sábado, 28 de agosto de 2010

A Rua Passos Manuel


Uma das mais belas e airosas vistas do tecido urbano de Valpaços é o panorama que se nos oferece quando caminhamos no sentido Sul - Norte pela rua Passos Manuel. O alinhamento desta rua com resto da Rua D.ª Maria do Carmo Carmona que nos conduz ao secular jardim público é um exemplo dos bons resultados da modernidade urbanística de Valpaços que se sabe ter sido conquistada à custa de muitos sacrifícios, coragem e determinação de todos aqueles que a levaram por diante.
Mas a rua Paços Manuel tem uma história curiosa!
É mais um “re(en)canto da memória” da nossa “Valpaços desaparecida”!
Como muitos valpacenses certamente se recordarão, há pouco mais de meio século a Rua Passos Manuel tinha um aspecto bastante diferente do actual. Para as gerações mais novas, isto poderá ser uma novidade.

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Até aos meados do século passado, a Rua Passos Manuel encontrava-se isolada pelo alto casario do lado Norte da rua do Olival que lhe era perpendicular. Para se aceder à actual rua D.ª Maria do Carmo, tornava-se necessário prosseguir, à direita, pela do Olival e caminhar uma dezena de metros. Tal isolamento, porém, não impediu a que até à década de 20 do século passado funcionasse num dos imponentes edifícios da margem ocidental da rua de Passos Manuel, cujo conjunto arquitectónico, com a sua original cobertura exótica, ainda se encontra relativamente bem preservado, o então popular Hotel Barreira. Do lado oposto já existia o, também perservado, edifício comercial de João José dos Reis e, na continuação deste, no sentido N - S, o edifício que serviu de Central eléctrica da Vila. A habitação que se observa ao centro da ilustração ("em retrospectiva"), situada no lado Norte da confluência das duas ruas, era de Manuel Gonçalves que exercia a profissão de sapateiro, e que, mais tarde, foi carcereiro na cadeia que durante muitos anos funcionou no solar da Fonte.

Rua Passos Manuel nos meados do século XX  (sentido S-N)
Desenho e guache de Leonel Salvado

Quis o destino que os valpacenses mais bairristas e com vontade de progresso pudessem contar com um Homem com o mesmo entusiasmo e com capacidade empreendedora, o Engenheiro Luís de Castro Saraiva, que entrou para a presidência da Câmara Municipal de Valpaços em 1952, e aí se manteve em mandatos consecutivos até 1964. Foi com ele que os primeiros e mais arrojados planos de remodelação urbanística da vila ganharam forma e foram concretizados, deixando Castro Saraiva uma grandiosa obra que os seus conterrâneos entenderam homenagear, dando o seu nome a uma avenida da Vila. Dessa obra de Castro Saraiva, fez parte o projecto de que resultou a demolição de uma larga área de antigas habitações no extremo oriental da rua do Olival, de forma a desbloquear a rua Passos Manuel e fazê-la confluir com a rua D.ª Maria do Carmo Carmona, e, ao mesmo tempo, alargar o espaço de circulação na direcção da Rua D. Pedro V, do Jardim Público e dos Paços do Concelho.

Nota: O trabalho de reconstituição aqui apresentado, como habitualmente, sob a forma de ilustração, foi baseado numa fotografia gentilmente cedida pelo Sr. Manuel Medeiros e a elaboração do presente artigo surgiu sob sugestão do mesmo, nosso diligente colaborador a quem publicamente agradecemos mais este amigável gesto.

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