sexta-feira, 27 de agosto de 2010

101.º Aniversário do nascimento de Madre Teresa de Calcutá

Nascida a 26 de Agosto de 1910, na Macedónia, no seio de uma humilde família de albaneses com mais dois irmãos,  Madre Teresa sempre considerou a data de 27 de Agosto como o dia do seu aniversário, por ter sido nesse dia que ela foi baptizada com o nome de Agnes Gonxha Bojaxhiu. Aos treze anos de idade, viu-se inspirada pela vida missionária ao ouvir um missionário jesuíta que tinha estado em missão na Índia. Seis anos mais tarde, decidida, sob tal inspiração, a entregar-se ao serviço dos outros e a aguardar a “voz de Deus” abraçou a vida missionária, solicitou e conseguiu a admissão na congregação das “Irmãs do Loreto” que missiovavam em Bengala, na Índia, e, depois de aprender a língua inglesa em Dublin, foi enviada para Darjeeling, onde fez o seu noviciado no colégio das irmãs de Calcutá. Em 1931 fez a sua profissão religiosa, emitindo, os necessários votos temporários de pobreza, castidade e obediência com o nome de Teresa, escolhido por ela em honra à monja francesa, Teresa de Lisieux, que havia sido canonizada em 1927, sendo conhecido por Santa Teresinha. Mudou-se depois para Calcutá onde de dedicou, durante os anos 30 e 40, ao magistério, ensinando Geografia no colégio bengalês de Saint Mary pertencente à congregação de Nossa Senhora do Loreto. Foi então que, tocada pelas condições de extrema pobreza que assistiu na Índia e que afectavam sobretudo as crianças, mulheres e idosos que viviam na rua, fez profissão perpétua a 24 de Maio de 1937, tirando um curso rápido de enfermagem e dedicando-se de corpo e alma aos cuidados dos desfavorecidos. Para este fim, fundou a Ordem das Missionárias da Caridade, adoptando o hábito com as cores brancoa e azul, representativas da pureza e da Virgem Maria, e passou a viver uma vida de profunda austeridade e de completa dedicação à pregação, ao ensino, à caridade e aos serviços médicos. Chegou mesmo a obter a nacionalidade indiana, para melhor cumprir os votos que fez perante a Ordem por ela criada. Seguiram-se uma série de instituições criadas por sua própria iniciativa e outras sob tutela especial da Santa Sé que engrandeceram o papel de Madre Teresa no seio da Igreja Católica, adquirindo um halo de santidade no serviço que abnegadamente prestou ao mundo. 
Com o apoio  da Santa Sé, a Ordem das Missionárias da Caridade, entre 1968 e 1989, estenderam-se a países como a Albânia, Rússia, Cuba, Canadá, Palestina, Bangladesh, Austrália, Estados Unidos da América, Ceilão, Itália, antiga União Soviética e à China. Foram-lhe atribuídos em reconhecimento pelo seu trabalho no mundo o prémio Templeton Prize, em 1973 e o Prémio Nobel da Paz, em 1979. Faleceu de ataque cardíaco a 5 de Setembro de 1997, aos 87 anos, enquanto preparava uma cerimónia religiosa em memória da princesa de Gales, Diana, que havia falecido 6 dias antes. No estádio Netaji decorreu o seu funeral com a presença das mais altas individualidades de Estado e de uma prolongada cobertura dos midia por parte das cadeias televisivas de todo o mundo. Mas o que mais impressionou o mundo nesta internacional cerimónia fúnebre foi o indescritível sentido de pesar e a comoção manifestados por uma imensa multidão de populares, maioritariamente de nacionalidade indiana, nesta última homenagem à Madre Teresa. Cerca de seis anos após a sua morte, o Papa encontrou fundados motivos para beatificar Madre Teresa, o que, efectivamente veio a acontecer no dia 19 de Outubro de 2003.

Mas apesar do halo de santidade de que ela foi revestida, Madre Teresa de Calcutá, não se revelou sempre imune a circunstanciais crises espirituais, nem a certas críticas de alguns estudiosos que lhe imputaram responsabilidades em alegados actos de exploração do sofrimento dos pobres em proveito próprio e da irmandade.


A "noite escura" de Madre Teresa

Uma coleção de cartas dirigidas a uns poucos conselheiros espirituais e recolhidas no livro "Madre Teresa venha, seja minha luz" (Mother Teresa: Come Be My Light) publicado em 4 de setembro de 2007, traduzido e publicado no Brasil pela editora Thomas Nelson, organizado pelo Padre Brian Kolodiejchuk, postulador da causa da sua canonização revelaram, segundo alguns, dúvidas profundas de madre Teresa sobre sua fé em Deus, provocando discussões sobre uma possível posição agnóstica.
Madre Teresa, em suas cartas, descreveu como sentia falta de respostas de Deus. Em 1956 escreveu: "Tão profunda ânsia por Deus - e ... repulsa - vazio - sem fé - sem amor - sem fervor. Almas não atrai - O céu não significa nada - reze por mim para que eu continue sorrindo para Ele apesar de tudo." Em 1959: "Se não houver Deus - não pode haver alma - se não houver alma então, Jesus - Você também não é real."
Uma de suas cartas ao Padre Neuner dizia: "Pela primeira vez ao longo de 11 anos - cheguei a amar a escuridão. - Pois agora acredito que é parte, uma parte muito, muito pequena da escuridão e da dor de Jesus neste mundo. O Senhor ensinou-me a aceitá-la [como] um 'lado espiritual de sua obra', como escreveu. - Hoje senti realmente uma profunda alegria - que Jesus já não pode passar pela agonia - mas que quer passar por mim. - Abandono-me a Ele mais do que nunca. - Sim - mais do que nunca estarei à disposição."
No entanto, o texto de suas cartas não deve afetar a campanha por sua santificação, já que a Igreja defende que outros santos também demonstraram dúvidas em relação a sua fé, como por exemplo São Tomé.

• A crise espiritual.

Segundo o postulador da causa da canonização de Madre Teresa e autor do livro, a sua crise espiritual começou nos anos 50, logo após a fundação da ordem das Missionárias da Caridade; a partir daí "viveu uma grande fase de escuridão interior que se prolongou até a sua morte". "Sabia que estava unida a Deus, mas não conseguia sentir nada". Este fenômeno é conhecido na tradição e na teologia cristã, e foi São João da Cruz quem o chamou de noite escura do espírito, o que considera uma etapa no caminho de alguns santos no caminho de identificação com Deus.

• Silêncio divino.

Bento XVI comentando as cartas disse que este silêncio serve para que os crentes percebam a situação daqueles que não acreditam em Deus. Falando sobre as experiências místicas da beata disse que "tudo aquilo que já sabíamos se mostra agora ainda mais abertamente: com toda a sua caridade, a sua força de fé, Madre Teresa sofria com o silêncio de Deus".

• Antídoto contra o sentimentalismo.

Kolodiejchuk enxerga na atitude da beata um antídoto contra o sentimentalismo: "A tendência em nossa vida espiritual, e também na atitude mais geral relativamente ao amor, é que o que conta são os nossos sentimentos. Assim a totalidade do amor é o que sentimos. Mas o amor autêntico a alguém requer o compromisso, fidelidade e vulnerabilidade. Madre Teresa não "sentia" o amor de Cristo, e poderia ter cortado, mas levantava-se às 4:30 h. cada manhã por Jesus e era capaz de escrever-lhe: Tua felicidade é o único que quero. Este é um poderoso exemplo, inclusive em termos não puramente religiosos."

• Santa da escuridão.

O jornal The New York Times em editorial de 5 de setembro de 2007 assinala que Madre Teresa em uma de suas cartas afirma que se alguma vez chegarei a ser santa, seguramente o serei da escuridão. O editorial cita a jornalista e escritora Flannery O’Connor, católica, que passou por uma difícil enfermidade de natureza degenerativa, que escreveu que existem pessoas que "pensam que a fé é um grande cobertor elétrico, quando é com certeza a cruz". O artigo procura estabelecer um paralelismo entre o sofrimento dessas duas mulheres quando considera que "ambas não falaram sobre o seu próprio sofrimento e continuaram a trabalhar. "Madre Teresa, enferma de nostalgia por um sentido do divino, manteve a fé com os enfermos de Calcutá", conclui o editorial.
Michael Gerson, colunista do "Washington Post", a respeito da "noite escura" de Madre Teresa, escreve que este fato interior e o contraste externo de sua alegria e sorriso não podem ser considerados como se fosse hipocrisia. Afirma que "Há uma espécie de valentia na perda da ilusão sem perder o coração" e que "a santidade tem que ver mais com obediência que com sentimentos espirituais, que a fé pode coexistir com o sofrimento e a dúvida, que a santidade pode ser mais áspera e mais difícil do que imaginamos".


Críticas

Madre Teresa, apesar de sua veneração pelos católicos, é fortemente atacada por diversos estudiosos como Christopher Hitchens e Richard Dawkins.
Em seu livro "The Missionary Position: Mother Teresa in Theory and Practice", Christopher Hitchens levanta questões, como o desvio de dinheiro de doações para proveito próprio de sua irmandade, promovendo o sofrimento dos pobres como um meio de arrecadar fundos. O livro de Christopher Hitchens levanta, também, questões acerca do relacionamento da madre com figuras como Jean-Claude Duvalier e o economista Charles Keating, responsável pelo roubo de dezessete mil investidores, de um montante de 250 milhões de dólares, tendo efetuado uma doação de 1,25 milhões à irmandade de madre Teresa, que não se posicionou sobre o caso.

In http://pt.wikipedia.org/wiki/Madre_Teresa_de_Calcut%C3%A1

Imagem: http://jetrofagundes.blogspot.com/2010/05/madre-teresa-de-calcuta_7727.html

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