sexta-feira, 29 de julho de 2011

DOCUMENTOS: Concelho Valpaços – aldeias que foram vilas - IB

Por Leonel Salvado

Nota prévia: O “Dicionário Geográfico ou Notícia Histórica de todas as cidades, vilas, lugares de aldeias, rios, ribeiras e serras dos reinos de Portugal e Algarve” é uma compilação levada a cabo pelo Padre Luís Cardoso, da Congregação do Oratório de Lisboa, distinto membro da Academia Real da História Portuguesa, do maior interesse e utilidade para conhecermos a realidade histórica, administrativa civil e religiosa do país nos meados do século XVIII. Infelizmente, da sua extensa obra manuscrita apenas se editaram dois volumes, um em 1747 e outro em 1752. O restante perdeu-se em consequência do Terramoto de 1755. Assim, de todas as informações registadas pelo seu próprio punho dispomos apenas dos dados referentes às cidades, vilas, aldeias e lugares com entrada de A a C, sendo que o último lugar editado, é CUVALEIRAS. Para as subsequentes localidades por ordem alfabética, existem 47 tomos de Memórias preservados na Torre do Tombo, conhecidas pela designação de memórias paroquiais que são manuscritos realizados pelas entidades religiosas paroquias por todo o país com base num inquérito ordenado pela tutela política e que serviu para continuar a  obra do Padre Cardoso, interrompida pela catástrofe de 1755.

ÁGUA REVÉS no “DICIONÁRIO GEOGRÁFICO” do Padre Luiz Cardoso
 (1747)
VOL. I. p. 80
 [conforme o original]

AGUA-REVÉS, Agua-Revés, Villa da Provincia de Traz os Montes, três léguas para o Norte da Villa de Murça, Comarca da Torre de Moncorvo pela Jurisdicção Secular, e pela Ecclesiastica da Villa de Chaves. He senhor desta Villa de juro, e herdade Joaõ Guedes de Miranda Mendoça e Albuquerque, o qual apresenta todos os officios della. Está situada parte em valle, e parte em montes, e do mais alto delles se descobrem principalmente as quatro serras seguintes: Santa Comba para o Sul, Monte-Mel, e Pena-Mourisca para o Nascente e da Siabra no Reyno de Castella para o Norte, em distancia de quinze léguas.
A Paroquia está no mais alto da Villa: o seu orago he Saõ Bartholomeu: he Igreja antiga, pequena, e de huma só nave: tem quatro Altares, a saber: o Altar mór, em que está o Santissimo; o de N. Senhora do Rosario, o de Santa Catharina, e o de Santo Christo Crucificado, privilegiado, e nelle está instituida a Irmandade das Almas.
O Paroco he abbade apresentado pela Serenissima Casa de Bragança: tem de renda trezentos mil reis: nestes frutos entraõ também os Conegos de Braga, e huma Commenda chamada S. Nicolao de Carracedo. Comprehende esta abbadia os Lugares seguintes: Fonte-Merce, Brunhaes, Ermeiro, Brunhainhos, Agua-Revez; e nelles as Ermidas de S. Salvador, N. Senhora da Expectaçaõ, S. Sebastiaõ, S. Caetano, N. Senhora da Apresentaçaõ, que fica fora da Villa em distancia de meya legua: he Imagem muy milagrosa, e a ella concorrem muitos romeiros, principalmente no deu dia.
O clima da Villa he temperado, e produz bastante azeite, paõ, vinho, legumes, castanha, linho, e sumagre. Cria poucos gados, e caças, por ser falta de matos, e serras. Tem bastantes aguas todas de virtudes ordinárias, e por isso naõ fazemos especial mençaõ dellas. Desta Villa tem sahido varias pessoas, que se assinalaraõ em virtudes; e há nella famílias nobres. Esta Villa se infere ser muito antiga, por se acharem nella, capiteis, columnas, e varias moedas com inscripções Romanas.

831.º Aniversário da primeira vitória naval portuguesa com D. Fuas Roupinho - mito ou realidade?

Por Leonel Salvado
D. Fuas Roupinho, desenho de Jorge Miguel, do Album “Lendas da História de Portugal"

Esta data comemorativa envolve uma personagem lendária da História de Portugal cujos milagrosos e gloriosos feitos foram durante séculos sustentados apenas pela tradição oral e só vieram a ser registados por poetas e cronistas a partir do século XVI. Essa personagem foi D. Fuas Roupinho, alegadamente um arrojado cavaleiro da confiança de D. Afonso Henriques, em cujo reinado de destacou pelos seus actos de extraordinária bravura a que se deve o facto de, segundo a mesma tradição, ser considerado o primeiro comandante naval português protagonista da primeira vitória naval da Marinha portuguesa. Apesar de a sua real existência continuar a ser posta em causa, visto que o seu nome não é mencionado nos documentos coevos (reservando-se apenas, no "Livro de Linhagens do Conde D. Pedro", segundo Maria Fernanda E. G. da Silva - Dicionário de História de Portugal, dir. Joel Serrão, Liv. Figueirinhas, 1990, Vol.V, p. 395 - a existência, da alcunha de "Faroupim" atribuído a um tal de Fernão Gonçalves, nome que aparece frequentemente entre os confirmantes de doações de D. Afonso Henriques entre 1137 e 1183), alguns sucessos que lhe são atribuídos pela tradição afiguram-se para a maioria dos historiadores verosímeis, no contexto político e militar em que tiveram lugar, como é o caso, entre outros, da referida batalha naval que decorreu ao largo do cabo Espichel com aparatosa vantagem da armada cristã. Ainda que haja concordância relativamente ao ano de 1180, a data exacta apontada para tal sucesso também varia conforme os historiadores, sendo que para uns terá ocorrido a 15 de Julho, para outros a 16  de Junho (esta última subscrita por Joaquim Veríssimo Serrão - História de Portugal, Verbo, 1980, I Vol, p.104); para outros (como Maria Fernanda E. G. da Silva - estudo e lugar citados), o confronto terá sucedido a 29 de Julho, há exactamente 831 anos; para outros, ainda, em data imprecisa mas, seguramente, no Verão de 1180. Convém que se diga que, segundo o que de D. Fuas Roupinho referem os mencionados historiadores, o lendário cavaleiro já se houvera feito  notar vantajosamente em anteriores escaramuças contra os almóadas como foi a que ocorreu na Primavera de 1179 quando, enquanto alcaide-mor de Coimbra (segundo Maria Fernanda E. G. da Silva, id. ibid.) ou alcaide-mor de Porto de Mós (segundo J. Veríssimo Serrão, id. ibid.), havendo sido informado que os almóadas se preparavam para atacar este castelo, D. Fuas Roupinho, auxiliado pelas guarnições de Santarém e Alcanede e pelos valorosos cavaleiros da Ordem de Avis, caiu sobre eles, desbaratando-os, e entregando os mouros cativos ao soberano cristão, D. Afonso Henriques, pelo que só depois disto, refere Maria Fernanda da Silva, “o monarca recompensou-o largamente, nomeando-o alcaide de Porto de Mós (id. ibid).


Mito ou realidade, a verdade é que este lendário cavaleiro do século XII, ao qual se prende ainda uma outra lenda – a do “milagre de Nazaré” – e que, segundo as várias versões dos cronistas, encontrou a morte nesse mesmo de ano de1180,  ou no de 1184, ao largo de Ceuta em mais uma sortida naval contra os sarracenos, foi, tanto pela tradição popular como pelos escritos de poetas e eruditos, revestido de extraordinário halo de espiritualidade e dignidade, de que se fazem eco as estrofes 16 e 17 do canto VIII d’Os Lusíadas de Camões:

Vês este que, saindo da cilada,
Dá sobre o Rei que cerca a vila forte?
Já o Rei tem preso e a vila descercada:
Ilustre feito, digno de Mavorte!
Vê-lo cá vai pintado nesta armada,
No mar também aos Mouros dando a morte,
Tomando-lhe as galés, levando a glória
Da primeira marítima vitória.

É, Dom Fuas Roupinho, que na terra
E no mar resplandece juntamente,
Com o fogo que acendeu junto da serra
De Abila, nas galés da Maura gente.
Olha como, em tão justa e santa guerra,
De acabar pelejando está contente:
Das mãos dos Mouros entra a feliz alma,
Triunfando, nos céus, com justa palma.


Para aceder a um resumo acerca da “Lenda do milagre da Nazaré”,

quinta-feira, 28 de julho de 2011

DOCUMENTOS: Concelho de Valpaços – aldeias que foram vilas - I.A

Por Leonel Salvado

ÁGUA REVÉS na “COROGRAFIA PORTUGUESA e descripçam topográfica do famoso reyno de Portugal...” do Padre António Carvalho da Costa
 (1706 – 1712)
TOMO I
CAP. XXI
[conforme o original]

Da Villa de Agua revez

Nove legoas da Torre de Moncorvo para Poente está situada a Villa de Agua revez, de que he Donatario de juro, & herdade Luiz Guedes de Miranda & Lima, que nella apresenta todos os officios: he do Arcebispado de Braga, da Vigairaria, & Comarca da Villa de Chaves; o seu clima he quente, & enfermo, recolhe muito azeite, pão, vinho, poucos gados, & medianas caças.
Tem uma Casa nobre do appellido Sampayo, & Cunha; está também nesta Villa uma pedra com a forma de Usso, como nas outras duas Villas deste Donatario, cuja significação já explicamos na Villa de Murça.
Assistem ao seu governo civil dous juízes ordinários, que também servem de juízes dos Orfãos, Vereadores com seus Officiaes subordinados ao Ouvidor da Villa de Murça, e somente em Correição entra nesta Villa o Corregedor desta Comarca. Ao militar hum Capitão de huma Companhia da Ordenança da Villa, & termo, que não está sogeito a algum Capitaõ mor.
Desta Villa, & lugares de seu termo se compõem huma só Freguezia, cuja Igreja he da invocação de S. Bertholameu, Abbadia da apresentação da Casa de Bragança, que rende cento & sessenta mil reis cada anno. Tem oitenta visinhos, & demais da Igreja Parochial tem duas Ermidas, & cinco fontes.
As sizas desta Villa, & seu termo pertencem ao ramo da Villa de Chaves, aonde os executa o Almoxarife da Torre de Moncorvo.


Lugares de seu termo com as mesmas calidades, & frutos da Villa

Brunhais tem dezaseis visinhos, huma Ermida, & duas fontes.
Fonte mercê tem quinze visinhos, huma Ermida & duas fontes.
Brunhainhos tem cinco visinhos, nenhuma Ermida, & três fontes


CAP. XVIII

Das Villas que nesta Comarca [Chaves*] he Donatario Luiz Guedes de Miranda & Lima

He illustre neste Reyno, & muito antiga a Casa dos senhores da Villa de Murça, cujo apellido he Guedes; suposto que sua varonia se acabou, entrou nela a dos Mirandas, não menos ilustre.
O Nobiliario do Conde Dom Pedro no titulo 30. Dá principio a esta família de Guedes em Dom Gueda o velho, cuja descendência vay continuando de pays a filhos até Vasco Lourenço Guedes, em quem acaba o dito Nobiliario; & do dito Vasco Lourenço Guedes foy filho o seguinte.
Gonçalo Vasques Guedes, em quem o Nobiliario de Dom Antonio de Lima dá principio a esta família de Guedes; & diz que foy hum fidalgo Gallego, que veyo a este Reyno a servir a ELRey Dom Joaõ o Primeiro, o qual lhe deu as terras de Lomba, e Val de passo, & outras, que erão de Martim Gonçalves de Ataìde, o qual tornando ao serviço do dito Rey, lhe restituio suas terras, & em lugar dellas deu ao dito Gonçalo Vasques Guedes as terras de Murça, Brunhais, Agua revez, & Torre de Dona Chama, de juro, & herdade, que se conservão em seus descendentes;  o qual, entre outros, teve o filho seguinte.
Pedro Vasques Guedes, filho, & herdeiro deste Gonçalo Vasques Guedes acima, foy senhor das Villas de Murça, Agua revez, & Dona Chama: & delle foy filho o seguinte.
Gonçalo Vasques Guedes, que foy senhor das Villas de Murça, Torre de Dona Chama, & Agua revez, casou com Dona Isabel de Alvim, filha de Pero de Sousa de Alvim, Alcayde mor de Bragança; & delles foy filho o seguinte, entre outros.
Padro Vaz Guedes, que foy senhor das Villas de Murça, Torre de Dona Chama, & Agua revez, casou com Dona Maria de Mendoça Furtado, filha de Affonso Furtado de Mendoça, Annadel mor dos Besteiros, & Capitaõ mor do Mar, & Senhor da Honra de Pedroso: & delles, entre outros, foy filho o seguinte.
Simaõ Guedes de Mendoça, que andou muitos annos na India, & foy Capitaõ de Chaul, & neste Reyno foy senhor das Villas de Murça, Torre de Dona Chama, & Agua revez, & Veador da Rainha Dona Catherina: casou com Dona Elena de Mendoça, viúva de Diogo da Sylveira, & filha de Henrique de Sousa, senhor de Oliveira do bairro, Annadel mor dos Espingardeiros, & do Conselho delRey Dom Joaõ o Terceiro: & delles, entre outros, foy filho o seguinte.
Pedro Guedes de Mendoça, que veyo a herdar, & ser Senhor das Villas de Murça, Agua revez, & Torre Dona Chama, foy Governador da Relação do Porto, Presidente da Camera de Lisboa, Veador da Fazenda, & do Conselho de Estado delRey Dom Felippe o Segundo: casou com Dona Luiza de Tavora, filha de Francisco Tavares de Sousa, senhor de Mira, & commendador de São Pedro da Varzea da Ordem de Christo; & supposto que o dito Pedro Guedes teve três filhos varoens, se extinguio a sua descendência, & a varonia primogénita desta Casa, & nella veyo a succeder a sua filha seguinte.
Dona Joanna de Tavora Guedes, filha deste Perdo Guedes de Mendoça, foy herdeira da Casa de seu pay, como fica dito, & senhora das Villas de Murça, Agua revez, & Torre Dona Chama: casou com Luiz de Miranda Henriques, Estribeiro mor dos Reys Dom Felippe Terceiro, & Quarto, & Dom Joaõ o Quarto, Commendador de Cabeça de Vide, & Alter Pedrosona Ordem de Aviz: era este fidalgo descendente por varonia da illustre famillia dos Mirandas, senhores do Morgado da Patameira, donde se dividio este illustre ramo, que trouxe sua varonia a esta Casa de Murça: & delles, entre outros, foy filho o seguinte.
Pedro Guedes de Miranda Henriques foy herdeiro das Casas de seu pay, & mãy, senhor das Villas de Murça, Agua revez, & Torre de Dona Chama, Estribeiro mor delRey Dom Joaõ o Quarto, & Commendador de Cabeça de Vide, & Alter Pedroso: casou com Dona Maria Josepha de Mendoça, filha de Pedro de Mendoça Furtado, Alcayde mor de Mouraõ, senhor da Serageira, Guarda mór da Pessoa delRey Dom Joaõ o Quarto, & hum dos principaes fidalgos de sua Acclamaçaõ: & delles foy filho o seguinte.
Luiz Guedes de Miranda & Lima, senhor das Villas de Murça, Agua revez, & Torre de Dona Chama, Commendador de Cabeça de Vide, & Alter Pedroso, o qual casou com Dona Maria Josepha de Mendoça & Ataìde, filha de Nuno de Mendoça, segundo Conde de Val dos Reys, & de sua mulher Dona Luzia de Castro, de quem tem a João Guedes de Miranda.

[Termina o Cap. XVIII]

*No caso de Água Revés à Comarca de Chaves apenas pela jurisdição eclesiástica, pois encontrei uma referência, no Dicionário Geográfico do Padre  Luís Cardoso, de 1747, que o confirma mas onde se esclarece que, pela jurisdição secular, pertencia à comarca de Torre de Moncorvo.

Há 97 anos

Em 28 de Julho de 1914 o Império Austro-Húngaro declara guerra à Sérvia, como resposta ao assassinato, a 28 do mês anterior, do seu príncipe herdeiro, arquiduque Francisco Fernando, em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, por um nacionalista sérvio, contrário a ingerência austro-húngara nos Balcãs e como resposta ainda `as medidas tomadas pelo governo sérvio em relação ao crime. Estava dado o primeiro passo para aquele que viria a ser um dos mais duros conflitos do século XX – a Primeira Guerra Mundial em que Portugal participou em África, logo desde 1914, e na Europa, em 1917, após a declaração oficial de guerra pela Alemanha a 9 de Março de 1916.



Imagem: assassinato de Franscisco Fernando em Sarajevo, a 28 de Junho de 1914
in http://kafekultura.blogspot.com/2007_11_01_archive.html


Para a leitura de um excelente e detalhado artigo sobre a Primeira Guerra mundial, clique AQUI!


terça-feira, 26 de julho de 2011

A recente descoberta de ossadas de gigantes humanos na Grécia – mais um embuste?!

Fotos de uma recente descoberta arqueológica na Grécia. Gigantes realmente existiram?  
Circulando pela internet desde junho de 2010,  o texto acompanhado de algumas fotos, afirma que realmente existiram gigantes no nosso planeta há vários anos!

Será verdade?

Uma das imagens recebidas junto ao texto

Já pesquisamos, em setembro de 2004, aqui no E-farsas a história  semelhante, onde o autor do texto afirmava que haviam sido encontrados esqueletos de seres humanos com a estatura muito maior que o normal. Na época, descobrimos se tratar de montagens.
Mas, e dessa vez? Será que as imagens e o texto são reais?

A resposta é:  NÃO! É tudo falso!

Dessa vez (assim como em algumas versões que pesquisamos em 2004!), o autor se apóia em trechos da bíblia para tentar justificar seu hoax.

De fato, a bíblia fala em gigantes em vários de seus versículos. Por exemplo, em Gênesis 6, versículo 4, o texto diz:

"Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama."

Aliás, segundo o site BibliaOnline, a palavra "gigante" aparece em 15 versículos. Mas isso também depende da edição, tradução etc.

Porém, as imagens anexadas ao texto são, na verdade, montagens feitas para o site Worth1000,especializado em realizar concursos para os craques em softwares de manipulações digitais – como o Photoshop.

Um dos temas dos concursos promovidos pela galera do Worth1000 foi a 12ª edição do Anomalias Arqueológicas e a maioria das fotos foram retiradas de lá.

Abaixo, uma das fotos manipuladas:



Das imagens acima, a original é de 1993, da Universidade de Chicago. Um osso de dinossauro encontrado em escavações na Nigéria 

In http://www.e-farsas.com

segunda-feira, 25 de julho de 2011

872.º Aniversário da Batalha de Ourique

D. Afonso Henriques na batalha de Ourique | Azulejos de Jorge Colaço,
 in Centro Cultural Rodrigues de FariaForjães, Esposende, Portugal | Wikimedia Commons
(click na imagem para aumentar)
                                                                                                                                 
Há 872, no dia de Santiago, decorreu a celebérrima, mas enigmática, Batalha de Ourique que é recordado como o mais grandioso feito militar do fundador na nacionalidade portuguesa.

Para rever o que publicámos acerca deste evento, por ocasião do seu 871.º Aniversário,

Dia de S. Tiago, apóstolo e mártir, 2011

São Tiago, numa obra de Rembrandt von Rijn 
 imagem de domínio público da Wikimmedia Commons | Fonte: spiegel on line

Este ano, S. Tiago, Santiago ou Santiago Maior, como por vezes é designado para o distinguir de outros santos com o mesmo nome também venerados na Igreja Católica, é celebrado a uma Segunda-feira.

Para rever o que publicámos no ano passado acerca deste santo e da sua dedicação universal, nacional e regional,

domingo, 24 de julho de 2011

114.º Aniversário do nascimento de Amélia Earhart


Amelia Mary Earhart, nasceu em Atchison, Kansas, EUA, no dia 24 de Julho de 1897 e desapareceu no Norte do Oceano Pacífico a 22 de Julho de 1937. Foi uma das pioneiras da aviação dos Estados Unidos da América e dedicada defensora dos direitos das mulheres, tornando-se amiga da primeira-dama do seu país, Eleanor Roosevelt, também ela uma grande apaixonada pela aviação, com quem alinhou em defesa das causas femininas. Tornou-se famosa nas mais diversas acções devidas ao seu multifacetado talento e personalidade carismática, mas sobretudo por ter sido a primeira mulher a voar sozinha sobre o Atlântico.
 Imagem: http://theeclecticgoddess.blogspot.com


Para rever o que publicámos sobre Amélia Earhart, por ocasião do 113.º Aniversário do seu nascimento 
click AQUI 

1551.º Aniversário da invasão de “Aquae Flaviae” pelos suevos

A conquista de Aquae Flaviae pelos Suevos de Frumário  
ilustrações de Leonel Salvado sobrepostas a foto | Foto: in http://rosinhamia.blogspot.com

Perfazem no próximo dia 26 de Julho 1551 anos que a cidade romana de “Aquae Flaviae” foi invadida e devastada pelos Suevos sob as ordens do seu rei Frumário. Este terrível acontecimento é descrito na “Crónica de Idácio” e, segundo o cronista, ocorreu na sequência de uma onda apocalíptica de devastações provocadas por aquele povo bárbaro no noroeste peninsular. Idácio era então bispo de Chaves (aliás o único que surge documentado sobre a alegada diocese) e foi ele próprio feito prisioneiro dos bárbaros nessa fatídica data de 26 de Julho de 460 que apressou a ruína da outrora uma das mais grandiosas cidades romanas da Península Ibérica – Chaves.

Para rever o que publicámos sobre Idácio e os Suevos e o enquadramento da invasão
 de “Aquae Flaviae” por este povo 
click AQUI.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Navio do século V descoberto em Istambul | euronews, science

Os arqueólogos descobriram mais um tesouro escondido no subsolo em Istambul, na Turquia. A mais recente relíquia é um navio de carga que data provavelmente do século V.
Outras descobertas no Quirguistão e na Polónia...
Navio do século V descoberto em Istambul | euronews, science

sábado, 16 de julho de 2011

Ciganos são heterogéneos e diferenciam-se entre si

2011-07-01
Por Carla Sofia Flores

“É preciso desmontar preconceitos!”, alerta investigadora

Tradições culturais variam consoante os grupos

Com maior ou menor intensidade, os ciganos continuam a ser vítimas de preconceitos e a ser estigmatizados pelos não ciganos, um pouco por todo o lado, dando-se assim azo a um afastamento e falta de interacção. Contudo, esta realidade também existe dentro da própria comunidade cigana, que é“muito heterogénea”, sendo que há grupos que se diferenciam entre si e negam a autenticidade da identidade cigana a outros.

Este cenário foi registado por Lurdes Nicolau, doutoranda da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que nos últimos cinco anos investigou a vida de pessoas de etnia cigana, nomeadamente no concelho de Bragança. Neste estudo, a também professora de ensino básico propôs-se “a conhecer o grupo étnico cigano que maioritariamente se encontra em Trás-os-Montes e compreender a interacção que o mesmo estabeleceu com a população maioritária, tanto no meio local -urbano e rural -, como no que concerne à instituição escola”.

Em declarações ao «Ciência Hoje», Lurdes Nicolau explicou que este estudo surgiu depois de ter constatado que “os ciganos de Pamplona [onde deu aulas a crianças desta etnia] eram diferentes dos que conhecia em Trás-os-Montes”. Ao investigar sobre o assunto, deparou-se com “a inexistência de bibliografia científica acerca dos ciganos desta região portuguesa”, pelo que decidiu “inteirar-se da situação e perceber qual a situação do nordeste transmontano”.

Esta foi também uma forma que a aluna da UTAD encontrou para “’desomogeneizar’ os ciganos de Portugal”, na medida em que eles são diferentes entre si. “Não vamos generalizar. Devemos tratá-los como indivíduos e não como um só grupo”, alertou.  “Temos preconceitos e criamos estereótipos. Também os tinha quando comecei a contactar com eles, mas há de tudo. Se os excluirmos, cada vez ficam mais excluídos, pelo que é preciso desmontar preconceitos acerca deles”,  disse ainda. (Na foto, Lurdes Nicolau)

Gitanos e Chabotos
Esta investigação permitiu verificar que, em Trás-os-Montes, há dois grupos que se auto-diferenciam entre si, através de aspectos culturais, religiosos, económicos, físicos, morais e linguísticos. Trata-se dos Gitanos, grupo maioritário e que corresponde aos feirantes, e dos Chabotos, que outrora eram “’ambulantes’”. São estas as denominações que cada um dos grupos atribui ao outro, sendo que ambos se auto-denominam ciganos.
De acordo com Lurdes Nicolau, nenhum deles reconhece o outro como cigano, não havendo assim qualquer tipo de interacção. “Pelo contrário, as fronteiras estão bem demarcadas, de forma que locais frequentados por uns são evitados pelos outros”, reforçou. Além disso, atribuem características distintas aos demais. “Os Gitanos são muito agressivos, de acordo com os Chabotos. Já estes são muito sujos, de acordo com os primeiros”, exemplificou.

Aspecto das barracas e casas degradadas (Imagem: Lurdes Nicolau)

Nesta zona transmontana também foi identificado outro grupo de ascendência cigana: os caldeireiros.“Devido à falta de elementos no seio do próprio grupo, casaram com aldeanas e, na actualidade, perderam ou omitem os elos com os seus ancestrais. Também eles eram ‘ambulantes’ e desenvolveram um dialecto que denominam ‘latim’ e, segundo os mesmos, difere do que falam os Chabotos e os Gitanos”, explicou a investigadora.

Do meio urbano ao rural
Os ciganos que hoje vivem nos meios urbano e rural eram, até há 30 anos, do mesmo grupo. Segundo a professora, “quando começaram a sedentarizar-se é que se separaram”, vivendo agora em realidades distintas.
Aqueles que vivem nos três bairros urbanos estudados, enfrentam “condições de extrema pobreza” e“vivem isolados nos bairros, sem relações inter-culturais e sociais”. Contudo, Lurdes Nicolau sublinhou que esta realidade não deve ser generalizada e corresponde apenas ao foco do seu estudo, podendo por isso haver outros ciganos do meio urbano que vivem noutros moldes. “Há alguns com boas condições, não vamos tipificar”, sendo que ela própria é conhecedora de exemplos disso.
Nas aldeias, as condições sócio-económicas são também precárias, mas “algumas casas são razoáveis”. No entanto, alguns ciganos estão bem integrados.

Alunos de etnia cigana numa escola de Bragança (Imagem: Lurdes Nicolau)

“Numa das aldeias, dos nove agregados estudados, seis eram mistos, o que é sinal de interacção e integração”, afirmou, sublinhando que noutras localidades já eram excluídos, pelo que ciganos e não ciganos tinham o seu próprio espaço, “não se misturando”.
Quanto à escola, Lurdes Nicolau constatou “o que se verifica ao nível nacional e internacional”, disse, explicando que “no ensino básico há uma grande concentração de alunos de etnia cigana, mas a partir daí os números baixam, dados o abandono escolar e o absentismo muito altos”. Para demonstrar a discrepância relativamente à restante população, a investigadora referiu que, em Bragança, o insucesso escolar dos alunos ciganos está estimado em 45 por cento, enquanto a taxa para os restantes alunos é de 1,7 por cento.

In http://www.cienciahoje.pt

México: Arqueólogos descobrem estátuas milenares | euronews, science

México: Arqueólogos descobrem estátuas milenares | euronews, science

Uma equipa de arqueólogos mexicanos encontrou duas esculturas com mais de mil anos, que aparentemente representam guerreiros Maias da cidade de Copán.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Trás-os-Montes e alguns dos grandes nomes da expansão ultramarina - IV

Por Leonel Salvado

A relação entre a epopeia dos descobrimentos, a exploração do “novo Mundo” e a Província de Trás-os-Montes há muito sustentada pela tradição em algumas regiões, parece subsistir em diversas publicações recentes, sendo, conforme os casos, admitida por, alguns autores como uma mera possibilidade e defendida por outros como uma realidade cientificamente fundamentada. A questão prende-se com a propalada naturalidade transmontana de algumas das grandes figuras da História da Expansão ultramarina da Península Ibérica: Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Fernão de Magalhães e, talvez o menos conhecido, João Rodrigues Cabrilho, navegador e explorador do continente americano.

João Rodrigues Cabrilho talvez seja o menos conhecido dos portugueses, dentre os quatro grandes navegadores que aqui nos temos vindo a reportar, mas pelos seus mais notados feitos – foi o primeiro europeu a chegar à Alta Califórnia, ao serviço da coroa espanhola – ele deve ser considerado, na opinião de Damião Peres, “como um dos grandes descobridores quinhentistas da América e como tal a sua memória tem sido localmente recordada[1]. Antes disso havia participado na conquista, chefiada por Hernán Cortês, de Tenochtitlan a capital do império azteca  e na campanha liderada por Pedro Alvarado para a conquista dos actuais territórios de Honduras, Guatemala e San Salvador. A data exacta do nascimento de Cabrilho é desconhecida, mas parece que existem poucas dúvidas quanto à sua nacionalidade portuguesa, ainda que haja quem pretenda que ele terá nascido em Sevilha, na Andaluzia, como  é o caso de um dos seus biógrafos estrangeiros,  Harry Kelsey [2]. O já citado Damião Peres, bem como Luís de Albuquerque insisitiram sempre nesta ideia da naturalidade portuguesa e este último baseia-a na indicação expressa do cronista D. António Herrera [3] que é a mesma que se pode ler na Wikipédia, a partir do url que colocamos à disposição dos nossos leitores no final desta publicação em “Referências”.

Quanto à sua possível origem transmontana, a ideia de que tenha nascido no lugar da Lapela, freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, que a tradição mantém há muitos anos, tem sido confirmada por alguns autores como João Soares Tavares num trabalho biográfico dedicado ao navegador [4] de assinaláveis recursos documentais e argumentativos. Soares Tavares tem vindo a reafirmar a sua convicção perante esta tese, a propósito de cuja validade se tem pronunciado em reportagens concedidas à imprensa regional como a que veio a público no Diário Actual - do Alto Tâmega e Barroso [5]. A mesma tese foi subscrita por Barroso da Fonte [6] de que transcrevemos a respectiva síntese biográfica de João Rodrigues Cabrilho, conforme as conclusões proporcionadas por João Soares Tavares:

Nasceu no lugar da Lapela, freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, nos fins do séc. XV Emigrou para a vizinha Espanha, em busca de melhores condições de vida. Também na Galiza não terá encontrado aquilo de que precisava. E daí que se tenha virado para o mar. Era o tempo das descobertas. Em 1494 tinha sido assinado o Tratado de Tordesilhas. As relações entre D. João II e os reis católicos de Espanha eram favoráveis à aceitação de cidadãos de ambos os países em tarefas comuns. João Rodrigues optou pela aventura, pelo que fez parte da tripulação que partiu de Sevilha, ao serviço de Espanha. Sabe-se que já em 1511 se encontrava no Novo Mundo. Viveu em Cuba. Certamente participou na sua conquista como besteiro de um grupo militar de Pánfilo de Narváez, de acordo com João Soares Tavares, o mais autorizado biógrafo de Cabrilho, cuja vida lhe mereceu um filme. Aportou no México e entrou na sua conquista como capitão de uma companhia de besteiros do exército de Hernan Córtez. Em 1521, já como oficial, participa na expedição de Francisco de Orosco à Província de Oaxaca, colaborando na fundação da cidade do mesmo nome e que hoje é monumento nacional declarado pela UNESCO. A partir de 1522 é um dos principais comandantes do exército de Don Pedro de Alvarado. Com ele, parte à conquista de Tututepeque. Segue-se a expedição à Guatemala, onde entra em 1524. Percorre o território até à Costa do Pacífico (no actual El Salvador). No dia 25 de Julho desse ano colabora na fundação da cidade de Santiago de los Caballeros, primeira capital da Guatemala. Passa aí a viver como "cabalhero", com direitos reforçados, constrói aí casa, ganha prestígio e adquire estatuto de fidalgo. O governador de Guatemala concede-lhe "encomiendas" pelos altos serviços prestados. Manda construir um barco, com o nome de S. Miguel, também conhecido por João Rodrigues. Em 1532 vem à Península Ibérica, onde permanece um ano. Casa em Sevilha com Dona Beatriz Ortega, filha de um rico mercador. Regressa à Guatemala, com a mulher e aí nascem dois filhos. Em 1536 é nomeado magistrado das cidades de Acajutla e de Iztapa. Passa a governador delas e fixa residência em Iztapa. É aí que organiza uma armada para rumar às "Especiarias" (Malucas). Em 1540 parte como almirante dessa armada constituída por 12 a 14 barcos. Em 27 de Junho de 1542 parte para uma nova missão: descobrir a Califórnia. Aí morreu, em 3 de Janeiro de 1543, em consequência de uma tempestade, em que partiu uma perna. Foi sepultado na Ilha de Possession, mais tarde baptizada pelos seus companheiros com o seu nome. S. Diego celebra, anualmente, o descobridor Português que se chamou João Rodrigues, com o apelido de Cabrilha, por ser de Cabril (em galego "Cabrilhe"). Sempre de acordo com o Dr. João Soares Tavares e com base no artigo que sobre João Cabrilha publicou no Jornal da Costa do Sol, em 29.5.1997, o navegador Português foi o autor da primeira publicação editada no Novo Mundo. Escreve textualmente: "Posso afirmar sem receio de exagerar que a obra de Cabrilha marca o início do jornalismo no Novo Mundo. Experimentei uma sensação indescritível quando localizei esse documento escrito por Cabrilha, inicialmente no Arquivo Geral do Governo da Guatemala e, posteriormente, quando consegui fazer o seu estudo, a partir de um exemplar da edição facsimile que se encontra num arquivo em Espanha". Em 9.6.1998 o Dr. João S. Tavares apresentou na C.M. de Montalegre o livro: João Rodrigues Cabrilha, Um Homem do Barroso?


Monumento a Cabrilho, Point Loma, San Diego, California |
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Referências:

[1] VERBO - ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA, 1966 vol. 4, p.396.


[3] DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL, dir. Joel Serrão, vol. I, Liv. Figueirinhas, Porto, 1990, p. 418.

[4] TAVARES, João Soares, “João Rodrigues Cabrilho: Um Homem do Barroso?”, edição da C.M de Montalegre, 1998.


[6] DICIONÁRIO DOS MAIS ILUSTRES TRASMONTANOS E ALTO DURIENSES, Coordenado Barroso da Fonte, Vol I, Editora Cidade Berço | Disponível na www:

terça-feira, 12 de julho de 2011

Descoberta de 'templos' gera polémica nos Açores

Por Paulo Faustino, Ponta Delgada, 12 de Julho de 2011


Presidente do Instituto Histórico da Ilha Terceira defende que alegados templos dedicados a deusa lunar cartaginesa não passam de estruturas de apoio militar.

O presidente do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Francisco Maduro Dias, resume a "cafuas" de apoio às guarnições militares em Angra do Heroísmo, Açores, aquilo que os arqueólogos Nuno Ribeiro e Anabela Joaquinito admitem ser a descoberta no monte Brasil de templos dedicados a Tanit, deusa cartaginesa, do século IV a.C.

Os dois arqueólogos, da Associação Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA), encontraram o que dizem ser túmulos escavados nas rochas que apontam para a existência de cinco monumentos do tipo hipogeu, e de alguns 'santuários' proto-históricos.
Nuno Ribeiro afirmou que, perante as descobertas agora feitas, "a data do povoamento dos Açores pode não ser a que a história refere, mas outra dependente de estudos arqueológicos a estruturas e objectos existentes no arquipélago".

Mas o presidente do Instituto Histórico da Ilha Terceira desvaloriza a tese dos investigadores, esclarecendo que as escavações na rocha que encontraram se destinavam apenas a servir de abrigos militares nos séculos XVI e XVII, e ainda para a recolha de água. "Entre a fantasia e a realidade", para Francisco Maduro Dias, a visão apresentada pela APIA tem "muito mais de fantasia".

In DN/Ciência