O Presidente Manuel Teixeira Gomes terá tentado garantir o apoio do Exército, em mais umas vésperas de golpada. E, para isso, nada como um chazinho em Belém com todos comandantes das unidades de Lisboa. Mas o Governo trocou-lhe as voltas e é o próprio, insistindo, a deslocar-se em visita aos quarteis da capital. Na sessão parlamentar de 8 de Janeiro de 1924, o deputado Cunha Leal denuncia o ocorrido:
«Esta atitude pessoal do Presidente da República junto da guarnição de Lisboa tinha o seu complemento nos intervalos das visitas. S. Ex.ª vinha da liberal Inglaterra; desembarcou dum navio inglês sob a bandeira inglesa; conhecia muito bem os seus costumes. Ser-me-à lícito saber se algum dia o venerando e supremo magistrado da República teve o ensejo de ver que o rei da Inglaterra procurasse por qualquer forma exercer qualquer acção sobre oficiais?
Evidentemente que S. Ex.ª não vem de Inglaterra conspirar; mas a verdade é que o sr. Presidente da República preferia dar a este País uma direcção errada, talvez tentando o aliciamento de oficiais»
«Não apoiados.
Apoiados.
«Esta atitude pessoal do Presidente da República junto da guarnição de Lisboa tinha o seu complemento nos intervalos das visitas. S. Ex.ª vinha da liberal Inglaterra; desembarcou dum navio inglês sob a bandeira inglesa; conhecia muito bem os seus costumes. Ser-me-à lícito saber se algum dia o venerando e supremo magistrado da República teve o ensejo de ver que o rei da Inglaterra procurasse por qualquer forma exercer qualquer acção sobre oficiais?
Evidentemente que S. Ex.ª não vem de Inglaterra conspirar; mas a verdade é que o sr. Presidente da República preferia dar a este País uma direcção errada, talvez tentando o aliciamento de oficiais»
«Não apoiados.
Apoiados.
Protestos».
«O Chefe do Estado tinha saído de Belém, fazendo uma escapada de colegial e procurando iludir o Governo...»
«Protestos da esquerda
Vozes: A pessoa do sr. Presidente da República não pode ser discutida!
O sr Cunha Leal (continuando): «O sr. Presidente da Republica foi, sem conhecimento do seu Governo, ao Corpo de Marinheiros contar quantas peças lá estavam. Dali seguiu para o Arsenal, de onde, sem conhecimento ainda do Governo, pretendeu embarcar para bordo do Douro revoltado, navio em que se encontrava chefiando a revolta o sr. João Manuel de Carvalho, íntimo amigo do Chefe do Estado. Foi depois disto que o Governo, topando pelo telefone o Chefe do Estado, lhe manifestou a sua estranheza por S. Ex.ª se ter querido ir lançar nos braços dos revoltosos».
Cunha Leal concluiria a sua intervenção, em mais este caso, na Câmara, desabafando:
«Que bem tem pago o Partido Nacionalista as listas brancas com que votou o nome do sr. Teixeira Gomes! O pior é que pagam connosco a República e a Nação».
Fonte: Costa Brochado, «Para a História de um Regime», Editorial Império, 1949, pág. 26.
Cronologia da república - 4 de Maio
1914
Manifestações no Porto; com agressões a vários padres
1916
É fechado o jornal “O Leste” de Elvas
A Lei 523 decreta o estado de sítio nacional
O governo cria a intendência dos bens dos inimigos
1919
Greve dos funcionários da companhia de gás de Lisboa
Greve dos trabalhadores da câmara municipal de Lisboa
Greve dos operários metalúrgicos de Lisboa
1921
A assembleia dá ao governo o poder de dar ou tirar a liberdade de comércio de bens alimentares
O governo revoga a lei de dissolução da assembleia da república
Cronologia da república - 4 de Maio
1914
Manifestações no Porto; com agressões a vários padres
1916
É fechado o jornal “O Leste” de Elvas
A Lei 523 decreta o estado de sítio nacional
O governo cria a intendência dos bens dos inimigos
1919
Greve dos funcionários da companhia de gás de Lisboa
Greve dos trabalhadores da câmara municipal de Lisboa
Greve dos operários metalúrgicos de Lisboa
1921
A assembleia dá ao governo o poder de dar ou tirar a liberdade de comércio de bens alimentares
O governo revoga a lei de dissolução da assembleia da república
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