sexta-feira, 17 de junho de 2011

Evolução humana pode ser mais lenta do que se pensava

Estudo deverá ser confirmado em maior escala
2011-06-14
Estudo poderá repercutir-se na cronologia evolutiva

Os seres humanos podem estar a evoluir mais lentamente do que se pensava, indicou um estudo sobre mudanças genéticas feito com duas gerações de famílias, realizado no âmbito do projecto CARTaGENE, da Universidade de Montreal, no Canadá.

O código genético compreende seis biliões de nucleótidos ou blocos de construção de DNA, divididos por duas metades, uma herdada do pai e outra da mãe. Até agora, os cientistas acreditavam que os pais contribuíam, cada um, com 100 a 200 mudanças nestes nucleótidos.

Contudo, este novo trabalho aponta para a ocorrência de muito menos mudanças, sendo que, cada pai contribui, em média, com 30 mudanças. "Em princípio, a evolução acontece um terço mais lentamente do que se pensava anteriormente", disse Philip Awadalla, investigador da Universidade de Montreal

A descoberta deu-se a partir de uma análise detalhada dos genomas de duas famílias, cada uma composta de mãe, pai e filhos. O estudo abre novas perspectivas nesta área, embora o tamanho da sua amostra seja muito pequeno. Se confirmado em maior escala, poderá repercutir-se na cronologia evolutiva e mudar a forma como se calcula o número de gerações que separam o Homo sapiens dos seus antepassados.

Também há uma ideia generalizada de que as alterações de DNA - conhecidas em termos científicos como mutações – tendem a ser mais transmitidas pelo homem do que pela mulher, pelo que este estudo também poderá alterar essa percepção. 
Numa das famílias analisadas, 92 por cento das mudanças derivaram do pai. Mas noutra, apenas 36 por cento das mutações vieram do lado paterno. "A taxa de mutação é extremamente variável de indivíduo para indivíduo", frisou Awadalla, acrescentando que também há a possibilidade de algumas pessoas terem mecanismos que reduzem a probabilidade de mutações.

Esta variabilidade poderia levar a reconsiderar a previsão de riscos de doenças hereditárias, causadas por genes defeituosos, transmitidos por um ou ambos os pais. Segundo os cientistas, alguns indivíduos podem ter uma doença genética mal diagnosticada se tiverem uma taxa de mutação natural maior do que a taxa de referência

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