mandatos sucessivos.
Em 1909, por outro lado, António Bernardino da Cruz Coutinho gozava da reputação de abastado proprietário valpacense, exportador de azeite e viticultor.
Diga-se apenas a título de curiosidade que, para além da sua intensa actividade político-partidária em Valpaços e da aparente prosperidade devida aos seus empreendimentos agrícolas, o seu nome também se tornou conhecido fora dos limites do concelho por ter sido sobrinho, e afilhado de baptismo, de um importante livreiro e editor portuense, António Rodrigues da Cruz Coutinho de quem se diz que foi amigo de Guerra Junqueiro e que este lhe terá dedicado alguns versos satíricos que foram publicados em 1875 no 1.º n.º do jornal “Lanterna Mágica”.
Em 16 de Maio de 1941, António Bernardino da Cruz Coutinho, já viúvo, lavrou o seu testamento e em 4 de Fevereiro de 1946 veio a falecer em Valpaços.

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