terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

2.º Aniversário do Clube de História de Valpaços


Celebramos hoje o primeiro aniversário do Clube de História de Valpaços. Julgamos ter vindo a honrar o compromisso que estabelecemos com a comunidade valpacense que foi, e continuará a ser o de contribuirmos para a divulgação do património histórico e cultural do concelho de Valpaços sem deixar de fazer alguma luz sobre outros assuntos de relevância nacional e Universal nas várias categorias temáticas que temos criado. Nesta data especial para o blogue, seus colaboradores e seguidores, cumpre deixar uma nota de agradecimento e homenagem a todos os que nele têm directa e indirectamente participado, desde os elementos da equipa, identificados no perfil, aos seguidores que diligentemente partilharam as suas publicações e participaram com os seus comentários de forma construtiva e total abnegação. Apraz-nos informar que nunca nos chegou qualquer tipo de comentário depreciativo ou com objectivos maliciosos ou suspeitos - todos os que aqui nos chegaram, incluindo os de comentadores anónimos, foram tecidos com o claro objectivo de melhorar a qualidade das publicações a que se reportavam.
Um Agradecimento Especial a todos quantos nos acompanharam, com o Google rede social, durante a ainda curta existência deste blogue, designadamente a:

Sérgio Morais | José António Soares da Silva | Terra | Euroluso | Pe Ricardo Pinto | Carlos Reis Martins | André Pinto | Portugal Romano | Carla Castro | Fernando Alves| jass | Umbelina | O meu espaço | Celestino Chaves | Paulo Pascoal | Gio | Armando Pinto | Voz | Ceicinha Câmara |leeninha alcilene | Pavaroty | FNA-Escuteiros Adultos | Vilardeamargo-blog | Catrop | jorge fernandes | mm.Gsil | Vítor Loureiro | Micael Sousa | Graça Gomes | Loanda M | Carol Machado | Costa Pinto | Rui Cepeda | onze palavras | d’Azevedo | Gonçalves | Mov. Anti-Corrupção | João | Lccl | Univsersidade Sénior de Valpaços | A busca pela Sabedoria | Combates pela História | Regina | helena maria marques | Mundo da Arqueologia | Ralf Wokan | jmalvar | mesquita artur | Lavras em destaque | reysenpai | João Gomes Salvador | Catarina | Reis Quarteu | lelo Demoncorvo | Alfredo Gomes | Mendonça | Normando Alves | Rui Doutel Morais | AMPUH |  Hilario Marrero Perez | Leila Duarte | Mab |cml nascimento |Emilia | j.valpacos [Eugénio Borges | Vilarandelo-um dia uma imagem…]

Obrigado ainda aos responsáveis pelos restantes blogues com os quais temos estado em contacto.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A mais antiga floresta fossilizada descoberta na China

«DESCOBERTA FLORESTA FOSSILIZADA COM 298 MILHÕES DE ANOS

Uma representação da floresta encontrada na China

Na China desenterrou-se uma Pompeia do mundo natural com 298 milhões de anos. As cinzas de uma erupção cobriram uma floresta de fetos arbóreos, que ficou preservada até agora. O retrato deste pântano tropical está descrito na revista Proceedings of the Natural Academy of Sciences desta semana e permite compreender melhor a evolução das florestas da Terra numa altura em que ainda não havia flores

“É como [a cidade romana] Pompeia”, disse em comunicado Herrmann Pfefferkorn, um dos autores do estudo, que pertence à Universidade de Pensilvânia, referindo-se à cidade situada na Itália que ficou cristalizada pelas cinzas do Vesúvio durante a erupção de 79 d.C. “Pompeia dá-nos um conhecimento profundo sobre a cultura romana, mas não nos diz nada sobre a história da [civilização] romana em si mesmo.”

Por outro lado, permite a comparação. Pompeia “elucida-nos o tempo que veio antes e que veio depois. Esta descoberta é semelhante. É uma cápsula do tempo, e desse ponto de vista permite-nos interpretar muito melhor o que aconteceu antes e depois”, disse o cientista.
E que tempo é este? Na cronologia da história geológica, há 298 milhões de anos, a Terra encontrava-se no início do período Pérmico, antes da era dos dinossauros. Nesta altura os mamíferos e as plantas com flor ainda não existiam e os répteis e as coníferas – o grupo de plantas a que os pinheiros pertencem – eram uma aquisição recente da evolução.

O mundo terrestre era dominado por anfíbios e por fetos com porte de árvore. E as placas tectónicas estavam a acabar de se juntar para formar a Pangeia. O local arqueológico que os cientistas da Academia de Ciência chinesa estudaram, na região da antiga Mongólia, no Norte da China, era na altura uma super ilha separada do continente, que se situava a latitudes tropicais, no Hemisfério Norte.

Os cientistas fizeram um verdadeiro trabalho de ecologia paleontológica com estratos soterrados que desenterraram, analisando 1000 metros quadrados de área florestal em três sítios diferentes. Se não tivesse havido erupção, ao longo de milhões de anos aquela paisagem ter-se-ia transformado em carvão no interior da Terra, como aconteceu em muitos locais semelhantes a norte a sul da formação.

Mas a cinza fez fossilizar a floresta, que ficou comprimida em 66 centímetros de solo e fez com que a equipa pudesse recriar um retrato detalhado da floresta. “Está maravilhosamente preservada”, disse Pfefferkorn. “Podemos estar ali a olhar e encontrar um ramo com folhas, e depois encontramos o outro ramo e o outro ramo. Depois encontramos um cepo da mesma árvore. É realmente emocionante.”

Os cientistas encontraram seis grupos de plantas diferentes com várias espécies em cada grupo. Há um estrato mais basal com fetos arbóreos, de onde de quando em vez saem árvores mais finas e altas que parecidas a um espanador de penas, com 25 metros de altura. Encontraram também um grupo de plantas extinto que libertava esporos e árvores que parecem ser antepassados das cicadófitas, plantas sem flores que fazem lembrar palmeiras.

"Isto agora é a base. Qualquer outra descoberta, normalmente muito menos completa do que esta, tem que ser avaliada com base no que determinámos aqui", disse Pfefferkon, referindo-se à evolução da flora daquela altura.

Jornal o PÚBLICO, 22.02.2012 | http://www.publico.pt/Ciências

Novas revelações científicas sobre a evolução humana

«NEANDERTAIS PODERIAM JÁ ESTAR PERTO DA EXTINÇÃO QUANDO NOS ENCONTRARAM

Representação de uma família de Neandertais

Os estudos de ADN têm uma tendência para revolver a história da evolução humana, desta vez uma nova investigação sugere que quando os nossos antepassados contactaram com os Neandertais, há menos de 50.000 anos, estes já eram sobreviventes de um fenómeno que tinha ceifado quase totalmente a espécie, conclui um artigo publicado na revista Molecular Biology and Evolution.

A equipa internacional, que inclui investigadores do Centro de Evolução e Comportamento Humano da Universidade Complutense de Madrid, analisou o ADN extraído do osso de 13 Neandertais. Os indivíduos viveram entre os 100.000 e os 35.000 anos, e foram encontrados em sítios arqueológicos que se estendem desde a Espanha até à Ásia.

Os cientistas analisaram a variabilidade do ADN mitocondrial, que existe dentro das mitocôndrias, as baterias das células que são sempre herdadas da mãe para os filhos. A partir desta análise, verificaram que havia muito mais variabilidade entre os Neandertais que viveram há mais de 50.000 anos, do que os indivíduos que viveram durante os 10.000 anos depois, pouco antes de se terem extinguido.
Os indivíduos com menos de 50.000 anos tinham uma variabilidade genética seis vezes menor do que os mais antigos. Isto evidencia um fenómeno que provocou a morte de um grande número de pessoas desta espécie. Depois disto, sucedeu-se uma re-colonização da Europa a partir de populações de Neandertais vindas de Ásia.

“O facto de os Neandertais terem estado quase extintos na Europa, e depois terem recuperado, e tudo isso ter acontecido antes de entrarem em contacto com os humanos modernos, é uma surpresa total”, disse Love Dalen, o primeiro autor do artigo, que pertence ao centro de investigação de Madrid e ao Museu de História Natural de Estocolmo, Suécia. “Isto indica que os Neandertais poderiam ser mais sensíveis a mudanças climáticas dramáticas que ocorreram durante a última Idade do Gelo, do que se pensava anteriormente”, disse, citado pela BBC News.

Segundo o artigo, a variabilidade do genoma dos Neandertais antes do tal fenómeno que ocorreu há 50.000 anos era equivalente à variabilidade da espécie humana. Depois do fenómeno, essa variabilidade passou a ser menor do que a que existe hoje entre a população da Islândia.
Este fenómeno poderá estar ligado às alterações climáticas. Pensa-se que há cerca de 50.000 anos alterações nas correntes oceânicas do Atlântico causaram uma série de temporadas geladas que alteraram inclusive a cobertura vegetal da Europa.

O que quer que tenha acontecido depois, quando os humanos modernos foram migrando pela Europa, continua a ser uma incógnita. Mas estes dados sugerem que as populações de Neandertais que os nossos antepassados encontraram seriam muito mais homogéneas a nível genético e por isso muito mais vulneráveis a alterações no ambiente.»

Jornal o PÚBLICO, 27.02.2012 | http://www.publico.pt/Ciências

domingo, 26 de fevereiro de 2012

À descoberta de vocações artísticas no concelho de Valpaços – Santa Valha

Por Leonel Salvado

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A Artista a quem me apraz render hoje a minha sincera e devida homenagem chama-se Graziela Teixeira da Mota. Trata-se de uma pintora já conhecida de muitos portugueses e estrangeiros e que já vi ser considerada por alguns admiradores comuns e colegas de arte, que certamente poderão pronunciar-se melhor do que ninguém sobre as sua obras, como uma das principais referências da pintura impressionista portuguesa da actualidade, cujos temas de eleição incidem, entre outros geograficamente menos circunscritos, sobre a zona histórica do Porto, Património Mundial, o velho casario, os costumes da população portuense e, sobretudo, os históricos eléctricos da cidade invicta, como revelam as pinturas que dela expomos mais abaixo.
Na mesma medida do seu incontestável talento, o que me parece relevante chamar a atenção dos valpacenses para esta artista, na presente rubrica dedicada às vocações artísticas do concelho de Valpaços, é a sua própria qualidade humana – trata-se de uma pintora radicada há largos anos na cidade do Porto, onde se formou na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, mas que, pelo que me foi dado observar nas suas ligações de amizade em páginas regionais do Facebook, inclusive na própria página vinculada ao Clube de História de Valpaços, tenho por certo que é natural de Santa Valha, aldeia e freguesia do concelho de Valpaços e que revela uma assídua e exemplar relação de empatia, tanto com as pessoas da sua terra natal como com as demais do próprio concelho a que pertence.
A juntar a estas qualidades devo sublinhar a sua nobreza de carácter claramente evidenciada por ocasião da Exposição de alguns dos seus trabalhos no Hotel Altis, no Porto, em Abril de 2011. Este evento foi anunciado e divulgado pela “mulher.sapo.pt” onde se recordava que Graziela Teixeira da Mota, contando já com várias exposições nacionais e internacionais, realizava esta Mostra cultural em parceria com associação “Acreditar–Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro” em favor de cuja instituição revertia uma percentagem de cada obra vendida.
É pela combinação destas virtudes – a sua invulgar vocação artística, amor pela suas raízes e o seu espírito de solidariedade - que entendi dedicar-lhe estas palavras de homenagem. Mas confesso que tenho pena que a pintura que encabeça o presente post seja, como efectivamente parece ser, a única obra da nossa pintora da Invicta e de Santa Valha dedicada a esta bela e histórica aldeia do concelho de Valpaços que a viu nascer e de quem bem vejo que dela também se orgulha. A pintora valpacense, como tem sido designada Graziela Teixeira da Mota em vários eventos, é uma referência humana incontornável do património cultural deste concelho.

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76.º Aniversário da revelação pública do carro mais popular do mundo

Por Leonel Salvado


Anúncio do sistema de vendas do KdF-Wagen: "cinco marcos semanais você 
deve separar, se em seu próprio carro quiser passear" | http://pt.wikipedia.org

Quem não conhece o VW “carocha” ou ainda não o tenha visto uma qualquer das suas versões mais antigas a circular algures pelas nossas estradas?! Foi o carro mais popular e o mais vendido do mundo, ultrapassando em 1972 o recorde do Ford Modelo T, fabricado nos EUA. O último modelo do Carocha foi produzido no México em 2003. Foi o primeiro modelo fabricado pelo actual Gigante da indústria automóvel, o Grupo VWAG, e um produto do esforço industrial da Alemanha nazi, nos últimos anos que antecederam à 2ª Guerra Mundial.
Em 1936, na Alemanha, Adolph Hitler desfilava como seu Estado Maior a bordo de um novo automóvel feito para o povo alemão. Era a concretização de um sonho do ditador desde os tempos em que esteve preso e teve conhecimento da proeza cometida por Henry Ford ao conseguir oferecer ao público norte-americano um automóvel ao alcance das famílias menos abonadas, o Ford Modelo T. Entusiasta por carros desde a juventude e empenhado na recuperação da economia e na modernização do país, no qual por sua iniciativa de construiu uma extensa rede de “Autobahns” (o embrião das actuais modernas auto-estradas), faltava-lhe oferecer ao povo alemão, para a realização da plataforma política do seu partido, um “carro do povo”, isto é um automóvel feito por trabalhadores alemães e para os trabalhadores alemães. Esse carro passou a designar-se, por conveniência, de “Volkswagen”, (pronunciando-se "folks váguen" traduzido para português como "carro do povo"), ou simplesmente "Volks" (pronunciando-se "folks", com o mesmo significado de "do povo"). Alguns dos requisitos propostos por Adolph Hitler, que colaborou pessoalmente na definição do design definitivo do projecto, não foram concretizados, mas o “carro do povo” tornou-se uma realidade adequada às expectativas do seu criador e do povo alemão: Um automóvel barato, de consumo moderado e versátil, características favoráveis à propaganda nazi e às necessidades das famílias alemãs dessa época. Antecipando-se à aprovação dos protótipos, deixados à responsabilidade de vários engenheiros da confiança do ditador (dentre os quais se destacou o consagrado engenheiro austríaco Ferdinand Porsche), Adolph Hitler fez-se transportar num dos modelos experimentais do “carocha” num desfile realizado a 26 de Fevereiro de 1936. Assim nascia um dos ícones da história do automóvel.
Apesar de te rnascido no seio  famigerado regime nazi, o “carocha”, assim carinhosamente conhecido pelos portugueses e países de expressão inglesa como o "beetle" (sobretudo nos E.U.A., onde foi um automóvel, ironicamente, bastante popular entre a comunidade “hippie”, nos anos 60) ou ainda como  o“fusca”, para os brasileiros, continuou a ser um dos automóveis mais populares nos vários continentes após a Segunda Guerra Mundial. Actualmente é um dos automóveis clássicos mais apreciados pelos coleccionadores ou pelos simples nostálgicos entusiastas dos “automóveis que fizeram história”.

Para muitos mais detalhes sobre a história do “Carocha” clique AQUI

sábado, 25 de fevereiro de 2012

À descoberta de vocações artísticas no concelho de Valpaços – Amoinha Nova

Por Leonel Salvado

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Há dias divulgámos a notícia de que a população de Amoinha Nova, aldeia da Freguesia de Santiago da Ribeira de Alhariz, se empenhara seria e exemplarmente na preservação do seu património religioso edificado – as obras de beneficiação da capela de Santo Antão. Pois bem, no mesmo blog dedicado à mesma aldeia, de onde colhemos essa informação, acabamos por descobrir mais um valor que desconhecíamos do seu património cultural, de que a respectiva comunidade e o concelho de Valpaços devem orgulhar-se. Referimo-nos desta vez à descoberta da vocação artística, de uma das pessoas que mostrou ser das mais entusiastas daquela louvável acção das obras da referida capela – a Sra. Leonor Moreira. Trata-se de uma pessoa ligada à esta aldeia cujo amor por ela e pelo seu património edificado podemos ver transparecer numa grande parte das suas pinturas como nas que abaixo expomos.
Enfim, a descoberta de mais um valor que nos cabe divulgar aqui na genérica categoria temática do Clube de História de Valpaços que é a do “Património Histórico e Cultural”, no presente caso de relevância regional.

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143.º Aniversário da abolição da escravatura em todo o território português

Foi pela Lei de 25 de Fevereiro de 1869 que a escravatura foi abolida em todo o território português. Não se tratou de uma decisão espontânea, mas o culminar de um processo que em Portugal poderá remontar ao reinado de D. João II com exemplos de continuidade no reinado de D. Sebastião e durante o governo filipino.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

História de uma visita ao túmulo "do Bandarra" em Trancoso

Por Leonel Salvado

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Sugestionado pela curiosa ilustração (ao centro da imagem) que me foi disponibilizada pelo autor de BD Jorge Miguel, alusiva ao humilde enterro do sapateiro de Trancoso, Gonçalo Anes, o Bandarra - personagem celebrizada pelas suas proféticas trovas que alimentaram o mito do sebastianismo - e sensibilizado por um dos comentários que a propósito dessa mesma ilustração citava o histórico provérbio “Morra o homem, deixe a fama!” – que muitas vezes preferimos associar a outras figuras de dimensão histórica nacional, como é o caso de Camões - procurei pesquisar mais algumas informações sobre o sapateiro-profeta de Trancoso quando, mesmo a propósito, fui surpreendido por uma pequena história passada naquela cidade em 2007 que não resisto em trazê-la aqui. Ela poderá servir de teste à relevância do referido provérbio no nossos dias.

A História, contada por um membro da “comunidade Sol de blogs.sapo”com o pseudónimo de “contracorrente”, é a seguinte:

«Desde os meus tempos de escola que vivia com a curiosidade de conhecer a terra do célebre Bandarra, sapateiro de Trancoso e profeta do Quinto Império. Mas os anos foram-se passando e, só no passado mês de Novembro, a oportunidade surgiu.
Em Trancoso, como não podia deixar de ser, respira-se Bandarra por todo o lado. Na praça do município e em lugar de destaque, lá está a sua incontornável estátua. Daí partimos à procura da igreja onde está sepultado o nosso profeta. Como a igreja mais próxima se encontrava fechada, procurámos a dois jovens de 18-20 anos que ali se encontravam se era naquela igreja que estava sepultado o Bandarra. “Bandarra? Não conhecemos nenhum Bandarra…” E perante a nossa estupefacção, justificaram-se: “Nós não somos de cá, só aqui andamos a estudar…”. A estudar? A ignorância desta juventude é um espanto.
Mas como o posto da GNR era pegado com a igreja, a minha mãe procurou informar-se ali. A reacção do soldado da GNR de serviço foi idêntica à dos jovens estudantes: «o Bandarra? Nunca ouvi falar…» O homem devia estar a gozar connosco. Como é possível, estando Trancoso coberta de placas, estátuas e outras indicações com o nome do Bandarra, um soldado da GNR fazer o turno pela povoação sem nunca ter lido este nome? A não ser que não saiba ler…
Bem, saímos do posto e… o que é que vimos diante de nós? Uma lápide enorme na parede lateral da igreja e de frente para a porta do posto da GNR com um texto que tinha o seguinte título: “Túmulo do Bandarra” […]»

Será possível que, apesar do monumento e das informações escritas, o Bandarra seja hoje um desconhecido na sua própria terra?! São cada vez mais numerosos os exemplos de histórias como esta que nos induzem a interrogar se estaremos a viver uma época de crise da nossa memória histórica, e se estas histórias poderão ser entendidas como verdadeiros sintomas de uma qualquer estirpe de “amnésia colectiva” que ameaça tornar-se endémica na sociedade portuguesa.

O sumptuoso túmulo do “profeta do Quinto Império” composto por um belo epitáfio ostentando como divisa os instrumentos do seu ofício de sapateiro existente no interior da igreja de São Pedro em Trancoso, foi mandado construir em 1641 por D. Álvaro de Abranches da Câmara, General da Província da Beira, em substituição da primeira pobre sepultura que lhe foi dada em 1556.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

615.º Aniversário do nascimento de Isabel de Portugal, duquesa de Borgonha

21 de Fevereiro


Isabel, Duquesa da Borgonha | óleo sobre tela de Rogier van der
 Weyden, J. Paul Getty Museum, Malibu | http://pt.wikipedia.org

Isabel de Portugal (Évora, 21 de Fevereiro de 1397 - Dijon, 17 de Dezembro de 1471) foi uma princesa portuguesa da dinastia de Avis, única filha do rei João I de Portugal e de sua mulher Filipa de Lencastre. Era irmã, entre outros, do Infante D. Henrique (mais conhecido, internacionalmente, como Henrique, o Navegador), de Pedro, Duque de Coimbra, e de D. Duarte, rei de Portugal, sucessor de João I.
Isabel nasceu em Évora e passou a sua juventude na corte em Lisboa.
Em 1430, casou-se com Filipe III, Duque da Borgonha, conhecido como Filipe o Bom, com quem teve 3 filhos: António e José (que faleceram durante a infância) e Carlos, o Temerário (nascido a 10 de Novembro de 1433).
Isabel era uma mulher muito refinada e inteligente, que gostava de se rodear de artistas e poetas, e foi uma mecenas das artes. Também na política exerceu a sua influência sobre o filho e, em especial, sobre o marido, que representou em várias missões diplomáticas.
Faleceu em Dijon, na Borgonha, em 1471.

In http://pt.wikipedia.org

Sugestão bibliográfica: Biografia impressa de Isabel de Portugal, duquesa de Borgonha – para conhecer a referência e informações comerciais, clique AQUI.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Para lá do Douro - Memórias da quase esquecida batalha do Côa

Por Leonel Salvado

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Foi sobre a estreita ponte de curva apertada situada a 3 km da Vila de Almeida sobre terreno bastante íngreme onde corre o rio Côa em leito profundo e rodeada por acentuados declives de ásperos terrenos rochosos atravessados por numerosos muros de pedra que sucedeu, no dia 24 de Julho de 1810, o primeiro encarniçado combate da terceira invasão francesa, um dos mais dramáticos sucessos da Guerra Peninsular, entendido como dos mais decisivos para o triunfo anglo-luso na batalha das Linhas de Torres Vedras que se seguiu. Não obstante, a batalha ou combate do Côa, continua a ser um dos menos conhecidos confrontos militares desta Guerra.

Contando com a capacidade de resistência da moderna praça-forte de Almeida, a estratégia definida por Wellington para derrotar os franceses que entravam em Portugal por Vilar Formoso procedentes de Ciudad Rodrigo, compreendia a maior desertificação e destruição de víveres possível no planalto que se estende para sul e acções de guerrilha confiadas a milícias e ordenanças lusas sob as ordens de oficiais britânicos com o claro propósito de desmoralizar o adversário e, pela mesma sorte, atrasar a marcha de Massena sobre a capital de modo a proporcionar a melhor escolha e preparação do terreno para um primeiro embate massivo mais vantajoso para a aliança anglo-portuguesa (o que veio a materializar-se no Buçaco a 27 de Setembro) e ganhar tempo para uma mais eficiente construção das Linhas de Torres que vinha decorrendo em ritmo acelerado sob absoluto sigilo.

Tal estratégia não impediu a que as forças aliadas da Divisão Ligeira luso-britânica comandadas pelo Brigadeiro-General Robert Craufurd compostas por cerca de 5700 portugueses e britânicos se vissem forçadas a retirar em direcção à ponte perante o avanço dos 9800 franceses que compunham o 6.º corpo do exército de Massena comandado pelo Marechal Michel Ney. O início do combate desenrolou-se a cerca de 600 metros a sudeste do forte de Almeida onde se estabelecera a linha defensiva dos aliados. Numa primeira vaga, os franceses avançaram em força contra estes com os 13 batalhões de infantaria de Loison que logo foram desbaratados por 3 batalhões britânicos e dois batalhões de caçadores portugueses. Mas o súbito e inesperado ataque do 3º Regimento de Hussares provocou a maior desordem nas hostes anglo-lusas, que sofreram as suas primeiras baixas (12 mortos ou feridos e 45 prisioneiros) pelo que pouco depois Craufurd deu ordem de retirada em direcção ao Côa e ordenou à maior parte das forças para atravessarem a ponte e se posicionassem na margem ocidental ficando a outra parte do exército do lado oriental com ordens para retardar o inimigo tanto quanto possível. Rompida a defensiva dos aliados na margem oriental foi a muito custo e com pesadas baixas (333 homens) que se retiraram sobre a ponte sob cobertura de fogo dos batalhões anglo-lusos posicionados na margem oposta. A batalha, progressivamente mais encarniçada, prosseguiu a partir desse momento, pela posse da ponte. Os aliados conseguiram impedir todas as tentativas dos franceses para se apoderarem dela, mas as testemunhas coevas traçam um retrato terrífico do confronto asseverando que Craufurd esteve muito perto de ver os seus homens sofrerem o desastre total. Perante a coragem e determinação reveladas pelos soldados e oficiais em defender a todo o custo a ponte, Ney cedeu e ordenou a retirada concentrando-se a partir de então na tomada de da praça-forte de Almeida que mais tarde, efectivamente viria a capitular mas reteve aí o inimigo o tempo que foi preciso para se organizarem as linhas defensivas aliadas.

Em memória dos portugueses e britânicos que tombaram neste Combate do Côa foi erigido um modesto monumento sobre um afloramento granítico próximo da ponte que se vê na imagem. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Solares do concelho de Valpaços – Solar dos Xavier Morais Pinto (Cardoso Pimentel)

Por Leonel Salvado
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Nota prévia: A respeito dos solares de Possacos, tirando o dos “Machados”, tem existido ao longo dos tempos a uma enorme confusão na sua relação com as famílias mais conhecidas da aristocracia local pelos séculos XVIII e XIX às quais elas pertenceram, nomeadamente os Morais, os Pinto, os Xavier e Pimentel e nas correspondências destas com as representações heráldicas que esses solares ostentam, o que é perfeitamente natural. Na verdade, a identificação dos solares, aqui como em qualquer outra parte foi variando no tempo e dependeu sempre do ponto de vista das pessoas. Como se compreenderá, a prevalência do determinativo original procedente de uma interpretação heráldica não tem necessariamente de corresponder, nem corresponde na maioria dos casos, à designação comum que é sujeita a alterações sempre em função dos nomes dominantes de família dos sucessivos proprietários, tal como tem sucedido em Possacos, tanto no percurso final da monarquia constitucional, como daí até à actualidade. Digo nomes dominantes porque também, por exemplo, não me parece que alguma vez tenham sido invocados pela população local os nomes das famílias Cardoso, Barros e Alão, cujas divisas também se encontram nas pedras de armas dos três solares conhecidos na localidade de Possacos. Os nomes que sobressaem ainda hoje para a identificação dos solares desta localidade são Morais-Pinto/António Terra, Xavier-Pimentel e Machado.

Como já em 1943, o Padre Vaz de Amorim (com o pseudónimo de “João da Ribeira”) procurou esclarecer, num artigo editado no “Comércio de Chaves” e mais tarde na Revista “Aquae Flaviae”, o Solar que já nesse tempo era vulgarmente designado como a “Casa dos Xavieres”, designação que hoje coexiste com a de “Solar de António Terra”, foi em época anterior a “casa solar da Família Morais Pinto”, família esta que o mesmo erudito refere ter sido muito considerada nesta região, sobretudo durante a vigência do “regime absoluto” (julgo referir-se ao período de vigência da Carta Constitucional).

Este mesmo “João da Ribeira” de reconhecida vocação para o sacerdócio mas também para o domínio das letras, da história, da arqueologia e da heráldica, fundamentou de forma magistral aquela observação através de uma leitura completa e exacta da pedra armas que o solar aqui representado ainda ostenta. Efectivamente, como a foto acima documenta, nesta pedra de armas, datável do início do século XIX, além das divisas da família Morais (a torre e a amoreira), Pinto (os cinco crescentes), Cardoso (o cardo entre dois leões) não se vislumbra a da família Xavier mas antes a da família Pimentel (as cinco vieiras com bordadura carregada de cruzes) à qual, em todo o caso, certamente mais tarde, aquela se ligou. Um dos mais notáveis representantes desta Casa foi Francisco Xavier de Morais Pinto Cardoso Pimentel, já biografado aqui no Clube de História de Valpaços, nascido em Possacos no dia 4 de Abril de 1810 e falecido na Foz do Douro, Porto, na data de 6 de Janeiro de 1888, adepto incondicional da Monarquia Constitucional e fiel servidor à rainha D. Maria II. Foi deputado às cortes pelo círculo de Valpaços na legislatura de 1846, por duas vezes Governador Civil de Bragança, entre 1846-47 e 1851-56, tendo depois regressado à Câmara dos Deputados na legislatura de 1868-69. Foi ainda Conselheiro de Estado.

A exacta correspondência do nome completo deste ilustre representante da família “Xavier Morais Pinto Cardoso Pimentel” (que assim consta literalmente nos autos de posse do Governo Civil de Bragança) com a leitura heráldica atrás referida, autoriza-nos a ter como bastante provável que o solar aqui em causa, bem como a respectiva pedra de armas hajam sido edificados no seu tempo. Julgo, portanto, que seria historicamente mais acertado designar este solar como o “Solar dos Morais Pinto”, ainda que este nome seja vulgarmente usado para designar um outro solar que se encontra no lado oposto da mesma artéria da localidade de Possacos de que falaremos numa próxima edição.

Pelos dados genealógico que disponho a respeito deste Francisco Xavier de Morais Pinto (Pimentel Cardoso), ele terá falecido solteiro e não parece que tenha deixado descendência. Não foi possível confirmar a época em que viveu Luis Augusto de Morais Pinto que o Padre João de Amorim refere como tendo sido o último representante desta família em Possacos, sendo de supor que o solar tenha entretanto passado ao ramo aparentado dos Xavieres, nome que, como vimos, alguns moradores ainda costumam associar ao solar.

O mesmo Padre João Vaz de Amorim testemunhava, em 20 de Março 1943, que a “casa dos Xavieres” era por esse tempo “propriedade dos herdeiros de João José de Sousa” e pela descrição que o mesmo autor faz deste bem sucedido natural e morador de Possacos, não creio que descendesse de quaisquer das conhecidas famílias aristocráticas locais ou regionais que, como se sabe, se viram progressivamente arruinadas em consequência das reformas liberais durante o ocaso da monarquia, dispersando-se o seu património que foi passando para as mãos de novos abastados proprietários situação ainda mais favorecida com o advento da República. Não admira pois que, mais tarde, este património passasse a uma outra família de que existem referências genealógicas que a estabelecem nesta localidade desde o início do século XIX – os Terra ou Terra Raimundo. Daí que o nome "Solar de António Terra" sirva actualmente para designar o mesmo monumento.

Não me parece despropositado acrescentar que a “Quinta do Zibreiro” ou “Zibeiro”,  como também é vulgarmente designada, situada a pouca distância da localidade, hoje parcialmente abandonada e onde se localiza a fonte com o mesmo nome que na expressão do Dr. Adérito Medeiros Freitas, através do qual ficámos a saber que é dela actualmente proprietária a Sra. Ana Ribeiro Terra Calçada, será “ a mais rica fonte do concelho de Valpaços” e, em minha opinião, uma das suas “raridades arquitectónicas” (um impressionante conjunto arquitectónico de feição romântica datável do início do século XIX), terá inicialmente pertencido aos mesmos Morais Pinto e que este extraordinário imóvel tenha sido edificado pela mesma época em que foi erigida a pedra de armas que o respectivo solar ainda ostenta. 

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Outras andanças: Museu do Côa

Por Jorge Fernandes

a paisagem: absolutamente soberba! Foz Côa

 
um belo e muito bem sucedido "casamento" da obra com o meio


(duas imagens só para aguçar o apetite)

uma observação final:
sem dúvida, no seu conjunto, uma das obras mais belas e acertadas que conheço.
do melhor que se fez em Portugal em todos os tempos!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Idade Média - as terras portuguesas arraianas acolheram os Hebreus fugidos de Leão e Castela

Por Lelo Brito, Judeus em Trás-os-Montes, 0-02-2012

Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Baixa e Alentejo foram as áreas do território nacional mais povoadas pelos Judeus e também áreas da sua dispersão interna, orientada, preferentemente, para povoações portuárias do litoral.
Ao longo da Idade Média, as terras portuguesas arraianas acolheram os Hebreus fugidos de Leão e Castela e também dos Almoravidas e dos Almóadas (1086-1248).
Nos alvores da Idade Moderna os expulsos da Espanha recém-unificada pelo Reis Católicos, acolheram-se, principalmente, nas zonas raianas portuguesas
Das províncias citadas, uma se distingue pelo condicionalismo geográfico, acentuado pelo aspérrimo e fragoso recorte do profundo vale do Douro, pela vigilante, arredondada e impávida Serra do Marão e pela fronteira, outrora hostil, cerrada e cintada, contornando de Norte para Nordeste o território nacional. Essa província, Trás-os-Montes, foi a nova Terra da Promissão dos Hebreus. A região de Bragança pela ondulação dos seus montes e o atractivo dos vales, lembra a Galileia. Desde os alvores da nacionalidade portuguesa atraiu os Judeus.
D. Afonso Henriques e seu filho D. Sancho, não só procuraram alargar o território mas consolidá-lo pelo povoamento. Se o filho se distingiu nesta tarefa mais do que o pai, o Rei Conquistador iniciou-a, recorrendo a cristãos de Além-Pireneus e também aos vencidos serracenos, mouros forros livres, os mudéjares. Serviu-se ainda das pueblas judias, isto é, de aldeamentos hebraicos. Temos testemunhos em Trás-os-Montes e na Beira, onde persiste o topónimo Jueus.

Na outra banda do Douro - trajes tradicionais de Ribacôa

Por Leonel Salvado


Numa brochura editada pelo Departamento Socio-cultural da Câmara Municipal de Loures em Novembro de 1995, Francisco de Sousa resumia, assim, os particularismos de que outrora se revestiam os costumes e modos de trajar na Europa e em Portugal:

Em Portugal não se pode afirmar que tenha havido grandes diferenças em relação aos restantes países da Europa. Contudo há (e houve) aspectos identificadores de cada país e dentro deste de cada região. Outra vez a cultura e o clima de mãos dadas na definição de modas, costumes e hábitos e trajar.”

Contudo, entre a grande região de Trás-os-Montes e Alto Douro e a mais pequena região que outrora não era raro designar-se por “Beira Transmontana” as semelhanças nos costumes e hábitos de trajar mostram que neste quadrante Norte-Oriental do território nacional as divisões administrativas que ao longo dos tempos foram sendo impostas às populações, divisões essas definidas muitas vezes em função das condições naturais como a hidrografia -os rios Douro e Côa - não bastaram para que, na secular tradição cultural que sempre ligaram os povos destas duas regiões, até à relativamente recente estandardização dos hábitos de trajar, essa ligação se esbatesse de forma tão significativa como se julga. Ao descrever-se, por exemplo, as características do traje tradicional masculino de Miranda do Douro, em particular, e dos trajes masculinos e femininos de trabalho transmontano, em geral, encontramos nelas algumas surpreendentes analogias com os hábitos ou modos de trajar tradicionais da área setentrional de Ribacôa cuja influência da cultura galega exercida desde antes da sua incorporação no Reino de Portugal, tem sido realçada por etnólogos e filólogos.
 Vejamos como Júlio António Borges sucintamente descrevia, em 1997, o traje regional desta região da Beira Alta situada a sul do Rio Douro, entre os rios Côa e Águeda:

«O burel, obtido com a lã, era a base do vestuário. Com ela se faziam as saias e blusas para as mulheres e as calças para os homens.
As mulheres trajavam com simplicidade. As mais vistosas calçavam meias de lã ou algodão até ao joelho. Vestiam blusa de chita ou flanela e saia de riscado ou fazenda grosseira. A envolver o corpo nos dias frios, usavam o xaile ou a capa e calçavam tamancas ou chinelos, conforme as circunstâncias.
Os homens vestiam fato de “Saragoça” e calçavam tamancos ou botas. Para segurarem as calças, usavam uma faixa preta que lhes dava três ou quatro voltas à cinta. Serviam-se dela como algibeira, onde guardavam o lenço e a carteira. Um garrido e grande lenço tabaqueiro era metido dentro do chapéu no Inverno, e entre a camisa e o peito, no Verão. Os pastores usavam polainas e calçavam tamancos por causa da lama.
Alguns lavradores ainda hoje vestem camisas de riscado, mais compridas que as habituais. Usam-nas por fora das calças, dando-hes um nó na cintura.»

FIGUEIRA DE CASTELO RODRIGO, Roteiro Turístico do concelho, 2.ª Edição da CM, 1997

Desfile de Carnaval nas ruas de Valpaços


Correspondendo à expectativa dos habitantes de Valpaços, mais uma vez o Agrupamento de Escolas, proporcionou ontem aos habitantes da cidade um belo desfile, com diversificadas representações alegóricas, onde também não faltaram as habituais réplicas dos célebres caretos de Podence. Aos organizadores de mais este evento que dignifica o concelho e que renova a inabalável disposição deste povo em manter viva a tradição, aos miúdos e graúdos que nela participaram, os nossos Parabéns.  

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

143.º Aniversário do nascimento de Gago Coutinho

Carlos Viegas Gago Coutinho, oficial da Marinha portuguesa, foi um conceituado geógrafo, cartógrafo, historiador e navegador português, celebrizando-se acima de tudo nesta última área das suas actividades, por ter sido ele quem, juntamente com Sacadura Cabral, cometeu uma das mais arrojadas proezas da História da aeronáutica ao efectuar a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, a 17 de Junho de 1922, o que o tornou num dos mais recordados pioneiros mundiais da aviação, não só em Portugal como também no Brasil onde em sua homenagem existem, pelo menos, cinco ruas, uma praça e uma avenida com o seu nome – um prémio devido sobretudo ao facto de aquela proeza ter sido efectuada no contexto das comemorações da independência desta Nação.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

448.º Aniversário do nascimento de Galileu Galilei

Galileu Galilei (em italiano: Galileo Galilei) (Pisa, 15 de fevereiro de 1564 — Florença, 8 de janeiro de 1642) foi um físico, matemático, astrónomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução científica.


População de Amoinha Nova empenhada na preservação do seu património – as obras de beneficiação da capela de Santo Antão

Por Leonel Salvado

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Honrando-se a promessa deixada em 22 Janeiro do presente ano de 2012 pelo Professor Azevedo e correspondendo ao apelo lançado pela nossa amiga e criadora do blog “Amoinha Nova”, Sra. Leonor Ferreira Moreira, a população desta histórica aldeia da freguesia de Santiago da Ribeira de Alhariz pode regozijar-se pela satisfação de um dos seus anseios - as obras de beneficiação da sua antiga capela de Santo Antão que é uma incontornável referência do património histórico-religioso edificado do concelho de Valpaços integrada numa paróquia de remota fundação (Sant’ Iago de Alhariz) e que pelos meados do século XVIII era mencionada como um templo administrado pela própria população (“Amuinha Nova”), constituída por 24 vizinhos, cômputo que permite estimá-la entre 96 a 120 habitantes.
Apesar de à data da referida promessa ainda faltarem 1000 euros para corresponder ao orçamento e dar-se início às obras, favoravelmente acalentadas por toda a comunidade, elas já estão em curso em conformidade com o projecto concertado pelo povo, o responsável pela empreitada, Sr. João, e o Reverendo Padre Ivo, o qual, segundo declarações da Sra. Leonor Moreira, tem tomado diligentemente “as melhores e ponderadas decisões” junto do empreiteiro de forma a garantir as melhores soluções possíveis no processo de beneficiação da capela.
As obras de beneficiação em andamento já passaram pela remoção conjunto de azulejos que ladeava a nave e que, segundo uma inspecção técnica efectuada pelo conceituado antiquário Dr. Luís Montalvão”, não tinha qualquer interesse patrimonial que justificasse a sua preservação ou restauração, bem como do apodrecido forro tabuado do piso interior da capela e sua renovação. Como se vê pela imagem acima, o forro já foi removido e o que ficou a descoberto reservava, afinal, algumas surpresas que foram assim descritas pela Sra. Leonor Moreira:

«O chão, já podre e esburacado, de madeira, foi removido e a surpresa foi enorme quando ficaram a descoberto 25 sepulturas em terra, separadas geometricamente por barras de pedra, que em altura mediam cerca de metro e meio (a confirmar), das quais, as da frente, serão mais curtas que as restantes.
Este valioso património (as referidas pedras) terá sido inconsequentemente "violado" numa anterior mudança de piso há muitos anos atrás. Foram feitos cortes para suporte das vigas. Este erro será reparado...terá dito o responsável pela obra.» 

In http://amoinhanova.blogspot.com

Trata-se de uma louvável iniciativa esta levada a cabo pela população de Amoinha Nova, um bom exemplo da importância de que os valores patrimoniais ainda se revestem para muitas pessoas com que pessoalmente me congratulo.    

A Toda a comunidade, aos naturais e amigos de Amoinha Nova espalhados pelo mundo a quem desejamos que esta mensagem tenha chegado e estejam interessados em acompanhar o andamento destas obras de beneficiação da capela de Santo Antão, e contribuir na medida do possível para elas, bem como outras notícias relativas à sua saudosa terra, cumpre informar que podem aceder ao blog “Amoinha Nova”, começando por aqui.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Hoje é Dia dos Namorados, de São Valentim, São Cirilo e São Metódio


O dia 14 de Fevereiro é por tradição o Dia dos Namorados, associado à celebração de São Valentim, santo retirado da liturgia por decisão do II Concílio do Vaticano em 1969, mas mantendo-se a mesma data para celebrar outros dois santos, São Cirilo e São Metódio.

Para rever o que publicámos neste dia, em 2011, acerca do seu múltiplo significado comemorativo, clique na imagem.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Do saque de Napoleão ao acervo científico-naturalista português ao “Projecto de Coimbra”

VIAGENS CIENTÍFICAS: NA ROTA DOS NATURALISTAS
Por Ricardo Garcia

Relatos da altura dizem que o naturalista francês apareceu de surpresa no Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda, em Maio de 1808. Etienne Geoffroy Saint-Hilaire vinha com instruções precisas do ministro do Interior de Napoleão: deveria identificar, empacotar e despachar todos os espécimes de plantas, animais e minerais que "faziam falta" ao Museu de História Natural de Paris.

Meses depois, quando a primeira invasão francesa foi repelida pelos ingleses, Saint-Hilaire embarcava de volta a Paris com 1583 exemplares de animais, 69 amostras de minerais e fósseis, dez herbários com quase 2000 plantas de várias partes do mundo e um conjunto precioso de manuscritos. O episódio representou mais do que um saque - ou um "favor", como a historiografia francesa então o descreveu. O que enchia a bagagem de Saint-Hilaire era o registo de um dos mais emblemáticos capítulos da história da ciência em Portugal: as "viagens filosóficas" que quatro naturalistas formados pela Universidade de Coimbra fizeram, no final do século XVIII, às colónias ultramarinas, para estudar os seus recursos.
Alvo de inúmeros estudos historiográficos, estas viagens estarão agora no centro do primeiro de uma série de quatro documentários que a Universidade de Coimbra, juntamente com a produtora Terratreme, vai realizar até 2013, sobre as suas missões botânicas em África. Além das expedições do final do século XVIII, os documentários irão retratar outros três momentos em que a universidade esteve envolvida no avanço do conhecimento da flora em África.
Embora espaçadas no tempo, todas estas expedições têm um denominador comum: a aplicação da ciência na exploração racional dos recursos. E as "viagens filosóficas" do século XVIII - assim chamadas por referência à "filosofia natural", que englobava todas as ciências naturais - são apontadas como uma espécie de momento fundador. Patrocinadas pela Coroa, foram, nas palavras do historiador William J. Simon, "expressões práticas do Iluminismo". O marquês de Pombal criara o Real Colégio dos Nobres (1761) e trouxe para Portugal o professor italiano Domenico Vandelli. Criaram-se os jardins botânicos da Ajuda (1768) e de Coimbra (1772), fez-se a reforma da universidade (1772), surgiu a Academia de Ciências de Lisboa (1779).
Em Coimbra, Vandelli fez-se rodear de jovens estudantes brasileiros, que, uma vez formados, se transferiram para o Jardim Botânico da Ajuda. Antes mais voltado para o ensino e o lazer palaciano, a instituição tomou outro rumo. "O jardim passa a ser um grande complexo científico e museológico", afirma João Brigola, especialista em História da Museologia na Universidade de Évora.

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PROJECTO DE COIMBRA REVISITA ROTAS DOS NATURALISTAS EM ÁFRICA DESDE O SÉCULO XVIII

O botânico Jorge Paiva, 78 anos, professor e investigador reformado da Universidade de Coimbra, corre dez quilómetros todos os dias. A sua forma física vai ser necessária agora para uma nova tarefa: servir de guia em quatro documentários que serão produzidos até 2013, sobre as missões botânicas da universidade em África.

Para entender o que significam estas missões, basta olhar para o herbário da universidade. Ali estão hoje armazenados cerca de 700.000 exemplares de flora – a maior colecção do país e a segunda maior da Península Ibérica. Uma parte significativa resulta de sucessivas campanhas científicas para a recolha e o estudo de espécies vegetais em vários países africanos, que os documentários agora irão retratar.
Uma parte da história à volta destas campanhas estava de certa forma escondida do público em geral, em gabinetes e armários do antigo Departamento de Botânica. “Percebemos que havia uma riqueza documental enorme”, afirma Helena Freitas, directora do Jardim Botânico de Coimbra. Desde 2005, a documentação tem vindo a ser organizada e disponibilizada através de uma biblioteca digital.
A partir daí surgiu a ideia de mostrar, também numa série de documentários, a história das missões botânicas dos naturalistas de Coimbra. O projecto foi viabilizado por uma candidatura ao programa COMPETE do QREN, com um financiamento de cerca de 500 mil euros – 65% de Bruxelas e 35% do Estado, através do programa Ciência Viva.
As “viagens filosóficas” são o mote do primeiro documentário – uma espécie de enquadramento daquelas que foram as primeiras expedições de cunho estritamente científico, no século XVIII. Os outros serão filmados em três países diferentes – Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Jorge Paiva irá conduzir as histórias, percorrendo parte dos trajectos que outros naturalistas de Coimbra fizeram no princípio do século – Júlio Henriques, em São Tomé, em 1903, e Luís Carrisso, nas décadas de 1920 e 1930. Paiva, ele próprio, participou de expedições a Moçambique, na década de 1960, que serão objecto de um dos documentários. “Estive lá oito meses, sempre a acampar, e fiz 33.000 quilómetros”, relembra. “Estive em zonas onde lá não voltou mais ninguém”, completa.
As filmagens começam em Setembro, em São Tomé, e os documentários deverão estar concluídos até ao final de 2013. Serão transmitidos pela RTP. “Pretendemos que não seja algo académico, mas alargado ao público”, explica o coordenador do projecto, António Gouveia, biólogo do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.
O conteúdo científico será assegurado pela universidade, enquanto os documentários em si ficarão a cargo da produtora Terratreme, escolhida por concurso, entre oito concorrentes. Cinco realizadores diferentes estarão à frente dos filmes: Susana Nobre (“viagens filosóficas”); Luísa Homem e Tiago Hespanha (Moçambique); João Nicolau (S.Tomé e Príncipe); e André Godinho (Angola). “Não ser um mesmo realizador para toda a série traz mais riqueza ao projecto”, afirma o produtor João Matos, da Terratreme.
Os filmes procurarão complementar as informações sobre a flora e os ecossistemas com a sua interacção com as comunidades e as tradições locais. “São filmes de divulgação científica, mas há muitas formas de divulgar ciência”, diz João Matos.
O PÚBLICO vai acompanhar o projecto das missões botânicas em África com uma série de artigos de cunho histórico sobre as viagens – a primeira das quais está na edição deste sábado
do jornal –, com reportagens in loco das filmagens, na sua edição impressa, e com outros conteúdos editoriais na sua edição online.

A partir deste sábado, também está disponível no PÚBLICO online um blogue do projecto, da responsabilidade da Universidade de Coimbra.

 In jornal O Público, 11-02-2012 | http://www.publico.pt