domingo, 29 de janeiro de 2012

Carta Arqueológica do Concelho de Valpaços – 5.B

ADÉRITO MEDEIROS FREITAS, Julho de 2001

(Para melhor visualizar cada uma das imagens clique sobre elas)

FREGUESIA DE BOUÇOAIS - B

TRANSCRIÇÃO E REPRODUÇÃO INTEGRAL AUTORIZADA PELO AUTOR


3. Castro de Ermidas:

Planta do Castro de Ermidas
Localização:
Lugar da Perada ou Serralhão, margem direita do Rio Rabaçal, à direita da estrada Lampaça – Vinhais (E.N. 103) e a cerca de 1 Km do desvio para a povoação de Ermidas.

Acesso:
Dista cerda de 230 metros da E. N. 103. A partir desta rodovia, o acesso inicia-se numa pronunciada curva para a esquerda que possui, à direita, o resto de um antigo traçado que serve de estacionamento.
Um caminho à direita, estabelece a ligação directa da estrada à base do monte onde se encontra o Castro. Só um pequeno desnível, espécie de socalco entre dois terrenos de cultura impede o acesso até à base do monte a qualquer viatura.

Natureza geológica:
Toda a área ocupada pelo Castro é de natureza granítica. O granito é equigranular, de grão médio a grosseiro; por vezes de grão fino e, mesmo, porfiróide.
É um granito de cor muito clara, devido à predominância da moscovite sobre a biotite.
Muitos e grandes blocos arredondados encontram-se espalhados por toda esta área e fora,, frequentemente, aproveitados para integrarem as muralhas.

Coordenadas de Gauss:
279,0
530,1

Coordenadas feográficas:
Altitude: 450 metros 
Longitude: 7º 10’ 55’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 06’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - Lebução (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:
Apesar de, a S, SW e W já não existirem, praticamente, quaisquer vestígios de muralhas, trata-se de um monumento arqueológico ainda com muito interesse. Na minha opinião justificam-se, aqui, algumas intervenções de investigação com o consequente restauro de alguns troços das muralhas. Proponho a sua classificação como Imóvel de Interesse Público.
Possui uma forma grosseiramente elipsoidal. O seu eixo maior (NE-SW) mede 100 metros e o eixo menor (NW-SE) mede 67 metros. Esta área, limitada pela muralha principal, inclina para SW.
Não encontrei, dentro deste recinto muralhado, quaisquer fragmentos e vasos ou “tegulae”, o que me leva a admitir o seu abandono antes ou aquando da invasão romana.
As estruturas defensivas são, essencialmente, as muralhas. Parece ter existido também, na área correspondente ao menor declive de terreno, um “fosso”.

Muralha I:
O comprimento total desta muralha é, aproximadamente, 250 metros. Em alguns troços desta muralha foram aproveitados, na sua posição natural, os numerosos e grandes penedos arredondados de granito. Apenas as descontinuidades eram colmatadas com blocos trabalhados e para ali transportados.
A maior parte desta muralha foi totalmente destruída. Só 123 metros foram identificadas sem dificuldades. A NW (a) foi possível observar as suas duas faces e medir a sua largura – 4,20 metros.
A NE (b) isto é, na vertente voltada para o caminho de acesso, a muralha é muito larga e foi, num dado momento, reforçada internamente. A sua largura que, inicialmente, era de 4,80 metros, foi reforçada internamente com mais 2,70 metros, no máximo. Assim, neste troço de menor declive do terreno e, por isso, de mais fácil acesso, a largura máxima passou, após o referido acrescento, a ser igual a 7,50 metros. Neste troço reforçado, enquanto que a face interna é constituída por pedras irregulares e de diferentes tamanhos, a face externa é formada por pedras de granito de maiores dimensões, geralmente de forma rectangular e com uma face (externa) picada e aplanada.
A E encontrámos uma porta (e) com 1,20 metros de largura.

Face externa da Muralha I, a NE (b)

Muralha II:
Esta muralha esta representada, apenas, por um troço com 37,50 metros de comprimento. Julgo que ela iria entroncar com a muralha I, a NE. Só uma escavação local nos poderia fornecer os dados que confirmem ou não esta hipótese.
Ma outra extremidade, esta muralha aproveita um impressionante conjunto de rochedos graníticos, nas suas posições naturais que constituem, só por si, mais alguns metros de uma sólida e alta muralha. A sua largura é, no troço onde me foi possível determiná-la (assinalada na planta) igual a 4,10 metros.

Outros possíveis troços muralhados:
Assinalo-os, na planta do Castro com uma interrogação (?).

Fosso (?):
Entre as muralhas I e II é visível uma depressão alongada (d), mais ou menos paralela à primeira daquelas muralhas e que, por analogia com o que me foi dado observar noutros Castros, admiti tratar-se de um “fosso”.
A confirmação ou não desta hipótese, bem como o conhecimento em caso afirmativo do seu real comprimento, largura e profundidade, passa pela limpeza de todo o mato ali existente e de uma sondagem arqueológica.


4. Lagar:
Lagar. Planta e perfis.

Localização:
À saída de Real Covo para Sonim (E.N. 213-1). Em frente a uma vivenda (à esquerda) existe, do lado direito da estrada, um espaço que permite o estacionamento a qualquer viatura, em frente a uma trincheira de saibro. Logo a seguir a esta trincheira há um terreno de cultura contendo, no fundo, alguns castanheiros. Este “lagar” encontra-se à direita do ultimo castanheiro, fora o terreno lavrado. Da estrada ao lagar são cerca de 100 metros.

Acesso:
A partir da E. N. 213-1, através do terreno de cultura referido.

Coordenadas de Gauss:
276,6
528,9

Coordenadas geográficas:
Altitude: 560 metros
Longitude: 7º 12’ 49’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 43’ 34’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 48: VILARANDELO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Características:
Dos numerosos lagares que observei na freguesia de Bouçoais este é, sem dúvida, o mais espectacular. Fomos ali conduzidos, pela primeira vez, pelo Sr. Carlos Alberto Penso, natural de Real Covo.
Foi cavado numa rocha granítica com 5, 75 metros e comprimento e quase 3 metros de largura.
Do lado WNW, ultrapassando o comprimento do próprio “tanque”, existem ainda restos de dois muros de uma construção, perpendiculares entre si, que com toda a certeza lhe estaria anexa.
Este lagar estaria, pois, intercalado num “torcularium”.

“Tanque”:
É uma cavidade sobrectangular que mede:

Comprimento – 2,75 metros
Largura máxima – 1,37 metros
Largura média – 1,34 metros
Largura mínima – 1,15 metros

Profundidade:
a NNE – 0,36 metros
a WNW – 0,18 metros
a ESSE – 0,18 metros
a SSW – 0,06 e 0,07 metros.

O pavimento do “tanque” inclina levemente para SSW e comunica directamente para a “pia” ou “lagareta” através de um sulco com 20 cm de comprimento, 10 cm de largura e 8 cm de profundidade.

“Pia” ou “Lagareta”:
Tal como o “tanque” possui forma subrectangular. Mede:

Comprimento máximo – 1,02 metros
Comprimento mínimo – 0,95 metros
Largura – 0,77 metros
Profundidade máxima (NNE) – 0,31 metros
Profundidade média (WNW) – 0,29 metros
Profundidade mínima (SSW) – 0,27 metros.

No fundo desta “pia” de recepção, em posição descentrada, existe uma pequena cavidade circular destinada à recolha, com o auxílio de um pequeno recipiente móvel, de praticamente todo o líquido ali acumulado.


5. Lagar:
Lagar: planta e perfil

Localização:
Lugar das Fragas (Cabeça do Marco), Real Covo, numa propriedade do Sr. Manuel Gomes.

Acesso:
Apenas alguns minutos, a pé, seguindo um caminho que passa próximo da casa do proprietário do lugar.

Coordenadas de Gauss:
276,5
529,1

Coordenadas geográficas:
Altitude: 600 metros
Longitude: 7º 12’ 54’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 43’ 42’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 48: VILARANDELO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Características:
Foi aberto numa rocha granítica (granito equigranular, de grão médio) já bastante alterada. Por este facto, todo ele se encontra bastante degradado. Além do elevado grau de alteração do granito, este lagar encontra-se, actualmente, integrado num caminho de acesso às propriedades das vizinhanças o que tem contribuído, ainda mais, para a sua rápida destruição.
No estado actual de conservação em que se encontra, o “tanque” desapareceu completamente. Em seu lugar, existe uma superfície de limites mal definidos, com 2,80 metros de comprimento e outro tanto de largura. Um sulco com 26 cm de largura e 4,5 cm de profundidade máxima, terminando em bica, estabelece a comunicação desta superfície com a lagareta.
A “lagareta” (“pia” ou “dorna”) mede:

Comprimento máximo – 1,24 metros
Comprimento mínimo – 1,20 metros
Largura máxima – 0,68 metros
Largura mínima – 0,63 metros
Profundidade máxima – 0,44 metros
Profundidade mínima – 0,25 metros

No fundo da “lagareta”, em posição descentrada, existe uma cavidade circular com 20 cm de diâmetro à superfície e 4,5 cm de profundidade.


6. Lagar:
Lagar: planta e perfil

Localização:
Junto das casas da aldeia de Real Covo, numa propriedade do Sr. Carlos Alberto Penso Soares.

Acesso:
Pedir informação junto de qualquer dos habitantes de Real Covo.

Coordenadas de Gauss:
276,5
529,1

Coordenadas geográficas:
Altitude: 552 metros
Longitude: 7º 12’ 37’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 43’ 40’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 48: VILARANDELO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Características:
Tal como no caso do lagar anterior, não existe um verdadeiro “tanque”, mas sim uma superfície mais ou menos plana, levemente inclinada para SE, limitada por sulcos pouco profundos mas indispensáveis para fazer convergir em direcção à “lagareta” o líquido resultante do esmagamento dos frutos. Esta superfície, de forma ovóide, mede 2,34 metros de comprimento e 2 metros e largura.
A “lagareta” possui forma rectangular, de ângulos arredondaos e mede:

Comprimento – 1,48metros
Largura máxima – 0,70 metros
Largura mínima – 0,54 metros
Profundidade máxima – 0,53 metros
Profundidade mínima – 0,33 metros

Mais ou menos no centro desta cavidade, no sentido do comprimento, mas mais próximo do limite distal, encontra-se uma pequena depressão circular com 27 cm de diâmetro e 8 cm de profundidade, cuja função já referimos na descrição de outros lagares.
Não encontrei vestígios da presença de uma prensa utilizando, já, um sistema de alavancas. O bloco de granito onde foi aberto este lagar eleva-se, a pequena distância da “lagareta”, 2,30 metros acima do solo.


7. Lagar:
Lagar: planta e perfis

Localização:
Para quem se dirija, pela E.N. 213 – 1, de Bouçoais para Real Covo, este lagar encontra-se à direita e a cerca de 20 metros de distância, num terreno a uma cota inferior à daquela via.

Acesso:
Para quem vem de Bouçoais e antes de atingir Real Covo, existe uma recta. No início desta recta há uma saída, à direita, que permite o acesso a qualquer viatura. Daqui, o “lagar” atinge-se a pé, em cerca de 3 minutos, seguindo através do mato paralelamente à estrada.

Coordenadas de Gauss:
276,7
529,3

Coordenadas geográficas:
Altitude: 580 metros
Longitude: 7º 12’ 32’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 44’ 48’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 48: VILARANDELO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Lagar, visto de SE

Características:
Foi aberto um rochedo granítico (granito equigranular, de grão médio e duas micas, mas com predomínio da moscovite) na sua posição natural, que se eleva 1,40 metros acima do nínel do solo.
É uma lagar relativamente simples com um “tanque” e “lagareta”.
O “tanque” possui forma aproximadamente rectangular, com as seguintes medidas:

Comprimento máximo – 2,00 metros
Comprimento médio – 1,90 metros
Comprimento mínimo – 1,78 metros
Largura máxima – 1,43 metros
Largura média – 1,34 metros
Largura mínima – 1,25 metros
Profundidade máxima – 0,24 metros
Profundidade média – 0,18 metros
Profundidade mínima – 0,15 metros

A comunicação desta cavidade com a “pia” ou “lagareta” faz-se através de um sulco com:

Comprimento – 34 cm
Largura – 8 cm
Profundidade – 4 cm

A “lagareta” possui forma subrectangular, de ângulos arredondados, com as seguintes medidas:

Comprimento máximo – 1,24 metros
Comprimento mínimo – 1,17 metros
Largura média – 0,52metros
Profundidade máxima – 0,32 metros
Profundidade média – 0,20 metros
Profundidade mínima – 0,02 metros

Esta profundidade mínima da “lagareta”, no seu limite distal, contrasta com os valores das profundidades média e máxima. Com este valor, a verdadeira função desta cavidade, que é a recolha do líquido obtido pelo esmagamento dos frutos, fica extremamente diminuída. Creio que esta característica, ora presente, não é a que se verificava quando o lagar estava em pleno funcionamento, A redução dessa profundidade deve estar relacionada com a acção erosiva dos agentes de Geodinâmica Externa, principalmente a água das chuvas, o vento e, sem dúvida também, as amplitudes térmicas diárias e sazonais.
Em posição descentrada está presente uma pequena cavidade, não circular, com:

Comprimento – 25 cm
Largura – 16 cm
Profundidade – 5 cm.


8. Lagar:

Lagar: planta e perfis

Localização:
Numa propriedade do Sr. António Morais Soares (herdeiro dos Morgados de Villartão), à esquerda da E. N. 213 – 1, em frente da primeira curva para a direita para quem se dirige de Bouçoais em direcção a Real Covo.

Acesso:
De Bouçoais para Real Covo, a E. N. 213 – 1 apresenta uma recta, a descer, até à Ribeira de Bouçoais. A esta recta segue-se uma curva não muito acentuada, para a esquerda. Antes de se atingir a curva seguinte, para a direita, é possível estacionar o carro na berma. Em frente do local de estacionamento há um caminho de acesso às propriedades. O lagar situa-se à esquerda desse caminho, percorridos cerca de 50 metros.

Coordenadas de Gauss:
271,1
529,8

Coordenadas geográficas:
Altitude: 550 metros
Longitude: 7º 12’ 27’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 44’ 04’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 48: VILARANDELO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Lagar, visto de S.

Características:
Quando comparado com os anteriores descritos, este lagar apresenta algumas particularidades.
O “tanque” possui forma rectangular e as seguintes medidas:

Comprimento máximo – 2,40 metros
Comprimento mínimo – 2,35 metros
Largura máxima – 1,89 metros
Largura mínima – 1,82 metros
Profundidade máxima – 0,54 metros
Profundidade mínima – 0,13 metros

A grande diferença verificada entre as profundidades máxima e mínima compreende-se pelo facto da superfície da rocha onde o lagar foi cavado inclinar de NE para SW.
O escoamento do líquido derramado nesta cavidade por esmagamento dos frutos, fazia-se através de uma conduta de secção não circular. Internamente os dois diâmetros perpendiculares medem, respectivamente, 7 e 13 cm. Externamente, o diâmetro vertical da sua secção é igual a 10 cm.
Neste lagar não está presente a “pia” ou “lagareta”. O líquido escoava-se directamente para um recipiente móvel, cujo bordo se ajustava a uma depressão alongada e horizontal, cavada externamente e por baixo do orifício de saída, conforme se documenta no perfil AB.

Cavidades a e b:
De um e outro lado do tanque, em posições aproximadamente paralelas, existem duas cavidades rectangulares (a e b). Julgo que a sua função seria a da instalação de um sistema de prensa, onde já estaria presente a trave-prensa de movimento vertical.

A cavidade a, mede:

Comprimento máximo – 67 cm
Comprimento mínimo – 62 cm
Largura máxima – 27 cm
Largura mínima – 26 cm
Profundidade máxima – 23 cm
Profundidade mínima – 12 cm

Ao contrário da cavidade b, não se dispõe paralelamente ao tanque. Numa das extremidades (SW) dista do tanque 22 cm, enquanto que na outra extremidade (a NE), dista 31 cm.
A SW desta cavidade existe uma outra de menores dimensões, rectangular (c), com 19 cm de comprimento, 17 cm de largura e 10 cm de profundidade. Mas proximidades desta há, ainda, uma pequena depressão circular (d).

A cavidade b, mede:

Comprimento – 63 cm
Largura máxima – 35 cm
Largura mínima – 28 cm
Profundidade máxima – 24 cm
Profundidade mínima – 14 cm

A NE e imediatamente a seguir ao “tanque”, a uma cota levemente mais elevada, encontra-se aquilo que me parece constituir o resto de uma pequena casa. Os restos desta construção são constituídos por duas lajes de granito, uma de pé e outra tombada que faziam parte, sem dúvida, das paredes dessa construção.


9. Lagar:

Lagar: planta e perfis

“Lagareta” e superfície rectangular deprimida (d)

Localização:
No extremo de uma vinha propriedade do Sr. Adamastor Lopes, cerca de 500 metros a NE de Bouçoais.

Acesso:
Para quem de dirija pela E. N. 213 – 1, de Bouçoais para Lampaça, encontra, a poucas centenas de metros da primeira daquelas aldeias um acesso, à esquerda, para o campo de futebol. Em frente, logo do lado direito da estrada, um carreiro desce, ziguezagueando, até se atingir um velho caminho entre muros de granito. Transposto este caminho entra-se numa vinha a NE da qual, junto de um muro de vedação, se encontra este lagar.

Coordenadas de Gauss:
277,6
530,8

Coordenadas geográficas:
Altitude: 515 metros
Longitude: 7º 12’ 10’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 44’ 28’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Características:
Aberto numa rocha granítica, possui “tanque” e “lagareta”.
O “tanque” inclina de NW para SE, permitindo um escoamento fácil do líquido ali obtido. Por tal motivo, a sua profundidade é relativamente pequena.
Possui forma rectangular e mede:

Comprimento – 2,5 metros
Largura máxima – 2,25 metros
Largura mínima – 2,04 metros.

A profundidade não ultrapassa os 2 cm pelas razões apresentadas.
Na extremidade NW desta cavidade existe uma superfície horizontal, picada e aplanada, mais ou menos rectangular (a), que mede 2,33 metros de comprimento, 32 cm de largura e uma altura em relação ao pavimento do “tanque”, de 7 cm. Uma superfície vertical, picada e aplanada, com 32 cm de altura, limita, a NW, esta espécie de “banco”, cujas verdadeiras funções desconheço.
Na extremidade oposta, proximidade da “lagareta”, existe uma outra superfície rectangular deprimida, picada e aplanada (d), que mede:

Comprimento – 2,25 cm
Largura – 32,5 cm
Profundidade máxima – 7,0 cm

Qual a função desta depressão rectangular?
Como referi oportunamente, a superfície de esmagamento dos frutos inclina de NW para SE. A massa ai obtida deslizaria facilmente para dentro da “lagareta”, sem separação entre o líquido e o bagaço. A minha hipótese é de que, esta depressão rectangular receberia, por encaixe, uma estrutura móvel, prancha de madeira por exemplo, com uma função de filtragem, deixando passar o líquido, mas retendo a porção sólida, o bagaço.
Nesta depressão rectangular tem início um sulco, cuja profundidade e largura vão sucessivamente aumentando, que termina em bica e através do qual o líquido atinge a “lagareta”. Esta estrutura mede:

Comprimento – 31 cm
Largura inicial – 6 cm
Largura terminal – 35 cm
Profundidade inicial – 4 cm

A goteira descrita apresenta uma posição descentrada, quer relativamente à largura do “tanque”, quer relativamente ao comprimento da “lagareta”.
A “lagareta” é uma cavidade rectangular, de grandes dimensões e ângulos levemente curvos. Mede:

Comprimento – 1,54 metros
Largura máxima – 0,54 metros
Largura mínima – 0,48 metros
Profundidade máxima – 0,61 metros
Profundidade mínima – 0,51 metros.

10. Lagar:
Lagar: planta e perfis

Lagar, visto de W.

Lagar, visto de NE.

Localização:
Lugar dos Pinheiros, próximos e à esquerda do caminho que liga Lampaça a Picões. Acompanhou-nos o colaborador e grande amigo Sr. David Domingues.

Acesso:
Pelo referido caminho atravessa-se o Ribeiro Pontão do Malho (Ribeiro Fundilho para Jusante) junto do “moinho do povo”, abandonado. Atinge-se uma lomba entre dois vales, com um pinhal à direita. À esquerda, quase em frente do referido pinhal, encontra-se este lagar.

Coordenadas de Gauss:
278,1
531,0

Coordenadas geográficas:
Altitude: 600 metros
Longitude: 7º 11’ 12’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 45’ 13’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Características:
Como todos os lagares já descritos, foi aberto numa rocha granítica. O granito é porfiróide com grandes cristais de ortóclase dispostos mais ou menos paralelamente uns aos outros, numa matriz fundamentalmente quartzo-feldspática muito grosseira, com biotide e moscovite.
Não possui “tanque”.
Os frutos eram pisados numa superfície mais ou menos plana, inclinada para E, de forma oval, que mede:

Diâmetro maior – 3,40 metros
Diâmetro menor – 2,25 metros.

Esta superfície era limitada por um sulco que mede 11 cm de largura máxima, 7 cm de largua mínima e uma profundidade máxima de 5,5 cm.

A maior parte do líquido obtido naquela superfície era recolhido por este sulco limitante e conduzido à “lagareta”. Para facilitar o escoamento do líquido da área central daquela superfície, existe mais um sulco que se bifurca e que mede 1,09 metros de comprimento.
Estas duas goteiras (sulcos), lateral e central, convergem numa superfície frontal deprimida, com 40 cm de comprimento médio e 27 cm de largura. Daqui, o líquido era levado à “lagareta” através de uma goteira terminal que mede 20 cm de comprimento e 12,5 cm de profundidade.
A “lagareta”, de grandes dimensões, possui uma secção aproximadamente quadrangular.

Lado da secção quadrangular – 86 cm
Profundidade máxima – 63 cm
Profundidade mínima – 50 cm

No pavimento desta cavidade, em posição descentrada, existe uma pequena depressão circular pouco profunda.

Nota:
Segundo o Sr. David Domingues existia, nas proximidades deste, um outro lagar que, porém, não conseguimos encontrar. Admitimos que o mesmo tenha sido destruído.

11. Lagar:

Lagar: planta e perfis.

Localização:
Lugar de Linhares da Amoreira, Tortomil, propriedade de Maria de Jesus.

Acesso:
A propriedade onde se encontra este lagar é anexa às casas da aldeia de Tortomil. O acesso ao local poderá ser indicado por qualquer pessoa ali residente. Sugiro os proprietários do café local, Sr. João Pedro ou D. Jardelina Maldonado.

Coordenadas de Gauss:
275,1
531,0

Coordenadas geográficas:
Altitude: 705 metros
Longitude: 7º 13’ 51’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 44’ 35’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Lagar, visto de N.

Características:
O lagar foi aberto numa rocha granítica (granito equigranular, de duas micas, um pouco alterado superficialmente), na sua posição natural.
Possui “tanque” e “lagareta”. O “tanque” possui forma aproximadamente rectangular, com as seguintes medidas:

Comprimento – 2,50 metros
Largura máxima – 2,11 metros
Largura mínima – 1,56 metros
Profundidade máxima – 0,37 metros
Profundidade mínima – 0,05 metros.

Ao lado do “tanque”, a S, existe uma cavidade rectangular que dista, daquele, um máximo de 34 cm e um mínimo de 30 cm. Julgo estar relacionada com a instalação de um sistema de prensa. Esta cavidade mede:

Comprimento – 64 cm
Largura máxima – 20 cm
Largura mínima – 17 cm
Profundidade máxima – 24 cm
Profundidade mínima – 21 cm.

A comunicação entre o “tanque” e a “lagareta” faz-se através de um sulco com 25 cm de comprimento e 10 cm de profundidade. A largura vai diminuindo progressivamente, variando entre um máximo de 20 cm e um mínimo de 8 cm.
A “lagareta” possui conforme o esquema documenta, forma bastante irregular e mede:

A goteira descrita apresenta uma posição descentrada, quer relativamente à largura do “tanque”, quer relativamente ao comprimento da “lagareta”.
A “lagareta” é uma cavidade rectangular, de grandes dimensões e ângulos levemente curvos.

Comprimento máximo – 1,26 metros
Comprimento mínimo – 0,99 metros
Profundidade máxima – 0,50 metros
Profundidade mínima – 0,33 metros.


12. Lagar (?):
Lagar (?). Planta e perfil.

Lagar, visto de N.

A interrogação (?) que apresento na identificação desta estrutura arqueológica deve-se ao facto de, nas proximidade, existirem numerosas sepulturas e uma outra estrutura que, parece-me, desempenhou funções essencialmente cultuais, como iremos descrever.

Localização:
Lugar das Trapas, proximidades de uma vinha pertencente ao Sr. David Domingues.

Acesso:
Da E. N. 103 para quem se dirija da Lampaça em direcção a Vinhais, desvia-se por um estradão, à esquerda, entre os Kms 203 e 204, em direcção à aldeia de Bouças. No extremo do pinhal que se atravessa logo à saída da E. N 103, desvia-se à esquerda dando entrada na referida propriedade. A estrutura que vamos descrever encontra-se cavada numa rocha granítica cuja superfície se encontra ao nível do solo e próximo de um bloco saliente do mesmo tipo de rocha, a poucos metros do limite da vinha referida.

Coordenadas de Gauss:
270,3
530,9

Coordenadas geográficas:
Altitude: 560 metros
Longitude: 7º 11’ 30’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 44’ 30’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala 1: 25.000

Características:
O granito onde foi aberta esta estrutura é equigranular, de grão médio, com biotite e moscovite. Dado que se encontra muito pouco alterado, é notável o estado de conservação que este lagar (?) apresenta.
Tal como noutros casos já descritos, não esta presente qualquer estrutura do tipo “tanque”. Em seu lugar está presente uma superfície mais ou menos plana, rectangular, que se inclina levemente para N, com as seguintes medidas:

Comprimento – 2,32 metros
Largura – 2,12 metros.

Qualquer espécie de líquido derramado nesta superfície, seria conduzido a uma cavidade, a “lagareta”, através de três sulcos:

- dois laterais, simétricos, estreitos e pouco profundos.
- um sulco mediano que mede:

Comprimento – 43 cm
Largura – 6,5 cm
Profundidade – 4,0 cm

A “lagareta”, cavidade mais ou menos rectangular, mede:

Comprimento – 86 cm
Largura máxima – 33 cm
Largura mínima – 29 cm
Profundidade máxima – 17 cm
Profundidade mínima – 13 cm.

No pavimento desta cavidade, em posição central, ocupando toda a largura, existe uma depressão circular com 32 cm de diâmetro e 9 cm de profundidade.


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