sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

352.º Aniversário da Batalha das Linhas de Elvas

Batalha das Linhas de Elvas, 14 de Janeiro de 1659 (pormenor), Pintura do século XVII

Foi travada esta batalha em Elvas, a 14 de Janeiro de 1659, entre numerosas forças do Reino de Espanha (dos Habsburgos), comandadas por D. Luís de Haro e as forças do Reino de Portugal (da Casa de Bragança), em número muito menor, comandadas pelo conde de Cantanhede, D. António Luís de Meneses que viria, na sequência da esmagadora vitória portuguesa no confronto, a receber o título de marquês de Marialva (o terceiro). Muitos historiadores consideram-na com uma das mais importantes batalhas da Restauração, se não mesmo a mais importante dentre as demais, pelas consequências morais e materiais que a vitória nela conseguida produziu: Terá contribuído não só para apagar a lembrança do malogrado cerco de Badajoz no ano anterior mas também para incitar os ânimos nas hostes portuguesas, invertendo progressivamente o pendor da iniciativa atacante que nas batalhas seguintes, (particularmente na do Ameixial, em 1663, e na de Montes Claros, em 1665), passou do exército de Filipe IV para o de D. João IV, à excepção talvez da batalha de Castelo Rodrigo, não obstante a extraordinária vitória final aí obtida pelo Governador das Armas da Beira, Pedro Jacques de Magalhães. Além de ser efusivamente celebrada em Elvas, onde 14 de Janeiro é feriado municipal, esta data da vitória portuguesa na Batalha das Linhas de Elvas deve ser também entendida como uma data comemorativa nacional de particular relevância.

Imagem: http://guerradarestauracao.wordpress.com

Encontra-se publicada na Wikipédia uma interessante síntese histórica sobre o Cerco e a Batalha das Linhas de Elvas. Para aceder a ela clique sobre o respectivo logótipo.

Batalha das Linhas de Elvas
WikipédiA

APELO

Apelamos a todos quantos estiverem em condições de ajudar o Igor que o façam sem hesitação.


30 de Janeiro

No dia 30 de Janeiro, Domingo, desloque-se aos Bombeiros Voluntários Flavienses para ajudar o pequeno Igor Silva, de 7 anos, que sofre da doença – “Síndrome Mielodisplásico” – precisando de um transplante de Medula Óssea.


O pequeno Igor precisa da sua ajuda e no dia 30 de Janeiro efectua-se uma recolha de amostras de sangue para a dádida de Medula Óssea. Podem ser dadores todas as pessoas entre os 18 e os 45 anos, e que tenham um peso superior a 50kg.

504.º Aniversário do nascimento de D. Catarina de Áustria, rainha de Portugal

Retrato de D. Catarina de Áustria, Anthonis Mor (1519-1575), Museu do Prado

D. Catarina de Áustria, também conhecida por Catarina de Habsburgo ou Catarina de Espanha nasceu 14 de Janeiro de 1507 na vila de Torquemada e faleceu em Lisboa, a 12 de Fevereiro de 1578. Não há um absoluto consenso entre os seus biógrafos quanto ao dia que indicámos para a data completa do seu nascimento, havendo referências a 13 de Janeiro e até a 24 de Fevereiro. Foi filha póstuma de Filipe, o Belo, arquiduque de Áustria e Duque de Borgonha e de Joana, a Louca. Após a morte de seu pai, em 1506, seguiu a mãe, dada como louca e encarcerada em Tordesilhas, sendo daí libertada por seu irmão, Carlos V. Em 5 de Fevereiro de 1525 casou com o rei D. João III, tornando-se na 19.ª Rainha de Portugal, a 9.ª e última da dinastia de Avis. Com a morte de D. João III, em 1557, foi assumiu a regência durante a menoridade de seu neto, D. Sebastião, até 1562. Além de rainha de Portugal (da casa dos Habsburgos) usou dos títulos de arquiduquesa da Áustria, princesa de Espanha e rainha de Portugal. Teve nove filhos, dos quais o príncipe herdeiro de Portugal D. João Manuel, de cujo casamento com a princesa Joana de Áustria nasceu D. Sebastião a 20 de Janeiro de Janeiro de 1554, dezoito dias após a morte do pai que sofria desde a infância de diabetes tipo I, uma doença auto-imune muito comum na realeza. Foram sempre tensas as relações entre D Catarina de Áustria e o neto, D. Sebastião, sendo a Regente, levada pelo desgosto, a renunciar à regência e a recolher-se ao convento de Xabregas onde veio a falecer aos 71 anos de idade. Cerca de 6 meses depois confirmaram-se os piores receios de D. Catarina de Áustria: o tresloucado sonho marroquino de D. Sebastião e a constante relutância em assegurar a continuidade dinástica ditou o fim da grandiosa dinastia de Avis, mergulhando o país numa onde de dor e indignação e sujeitando-o, durante 60 anos à soberania castelhana.

Imagem: http://pt.wikipedia.org

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Memorial da “Terra Mágica”- LM, Moçambique III

A beleza da Polana
Por Manuel Terra, 6 de Outubro de 2010
A Igreja se Santo António da Polana na actualidade, foto de Aurélio Terra 

Por muito que o tempo tente desgastar a saudade, a persistência da sensibilidade “conduz-me” até lá outra vez para não deixar esmorecer as emoções e paixões que não consigo esquecer. O fascínio das evocações traz-me a lembrança da magnificente beleza da Polana.

Poderá dizer-se que começava no eixo da Av. 24 de Julho com a Av. António Enes (hoje Julius Nyerere) até ao sumtuoso Bairro de Sommerschield. Uma artéria caraterizada por duas longas faixas de rodagem, pinceladas pela tonalidade rubra das acácias e jacarandás, que permitiam aos transeuntes caminhar protegidos do sol inclemente. Era a chamada parte alta da cidade onde os edifícios de altura considerável, predominavam. No cruzamento com Av. Massano de Amorim (hoje Mao Tse Tung) muito próximo da paragem do machimbombo municipal da carreira 5, situava-se o Hotel Polana uma das melhores unidades hoteleiras de África Austral, inaugurado em 1922 de invejável traça colonial, com um parque de estacionamento embelezado por um pequeno palmar e canteiros tratados a gosto. Um verdadeiro 5 estrelas conhecido sobejamente além fronteiras. Curiosamente ainda eram visíveis no asfalto daquela via os carris metálicos que serviram os elétricos, que a cidade conhecera até 1929, com paragem obrigatória frente ao hotel. Na retaguarda a partir das suas piscinas obtinha-se uma vista panorâmica que se estendia desde o Miradouro, Rampa do Caracol e a antiga Rua Trigo de Morais que ligava a Estrada da Marginal às praias arenosas e esbranquiçadas compreendidas entre o Restaurante o Dragão de Ouro( hoje já demolido) que deu lugar ao Hotel Holiday e ao Miramar(totalmente transformado). Mas a área da Polana tinha mais referências, como o Restaurante Sheik(que ricos repastos) onde se podia jantar ao som de uma orquestra . As refeições tinham quase sempre marcação antecipada. Nas suas traseiras descortinava-se o Parque José Cabral (hoje Parque dos Continuadores) uma enorme área verde arborizada, onde nas suas pistas se realizavam as provas de Atletismo e por lá passaram nomes sonantes da modalidade. No final de linha avistava-se o Prédio Bucellato encravado no excêntrico Bairro de Sommerschield, um luxuoso complexo de vivendas e mansões, que faziam o sonho dos seus moradores. Também não poderia deixar de destacar A Igreja de Santo António da Polana inserida numa superfície verdejante, vincada por um estilo de arquitetura moderna que ganhou o epitrope de espremedor de laranja, dada a sua configuração. O seu interior era iluminado durante o dia pelos efeitos especiais dos raios solares que extravasavam os vitrais coloridos do templo. Tive a felicidade de conhecer aquele belo espaço, onde as cerimónias religiosas contagiavam os fieis. São estas imagens ainda muito vivas, de uma cidade que não consigo esquecer, que me levam a constantes incursões ao passado numa espécie de desafio ao tempo e memórias.
 in http://terramagica-terra.blogspot.com

A Igreja de Santo António da Polana numa breve perspectiva de História da Arte

A Igreja de Santo António da Polana ou Igreja da Polana, foi construída em 1962 e depois restaurada passados trinta anos (1992). Foi projectada pelo arquitecto português Nuno Craveiro Lopes que foi chefe do Gabinete de Urbanização das Obras Públicas de Moçambique (1952). O seu estilo é de arquitectura modernista e faz com que seja um dos edifícios mais emblemáticos da Cidade de Maputo (Moçambique). Com a sua forma de flor invertida, é popularmente conhecida como o “espremedor de limão” devido as suas formas geométricas. Os seus vitrais coloridos que vão até a cúpula conferem-lhe no seu interior um aspecto quase mágico e de invulgar beleza. Fica Avenida Kwame Nkrumah, na intersecção com a rua Luís Cardoso. È uma das sete maravilhas desta Cidade Africana.
In http://sketchup.google.com

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Adega com 6100 anos encontrada na Arménia

Vestígios mais antigos de produção de vinho encontrados até agora

2011-01-11
A uva encontrada pertence à espécie ainda hoje mais utilizada para fazer vinho
(créditos: Gregory Areshian)

A unidade de produção de vinho mais antiga até agora conhecida foi descoberta numa gruta da Arménia por uma equipa de arqueólogos da Universidade de Califórnia (Los Angeles, EUA). O sítio tem 6100 anos, mais 1000 anos, aproximadamente, do que a anteriormente conhecida, no Egipto.
A gruta onde foi achada esta “adega” pré-histórica situa-se na província Vayotz Dzor, que faz fronteira com o Irão e a Turquia, o mesmo sítio onde no passado mês de Junho se encontrou o sapato mais antigo conhecido, com 5500 anos. O responsável pelas escavações, Gregory Areshian, afirma que pela primeira vez é possível ter uma imagem arqueológica completa do processo de elaboração do vinho.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

10 de Janeiro - dia de S. Gonçalo de Amarante

Última actualização: 11 de Janeiro de 2011

Nascido em 1187 em Arriconha, uma pequena aldeia da freguesia de Tagilde do concelho de Vizela, distrito de Braga, e dado como falecido a 10 de Janeiro de 1259, em Amarante, São Gonçalo de Amarante (Beato Gonçalo para sermos mais rigorosos) tem sido reconhecido pela própria Igreja Católica, como um dos santos portugueses de maior devoção no país, logo depois de Santo António, sobretudo no Norte de Portugal. A permissão do seu culto nesta região pela Sé Apostólica remonta a 1551, concedida pelo papa Júlio III e a sentença da sua Beatificação surgiu 10 anos depois, a instâncias do próprio rei D. Sebastião, do arcebispo de Braga, da ordem dos Pregadores, do cardeal D. Henrique e da população de Amarante junto da Santa Sé, depois de apurados o último dos três processos por comissão do papa Pio IV, com esse fim bem como da sua canonização. Ainda que o processo de canonização nunca tenha sido concluído, foi a partir das referidas decisões apostólicas que S. Gonçalo se transformou no santo patrono da cidade de Amarante. A 10 de Julho de 1671, o papa Clemente X estendeu por fim o seu culto a toda a Ordem dos Pregadores e a todo o país. A sua festa era celebrada publicamente a 16 de Janeiro, à excepção dos Dominicanos da Ordem que o fizeram sempre na suposta data da sua morte, a 10 de Janeiro, como em muitos locais se faz actualmente, desde que assim foi determinada a unificação das festas dos santos em 1969-1970. Convém assinalar que o seu culto se espalhou pelas várias regiões do antigo império ultramarino português, particularmente no Brasil onde é também o santo patrono das três cidades homónimas dos estados do Rio Grande do Norte e do Ceará - “São Gonçalo do Amarante”. Se a devoção oficial a este santo no Norte de Portugal se pode depreender pela realização de Missa e Ofícios litúrgicos próprios, a sua popularidade entre os povos não é menos notória, materializando-se através de festas públicas, na edificação de templos da sua invocação, na interiorização dos seus atributos de santo protector contra as enchentes e de santo casamenteiro, bem como na transmissão e vulgarização de histórias relacionadas com as suas acções milagreiras.

Imagem: Figura de S. Gonçalo, capela do Hospital de S. Gonçalo, Amarante, Portugal, foto de Gouveiar©, in http://pt.wikipedia.org

O culto a S. Gonçalo no concelho de Valpaços

Pelo que me foi possível apurar, S. Gonçalo é também venerado em, pelo menos, três freguesias do concelho de Valpaços. Relativamente à própria freguesia de Valpaços, por exemplo, assinala-se a existência de uma fonte de São Gonçalo, na aldeia anexa de Vale de Casas, curioso indicador da sua popularidade também aqui, onde este santo é padroeiro e celebrado no fim do mês de Janeiro (suponho que no último Domingo deste mês). É também, segundo indicações do nosso amigo, Reverendo Pe. Jorge Fernandes, o santo padroeiro em Lamas de Ouriço, freguesia de Alvarelhos, onde existe um templo da sua invocação e é celebrado a 10 de Janeiro, em conformidade com o calendário lutúrgico. É ainda padroeiro da localidade de Alvites, freguesia de Santiago da Ribeira de Alharis.

Se estiver interessado (a) em consultar uma compilação de dados sobre S. Gonçalo, clique AQUI .
Se estiver interessado (a) em consultar uma biografia de S. Gonçalo, clique AQUI.
Se estiver interessado (a) em consultar algumas lendas sobre S. Gonçalo, clique AQUI.

Nota: Todas as sugestões de rectificação ou  informações complementares a este post são bemvindas e agradecidas, desde que devidamente fundamentadas e apresentadas com o mínimo de razoabilidade e seriedade. OBRIGADO.

Agradecimento: Uma nota de agradecimento ao nosso Amigo Padre Jorge Fernandes pela colaboração prestada na correcção e actualização dos dados publicados aqui na data em epígrafe e referentes ao Culto a S. Gonçalo no concelho de Valpaços.

domingo, 9 de janeiro de 2011

52.º Aniversário do nascimento de Rigoberta Menchú

Activista guatemalteca dos direitos humanos, nascida a 9 de Janeiro de 1959, fez parte do Comité de Unidad Campesina (organização de camponeses que se opunham ao governo militar guatemalteco), cujo líder havia sido seu pai. Após a morte de seus pais e do seu irmão mais novo partiu para o exílio. No México empenhou-se numa actividade em defesa dos direitos dos povos indígenas. Foi galardoada com o Prémio Nobel da Paz em 1992, pelo seu esforço contínuo para que fosse alcançada a justiça social e a reconciliação nacional na Guatemala. No ano seguinte, as Nações Unidas nomearam-na como embaixadora da Boa-Vontade. A sua autobiografia intitula-se Me llamo Rigoberta y así me nació la consciencia .

In Infopédia Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-01-09].
http://www.infopedia.pt/$rigoberta-menchu
Imagem: http://feministhemes.com

Coprólitos - excrementos preciosos

Ei, cuidado para não pisar no COPRÓLITO!

Por Karllapatricia, a 07 Janeiro 2011

Vamos nos imaginar hoje sendo paleontólogos. Sim, aqueles pesquisadores que estudam as espécies de vida que já existiram no planeta, a partir de seus fósseis. Quem nunca se interessou pela história dos dinossauros, ou dos nossos ancestrais humanos? Ou nunca se perguntou como se forma um fóssil, como se determina sua idade, em que região teria vivido? E sobre as diversas teorias da evolução? Sendo um paleontólogo qual seria seu primeiro passo? Procurar pegadas que de alguma forma se fossilizaram? Ossos com milhares de anos? Bom, saibam que alguns desses profissionais se especializam a vida inteira em buscar os excrementos fossilizados de animais. É isso mesmo gente, o cocô, que recebe o charmoso nome de COPRÓLITO!

As descobertas arqueológicas e científicas mais importantes de 2010

Transcrição
A revista Archeology, pertencente ao Instituto de Arqueologia dos Estados Unidos, publicou uma lista com as 10 principais descobertas de 2010, conforme relacionadas abaixo:

1. A tumba de Hecatômno em Milas, no sudeste da Turquia, pertencente ao século IV a.C.
2. Ferramentas de pedra do Paleolítico, encontradas na ilha de Creta na Grécia, que datam de 130.000 a 700.000 anos atrás.
3. A tumba real de El Diablo em El Zotz, a maior metrópole maia descoberta até o momento, localizada na região florestal de Petén na Guatemala.
4. As antigas pirâmides da província peruana de Jaen, com pelo menos 2.800 anos de antiguidade.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

599.º Aniversário do nascimento de Santa Joana d’Arc

Joana d’Arc é queimada viva pela Igreja a 30 de Maio de 1431
Pintura de Jules-Eugène Lenepveu (1818 -1898)
Santa Joana d'Arc (em francês Jeanne d'Arc) (Domrémy-la-Pucelle, 6 de janeiro 1412 — Ruão, 30 de maio 1431), por vezes chamada de donzela de Orléans, era filha de Jacques d'Arc e Isabelle Romée e é a santa padroeira da França e foi uma heroína da Guerra dos Cem Anos, durante a qual tomou partido pelos Armagnacs, na longa luta contra os borguinhões e seus aliados ingleses.
Descendente de camponeses, gente modesta e analfabeta, foi uma mártir francesa canonizada em 1920, quase cinco séculos depois de ter sido queimada viva.
Segundo a escritora Irène Kuhn, Joana d'Arc foi esquecida pela história até o século XIX, conhecido como o século do nacionalismo, o que pode confirmar as teorias de Ernest Gellner. Irène Kuhn escreveu: “Foi apenas no século XIX que a França redescobriu esta personagem trágica.
In http://pt.wikipedia.org (transcrição).

Consultar artigo completo
WikipédiA, a enciclopédia livre


quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

5 de Janeiro de 1964 – um marco histórico para a Cristandade

O abraço entre o papa Paulo VI e patriarca Atenágoras I, Jerusalém, 1964
http://www.snpcultura.org

O encontro do papa Paulo VI, durante a sua visita à Terra Santa, com o patriarca Anaxágoras I há 47 anos foi o primeiro reencontro entre os representantes da Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa em 900 anos, portanto um marco histórico para a Cristandade.
«Seu encontro [de Atenágoras] com o papa Paulo VI em 1964, na cidade de Jerusalém, foi importante no sentido de anular as excomunhões do Grande Cisma do Oriente de 1054. Foi um passo significativo em restaurar a comunhão entre a igreja de Roma e a de Constantinopla. Esse encontro produziu a declaração de União Católico-Ortodoxa em 1965, simultaneamente ao encontro público do Concílio Vaticano II e uma cerimônia especial em Istambul. A declaração não acabou com o cisma, mas mostrou um grande desejo de reconciliação entre ambas as igrejas, representados por Paulo VI e Atenágoras I. Contudo, essa declaração de união católico-ortodoxa não foi aceita por todos os bispos da Igreja Ortodoxa.»
In http://pt.wikipedia.org

Para acompanhar a posição da Igreja Ortodoxa a respeito do cisma, segundo as palavras de Bartolomeu I, patriarca ecuménico de Constantinopla, em entrevista concedida à Revista 30 Dias, em Fevereiro de 2004 consulte o Diálogo Ecuménico.

210.º Aniversário do nascimento de Passos Manuel

Manuel da Silva Passos | http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/
A Passos Manuel, aliás Manuel da Silva Passos, singular figura da vida política portuguesa que começou por se revelar na ala esquerda do movimento vintista para depois se vir a destacar como o líder incontestado do Setembrismo, se ficou a dever a criação do concelho de Valpaços. A profunda reforma administrativa por ele empreendida 1835 fez com que logo nesse ano fossem criados 854 municípios, número que foi reduzido no ano seguinte reduzido para 383. A criação do concelho de Valpaços enquadra-se neste grupo, por decreto emanado do seu ministério a 6 de Novembro de 1836, sendo por isso que em 1935 se instituiu o dia 6 de Novembro como feriado Municipal. Em 1898 havia cerca de 300 municípios e na actualidade apenas mais oito. O código administrativo laboriosamente concebido por Passos Manuel, com a colaboração de seu irmão José da Silva Passos, e publicado a 31 de Dezembro de 1836, estabeleceu os princípios que regularam até hoje o exercício do poder pelas instituições locais, poder esse repartido entre a Autoridade central, as Câmaras e as Juntas de Freguesia. Apesar das críticas que ainda se apontam à permeabilidade deste modemo administrativo face à arbitrariedade  com que foi usado e abusado, à medida das conveniências dos regimes políticos que se sucederam nos últimos 174 anos, os valpacenses podem orgulhar-se de ter na sua cidade uma bela rua com o nome de Passos Manuel, entre muitos naturais da vila, depois cidade, ou do concelho que também contribuíram para lhe dar vida, alguns dos quais já fizemos referência. Cumpre subscrever as palavras de exortação com que A. Veloso Martins na Monografia de Valpaços termina o seu panegírico a Passos Manuel:

Um “… Homem a quem Valpaços tanto deve e que nunca deverá esquecer.”

Para aceder a uma monografia mais detalhada sobre Passos Manuel, clique AQUI.

A Volta ao Mundo do Navio-Escola Sagres

Clique na imagem. Obrigado!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Recordando as “Pérolas bushianas”

Frases inolvidáveis do George W. Bush

por Umberto Eco, 23 de Fevereiro de 2003 


Com os ventos de guerra que correm, estamos nas mãos do homem mais poderoso do mundo — o sr. Bush. Agora já ninguém pretende, como queria Platão, que os Estados sejam governados por filósofos, mas conviria que estivessem nas mãos de pessoas com ideias claras. Vale a pena consultar na Internet o sítio www.bushisms.com, que recolhe frases célebres de Bush. Entre aquelas, sem data nem lugar, encontrei as seguintes:

- Se não tivermos êxito, corremos o risco de fracassar.
- Já é tempo de a raça humana entrar no sistema solar.
- Não é a poluição que ameaça o ambiente, são as impurezas do ar e da água.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

51º Aniversário da famosa fuga de Peniche

Álvaro Cunhal, o Forte de Peniche e o plano de fuga

Fuga de Peniche

A famosa fuga de Peniche foi uma das mais espectaculares da história do fascismo português, por se tratar de uma das prisões de mais alta segurança do Estado Novo.
No dia 3 de Janeiro de 1960 evadem-se do forte de Peniche: Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues.
No fim da tarde pára na vila de Peniche, em frente ao forte, um carro com o porta-bagagem aberto. Era o sinal de que do exterior estava tudo a postos. Quem deu o sinal foi o actor, já falecido, Rogério Paulo.
Dado e recebido o sinal, no interior do forte dá-se início à acção planeada. O carcereiro foi neutralizado com uma anestesia e com a ajuda de uma sentinela - José Alves - integrado na organização da fuga, os fugitivos passaram, sem serem notados, a parte mais exposta do percurso. Estando no piso superior, descem para o piso de baixo por uma árvore. Daí correm para a muralha exterior para descerem, um a um, através de uma corda feita de lençóis para o fosso exterior do forte. Tiveram ainda que saltar um muro para chegar à vila, onde estavam à espera os automóveis que os haviam de transportar para as casas clandestinas onde deveriam passar a noite.
Álvaro Cunhal passou a noite na casa de Pires Jorge, em São João de Estoril, onde ficaria a viver durante algum tempo.
Esta fuga só foi possível graças a um planeamento muito rigoroso e uma grande coordenação entre o exterior e o interior da prisão.
Do interior a comissão de fuga era composta por Álvaro Cunhal, Jaime Serra e Joaquim Gomes. Do exterior, organizaram a fuga Pires Jorge e Dias Lourenço, com a ajuda de Otávio Pato, Rui Perdigão e Rogério Paulo.

In http://www.citi.pt
Imagens (adaptadas): Id. | http://rumoaosul-marius70.blogspot.com | http://isabelmariados.blogspot.com


A evasão recordada pelo PCP no Telejornal da RTP1, há um ano

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Aristóteles e Alexandre

Autor: Annabel Lyon
Editora: Publicações Dom Quixote

Sinopse:
Este romance é uma ousada reconcepção de um dos mais intrigantes relacionamentos da História, entre o lendário filósofo Aristóteles e o seu mais famoso pupilo, o jovem Alexandre, o Grande.
342 a.C.: Aristóteles resiste a pôr de lado as suas ambições pessoais para ser tutor de Alexandre, o rebelde filho do seu amigo de infância Filipe da Macedónia. Não tarda, porém, que o filósofo se aperceba de que a formação daquele adolescente encantador, surpreendente e, por vezes, horripilante - herdeiro do trono da Macedónia e obrigado a pisar o campo de batalha antes do tempo - constitui uma desesperada necessidade no meio das intrigas cada vez mais sinistras da corte de Filipe.
Narrado na voz brilhantemente retratada de Aristóteles - de uma inteligência acutilante e muitas vezes de um humor bastante negro -, Aristóteles e Alexandre devolve-nos vividamente a Grécia da antiguidade através da história desta notável amizade entre duas figuras maiores, o inovador e o conquistador, de cujas visões do mundo ainda hoje encontramos ressonâncias.

http://www.portaldaliteratura.com/livros.php?livro=4990

domingo, 2 de janeiro de 2011

519º Aniversário da conquista do Reino Mouro de Granada

 A conquista de Granada, in http://historiageneral.com

Granada é uma cidade da Província espanhola com o mesmo nome, situada no sopé da Serra Nevada. Foi povoada pelos Iberos no século VIII a. C. e depois conquistada pelos Romanos que a designaram por Iliberis. Durante a dominação suevo-visigótica, fez parte do Reino visigodo de Toledo e tomou a designação de Elvira. Em 711, da expansão árabe comandada por Tarik resultou a sua tomada e ocupação pelos muçulmanos, ocupação essa que perdurou durante quase oito séculos, sendo então chamada de Ilibira. Durante esse logo período cultural constuiu-se o reino de que teve Ilibira como capital, e esta transformou-se numa das mais belas cidades peninsulares do seu tempo, sendo hoje uma das jóias da arquitectura islâmica da Península Ibérica cuja preservação de deve ao facto de ter sido tardiamente reconquistada pelos cristãos. No século XI a dinastia berbere dos Ziríadas trasladou a capital do Reino de Ilibira para a cidade de Garnatha Alyejud, da qual deriva o actual topónimo da cidade de Granada (que é efectivamente a antiga Elvira). Após as dinastias sucessivas dos Almorávidas e dos Almóadas, em 1231 impôs-se a dinastia dos Nazerís que estabeleceu definitivamente a designação de Reino de Granada. A tomada desta cidade, a última em poder dos mouros, pelas forças dos Reis católicos, a 2 de Janeiro de 1492, representa historicamente a consumação definitiva da Reconquista Cristã na Península Ibérica, sendo portanto um marco histórico assinalado e comemorado pelo Ocidente cristão.

Para conhecer mais detalhes sobre o Reino de Granada, clique AQUI.
Para conhecer mais detalhes sobre a reconquista de Granada, clique AQUI.

sábado, 1 de janeiro de 2011

1 de Janeiro - Dia Mundial da Paz e Dia da Fraternidade Universal

No dia 4 de janeiro de 1965, o papa Paulo VI visitou a Organização das Nações Unidas (ONU), na sua campanha e esforço para reconstruir a paz mundial. Ao se dirigir aos países-membros dessa Organização, ele pediu: "Deixai cair as armas de vossas mãos!". Três anos depois, esse mesmo pontífice, instituiu o Dia Mundial da Paz, - a ser comemorado a 1 de janeiro em todas as igrejas católicas do mundo -, dia em que todos os cristãos são incentivados a rezar para que a humanidade encontre o caminho da justiça e da paz e para que todos os povos abandonem as armas e se reconheçam e vivam como irmãos.
In http://www.quiosqueazul.com.br/

25.º Aniversário da integração de Portugal na CEE

Foi, há 25 anos, no dia 1 de Janeiro de 1986, que entrou em vigor o Tratado de adesão de Portugal na CEE, celebrado a 12 de Junho do ano anterior no Mosteiro dos Jerónimos e solenemente assinado pelo então Primeiro Ministro, Dr. Mário Soares, concretizando-se o primeiro grande objectivo do Governo português a caminho da União Europeia.

O tratado de adesão de Portugal à C.E.E. »
 ilutração de Leonel Salvado.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

150.º Aniversário do nascimento de Paiva Couceiro

Henrique de Paiva Couceiro, c. 1896, Álbum familiar
Henrique Mitchell de Paiva Couceiro (Lisboa, 30 de Dezembro de 1861 — Lisboa, 11 de Fevereiro de 1944) foi um militar, administrador colonial e político português que se notabilizou nas campanhas de ocupação colonial em Angola e Moçambique e como inspirador das chamadas incursões monárquicas contra a Primeira República Portuguesa em 1911, 1912 e 1919. Presidiu ao governo da chamada Monarquia do Norte, de 19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919, na qual colaboraram activamente os mais notáveis integralistas lusitanos. A sua dedicação à causa monárquica e a sua proximidade aos princípios do Integralismo Lusitano, conduziu-o por diversas vezes ao exílio, antes e depois da instituição do regime do Estado Novo em Portugal.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Para saber mais sobre esta figura da História de Portugal recomendamos que aceda ao artigo completo publicado na Wikipédia, AQUI.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Colmeal das Donas, uma aldeia fantasma no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo

Actualizado em 8 e Fevereiro de 2012

O Colmeal, uma "aldeia fantasma", foto de João Paulo Sousa in http://www.panorâmio.com

As aldeias abandonadas são uma realidade que vem suscitando, nos últimos anos, diversas reacções de pesar dos portugueses, sobretudo à escala regional, umas vezes movidos pelo natural apego ao seu património material e cultural, outras por incontidos sentimentos de nostalgia, outras vezes até por um inconsolável sentimento de injustiça. Na maioria dos casos, como sucedeu com a aldeia do Cachão, no concelho de Valpaços, essa realidade parece ter sido fruto da interioridade e dos surtos de emigração que se intensificaram no país a partir dos anos setenta. Noutros casos, porém, como os que sucederam nos tempos em que a ruralidade era encarada como umas das virtudes da Nação, encorajada pelo regime e acatada com maior ou menor resignação pelos povos, as causas revestiram contornos de efectiva injustiça e de consequências dramáticas que deixaram marcas nas populações durante várias gerações. Um desses casos, talvez o mais paradigmático, foi o caso da “tragédia do Colmeal”, uma aldeia do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, cujos moradores foram obrigados a abandoná-la por forças da GNR, no ano de 1957, em consequência de uma acção judicial que ainda hoje, passados 53 anos, gera desabafos de clara indignação em algumas vítimas e descendentes e confundem os juristas que procuram, à luz do sistema jurídico da época, indagar da legitimidade dessa acção. Esta questão, que desde há duas décadas tem preocupado o poder municipal, tem sido levada aos meios de comunicação e hoje mesmo foi tema de destaque no programa televisivo “Tardes da Júlia”, apresentado por Júlia Pinheiro no canal TVI. Enfim, face à documentação disponível, este lamentável acontecimento afigura-se-nos como uma tragédia que pode ser (re)apresentada em três actos.

A TRAGÉDIA DO COLMEAL EM TRÊS ACTOS
Colmeal, outrora designada de Colmeal das Donas é uma aldeia abandonada da freguesia que ainda lhe deve o nome, situada no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. De origens remotas (surge pela primeira vez mencionada em documentos papais e leoneses do século XII) tem uma história curiosa que atingiu o dramatismo a partir da década de 40 do século passado, começando por fazer correr rios de tinta na imprensa regional e nacional nos anos que se seguiram à revolução dos cravos e tendo vindo, nestes últimos anos, a ser cada vez mais mediatizada e a constituir motivo de fascínio por parte das novas gerações que a têm feito passar nos meios de comunicação social nas mais variadas formas, que vão desde as interessantes versões romanceadas de Felícia Cabrita até às reportagens de Sandra Invêncio e de Gabriela Marujo, as souberam explorar, literária e jornalisticamente, as memórias e lamentações dos seus antigos habitantes e expõem toda a verdade nua e crua da história desta «aldeia fantasma».

Acto Primeiro – Lendas e Narrativas

António Bordalo, 72 anos esgalhados na terra, tenta esquivar-se a uma velha maleita que se lhe encostou à alma. As pernas escanzeladas descobrem a força e a agilidade do antigo pastor e cortam o silvedo como lanças.
A espreitar do vale, o campanário da igreja paroquial do Colmeal dá sainete à serra. António estaca, no olhar o desconcerto, na boca mil maldições. Deus noutro tempo não sabia o que fazia. A porta do templo saiu dos gonzos, o telhado ruiu e o sino, que tinha escapado às invasões francesas, voou com alguma dança macabra. O velho procurava em volta vestígios do cemitério que as silvas escondem, entra na igreja, tropeça. As pedras de granito das sepulturas foram levantadas, crânios estilhaçados e ossos cortam-lhe os passos. Abre a porta da sacristia que dá para o cemitério, arbustos encorpados como gente, onde os bichos daninhos se acoitam, impedem a passagem, e ele quebra cego na dor: «Bandidos, ladrões, que aqui tenho meus avós, minha mãe, meu sangue».
António atravessa a aldeia fantasma à procura de velhas lembranças. O telhado da sua antiga casa tombou e à porta uma mata densa impede-lhe a entrada. No solar de Pedro Álvares Cabral, os frescos nas paredes despedaçadas, e a pedra de armas ainda resistem ao logro do tempo. As vacas são agora as senhoras da casa fidalga, nos antigos salões rompem com os velhos moldes feudais aliviando aliviando a tripa e protegem-se do sol implacável de Julho.
Sentado na escadaria, o velho solta a memória, alegrias e tristezas, lendas e medos de gente da serra, habitantes de uma aldeia com passado que teve o nome assente nos cronicões. Ali tinham nascido e morrido seus antepassados, avós lusos e iberos. O pai era lavrador e tinha de seu uma junta de bois e muitas colmeias. Viviam apenas da lavoura e quando não havia agricultura iam à jeira para terras de famílias abastadas. A água não faltava nas hortas e pomares, e as frutas e as hortaliças do Colmeal eram muito cobiçadas. Mas quando se aproximava Maio, antes das colheitas, não sobrava trigo para trocar por sardinha ou rabos de bacalhau, e os mais pobres não tinham outro passadio que não fosse pão com azedas que cresciam nas paredes.
Ia o século a dar os primeiros acordes e António, mal completara 7 anos, começou a galgar a serra com o rebanho do feitor. José Feliciano era bom homem, e ainda ia longe o tempo dos desacertos. Calçou-o, foram os primeiros sapatos que conheceu, com tamancos de pau ferrados. Dava-lhe a merenda e ao fim do ano oferecia-lhe um animal. António não pedia mais à sorte, que isso era quase pecado, e aos poucos conseguia uma cabrada. O rapaz andava com o rebanho à folha pela serra, sem quebranto. Um pau de choupo servia de arma contra os lobos e para vergar o fole a quem não viesse por bem. Pelava-se para abater o lobo ou a raposa e mostrava-se depois de povo em povo, a fazer gala da presa e a arrecadar ovos e farinha pelo serviço prestado aos galinheiros. Mas quando se aproximava Junho arrepelava-se se tinha que passar pela Cova da Moura, uma sepultura do tempo da moirama, encerrada numa fraga. Mantinham velhos pastores, que passavam dias e noites a cismar naqueles serros que arranhavam o céu, que a moura saía do seu encanto pela festa de S. João, e à noitinha estendia a sua roupa à orvalhada para não ganhar traça. As mulheres, a quem a natureza tinha concedido a fraqueza, quando vinham da ceifa não olhavam para trás para não caírem no feitiço. António com coisas dessa natureza nunca mofou, e era certo que depois da meia-noite baixava as trancas para se defender do andaço dos lobisomens que batiam às aldrabas a ver se pegava, e deitavam coices às portas.
Ao domingo abandonavam os sachos e as gadanhas, era dia de folgança. De manhã Padre Seixas, mais conhecido por Cieiro, mercê da comparação que o povo fazia entre ele e o vento nordeste, violento e frio, celebrava; ainda a missa era cantada. A igreja estava apinhada de povo, muito afeiçoado às coisas de Deus. O santo predilecto era o Pai eterno, que tinha uma bola na mão, representação do mundo. E eles andavam sempre muito alinhados com as leis divinas para não desfeitarem o santo, porque sabiam que se o globo caísse se afundava o mundo.
Mal a noite se punha, os rapazes faziam a ronda pelo povo, tocando concertina. As moças casadoiras juntavam-se à volta da fogueira e o baile corria até de madrugada. Não havia bicho-careta dos arredores que faltasse à festa, vinham de machimbo ou a butes no engodo das raparigas que tinham fama de muito galantes. Felisbela já andava embeiçada por um rapaz, um ás da harmónica, e nunca faltava à dança. Só tinha três fardas para pôr no corpo, mas chegava para agradar. O pai tinha-a debaixo de olho com medo que o vento a emprenhasse e punha-se debaixo do lampião para não perder qualquer atrevimento do noivo. Era leve como as penas e alegrava a roda com a sua graça. O lenço caía e mostrava o cabelo entrançado, grosso e brilhante, a querer desprender-se do carrapito. Os moços de fora levavam rebuçados que ela não comia temendo alguma miscelânea que a metesse doida. Era amiga da pândega mas sem dar muito paleio para não cair nas bocas do mundo e casar com honra e crédito. As romãzeiras engalanavam a aldeia, e os mais velhos abancavam em pedras e compunham a festa com relatos de coisas antigas e os enigmas das origens. Colmeal pertencera ao reino de Leão mas com as rapsódias da história passou para a coroa portuguesa. As demandas com os espanhóis despovoaram os lugares da serra e D. Afonso V deu-lhe carta de Couto em 1540, era senhor desse povo João Gouveia. Com a morte do fidalgo andou aquela terra de senhor para senhor até acabar nas mãos de Pedro Álvares Cabral. Felisbela que não conhecia letra nem livro, sabia que a sua aldeia existia desde o início do mundo e, como toda a gente, em tudo punha milagres. Por isso pelava-se para ouvir Amadeu, o poeta da terra, que em tempos ia a Belmonte, por soutos e moitas, altos e baixos, entregar aos cabrais um braço de cebolas e umas tantas galinhas pelo foro do povo.

Amadeu mexia em verso no passado e trapaceava as crónicas.
Junto à fogueira com a garrafa de vinho à perna, o poeta contava à sua maneira o que já ouvira dizer a seus antepassados sobre a origem da aldeia. Era uma vez um pastor deste lugar que entrou em desassossego com um sonho que o perseguia. Alguém lhe dizia que fosse a Belém procurar o seu bem, e de tanto malucar com este mistério, um dia foi. Ao chegar à beira de uma fonte, encontrou um pastor negro que lhe deu a chave da mensagem. E ele partiu às pressas, para junto do seu gado que andava no pasto, e debaixo de umas lajes encontrou uma cabra e um chibo de ouro. Por ser homem de honra não se alapardou com o tesouro e foi ao palácio entregá-lo ao rei. O monarca, satisfeito com a oferenda, disse ao pastor que lhe satisfazia um desejo. E o homem pediu-lhe umas terras para amanhar, e pastos para as suas cabras, e assim nasceu o Colmeal.
Felisbela quando mirava o solar dos Cabrais não duvidava da lenda na pedra de armas gravada, uma cabra e um chibo.
Por Felícia Cabrita, Colmeal, Ecos da Marofa, edição de 10-05-2007
Imagens: http://www.cm-fcr.pt

Acto Segundo – A verdade nua e crua

Eram mais ou menos dez horas da manhã, quando os habitantes do Colmeal, concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, foram surpreendidos por uma força da GNR que os expulsou de suas casas e lhes confiscou os seus pertences. Estava-se a 8 Julho de 1957. Quarenta anos volvidos no meio de todo o abandono a que ficou votado, e do elevado estado de degradação dos edifícios, o Colmeal serve de campo de pastagem dos animais daquele que se diz dono da aldeia. Mas há quem não esqueça esta injustiça.
«Andaram naquilo até à noite», lembra Albino Carvalho. Na altura, tinha pouco mais de trinta anos e a «vida arranjada». A tarefa era executada por «dois homens que traziam as coisas de casa para a rua», e, «como a gente era muita», foi necessário um dia inteiro. De certa forma, os habitantes do Colmeal sabiam que «algo de mal» lhes iria acontecer. Mas nunca pensaram numa sentença tão dura.
A história deste povo é de origem antiquíssima. O documento mais antigo que se conhece data do ano de 1183, quando D. Fernando II (Rei de Leão) se encontrava em Ciudad Rodrigo e doou o Colmeal, conjuntamente com outras povoações, à Ordem de São Julião do Pereiro. Uma doação confirmada pelo Papa Lúcio II em Abril do mesmo ano. Esta ordem teve a sua sede no lugar do Pereiro, onde ainda hoje se podem ver os vestígios perto de Cinco Vilas que faz fronteira com o Colmeal. Após o Tratado de Alcanices, os bens desta Ordem passam para a Ordem de Alcântara, em 1297, e as terras de Riba Côa são integradas na Coroa Portuguesa. As disputas com os espanhóis despovoaram os lugares da serra, e D. Afonso V deu-lhe carta de Couto - terra que não pagava impostos por pertencer a um nobre, com o nome de Colmeal das Donas em 1540. Era senhorio deste povo João Gouveia.
Com a morte deste fidalgo o Colmeal das Donas passa a pertencer a Vasco Fernandes de Gouveia (1476), e, com a morte deste, a Fernão Álvares Cabral e D. Isabel de Gouveia. Pais de Pedro Álvares Cabral.
Mudanças sucessivas levaram a que a burguesia endinheirada, saída da República, se fosse apoderando dos domínios da nobreza. Os Condes de Belmonte não escaparam e venderam o foro do Colmeal das Donas. Os novos proprietários mantinham direitos que remontavam ao tempo das sesmarias, ao mesmo tempo que lavravam à pressa escrituras e delimitavam terrenos. As gentes do Colmeal por sua vez, habituadas à servidão, continuavam a pagar foro. Desta feita, aos feitores dos novos senhorios. «Aquilo não se fazia»
O triste fado da aldeia foi ditado no início da década de 40 com a chegada de um novo rendeiro, que subia as rendas a seu bel-prazer. Valores que atingiram níveis quase impossíveis de suportar. Durante anos os habitantes "mataram-se" a trabalhar para pagar as rendas. Albino Carvalho recorda esses tempos sem saudade, mas lá vai dizendo que, embora as terras «fossem más», «uns lavravam, outros tinham cabras, outros tinham vacas», e a agricultura lá ia dando para viver e pagar aos rendeiros.
Revoltados com a situação, os habitantes do Colmeal recusaram-se a pagar e, como resultado, tiveram de travar uma longa batalha jurídica que de nada lhes valeu. O processo começou com a acção de despejo para o caseiro da casa dos Cabrais, acusado de deixar de pagar renda ao senhorio, mas anos depois os aldeões passaram à categoria de subarrendatários do mesmo e tratados de igual modo. Por altura das colheitas dois oficiais da justiça chegaram com a sentença final. Uma acção de despejo. Estava-se no dia 8 de Julho de 1957.
A GNR apresentou-se fortemente armada para o acto de despejo. Enquanto os aldeões tentavam a sua sorte nos montes sobranceiros à aldeia, as mulheres e as crianças refugiavam-se na igreja. Nada impediu as autoridades de rebentarem com as portas das casas e levarem os poucos haveres desta gente simples.
«Andavam em demanda há muito tempo», na opinião de Albino Carvalho. Designadamente, de Rosa Quirino Cunha e Silva que queria ser dona de todo o Colmeal. Tanto que o seu advogado, Manuel Vilhena, conseguiu "ajeitar" as leis e transformou a aldeia - anterior à nacionalidade portuguesa -, numa quinta.
A única coisa que Albino e a sua família conseguiram salvar foi «algumas roupas». Como não podia regressar ao Colmeal, a terra que o viu nascer, Albino teve de recomeçar do zero noutro lado. A escolha recaiu sobre Bizarril, a terra natal da sua esposa, e uma das anexas que serviu de refúgio às gentes da aldeia despojada. «Arrendámos esta casita», conta Albino, onde ainda hoje vivem os dois, o sustento era garantido pela agricultura. A profissão que sempre conheceram. «Tempos difíceis». As dificuldades arranjaram-lhe uma doença a que ele chama «velhice», e que não o deixa deslocar-se com a mesma energia de antes. Tem apenas 72 anos, mas anda encostado a um pau como se a vida o tivesse deixado. Com lágrimas nos olhos, lembra o filho que deixou lá enterrado. «Disseram-me que o cemitério está num estado lastimável, que arrancaram as pedras», conta. Assim como lamenta que o actual proprietário «tenha vendido todos os santos da igreja, segundo me disseram, a um senhor de Trancoso».
Maria Matilde não nasceu naquela aldeia, mas foi lá crismada, e lembra-se bem da festa de S.Miguel. «Era uma grande festa. Toda a gente das aldeias vizinhas se deslocava ao Colmeal». Maria Matilde não fugiu à regra «e quase todos os anos ia à festa». Esta mulher natural de Bizarril não está de acordo com o que aconteceu aos habitantes da aldeia vizinha. «Aquilo não se fazia», afirma em tom revoltado. «Ainda me lembro que se via um guarda com uma metralhadora, além no cimo do monte». E reforça, «aquilo não se fazia»... «O Colmeal não é a quinta dada aos Quirinos».
Jerónimo Leitão proclama-se legítimo dono do Colmeal. «O Dr.Vilhena e o Dr.Crespo vieram ter comigo, e perguntaram-me se queria comprar aquela aldeia abandonada», recorda. Respondeu afirmativamente mas com uma condição: a compra ser feita pelos três. Assim foi. Os donos do Colmeal passavam a ser Manuel Vilhena, Miguel Crespo e Jerónimo Leitão. Entretanto, Vilhena vendeu a sua parte a este último, que passou a ser dono de cerca de mil hectares. Depois do 25 de Abril vendeu «400 hectares à Portucel», e arrendou, «por 25 anos, as partes mais altas da serra [Marofa] à Soporcel».
«Fizemos tudo para a recuperar», garante Jerónimo Leitão, «mas já naquela altura estava degradada». O espaço foi então aproveitado para uma exploração agrícola, a ser aumentada futuramente. «Vou proceder à recuperação de lameiros para as vacas», adianta. Quanto à venda do recheio da igreja, argumenta que «comprei, por isso é meu. Tenho toda a legitimidade de fazer o que achar melhor».
Quem não se conforma é Aires Cruz, descendente e criado na aldeia do Colmeal, e um dos expulsos, que afirma que «está provado que o Colmeal é uma aldeia e não uma quinta». «A aldeia tem uma Igreja Matriz [em 1320/21, no arrolamento que D. Dinis mandou elaborar estava mencionada a Igreja do Colmeal], uma casa da Junta da Paróquia, um Paçal com adro, um cemitério e ruas públicas», isto, garante, «provado e documentado». «Uma quinta não pode ter Paçal, Junta da Paróquia, nem cemitério público, onde os enterramentos datam de meados do século XVII». Resumindo, «existe uma aldeia, que é a aldeia do Colmeal, e cujas confrontações estão bem definidas, porque são de todos conhecidas». No entanto, prossegue, «existe uma quinta, não se sabe onde, mas que não pode ser a quinta que a justiça deu de facto aos Quirinos». Essa é a grande questão para Aires Cruz: «O Colmeal não é a quinta que foi dada aos Quirinos».
Este interesse desmesurado, em sua opinião, tinha a ver com a abundância de água. Um autêntico «manancial que dava aos camponeses uma situação de estabilidade». Tanto que levou os interessados a fazer os registos pela calada. Opção acertada já que os habitantes «não tinham argumentos nem quem os defendesse». Estavam por conta própria na medida em que nem o então presidente da câmara, Porfírio Augusto Junqueiro, os defendeu quando foram chamados a tribunal. Nunca saberemos o que esteve por detrás da atitude do presidente, mas, nas palavras da viúva, Mercedes Junqueiro, poderá ter a ver com questões legais. «Seria possível ao presidente da câmara opôr-se a uma lei emitida pelo Tribunal?», pergunta. O facto é que existiam registos de propriedades, e garantias orais de pertença de terrenos. E a decisão tombou a favor daqueles que tinham os registos. Mas Mercedes Junqueiro garante que a decisão não foi tomada «friamente». Foi uma decisão «demorada e dolorosa». E finaliza, «eu e o meu marido tivemos muita mágoa pelo povo do Colmeal».

À espera de respostas concretas

Após o 25 de Abril o processo foi reaberto, as pessoas foram ouvidas no Tribunal de Figueira, por um desembargador vindo de Coimbra, e ficou decidido que poderiam regressar às suas casas e terras, ficando a parte do Pradinho para a actual quinta. Uma decisão publicada em edital nas várias aldeias do concelho. Aires Cruz ainda se lembra desse edital estar afixado em Freixeda do Torrão e no Bizarril, e de ter recebido posteriormente «um exemplar em Angola», que deixou na casa que teve de abandonar devido à Guerra Civil.
O Governador Civil da Guarda na altura era Manuel Cardoso Vilhena. A 4 de Janeiro de 1989, Fernando Carrilho Martins, então autarca de Figueira, publicava um edital onde tornava público que, «nos termos do Decreto-Lei nº 205/88, de 16 de Junho último, e por força do disposto no artigo 2º da mesma disposição legal, a partir deste data, adaptação ou alteração dos bens imóveis classificados ou em vias de classificação e das respectivas zonas espaciais de protecção têm de ser assinadas por arquitectos». Da lista de bens imóveis que se encontravam classificados, constava a Povoação do Colmeal como imóvel com valor concelhio.
Em 1993, Aires Cruz apresentou o caso ao Procurador-Geral da República e demais autoridades, onde não pôde deixar de se mostrar indignado com todo este processo e acusa as autoridades judiciais de «não saberem, ou não quererem ver que estavam a praticar uma injustiça, em vez de aplicar a justiça». Até à data, e apesar de ter feito várias diligências, ainda não recebeu respostas concretas, e aguarda que seja feita «justiça a uma aldeia antiquíssima».
Fonte: Gabriela Marujo, Os despojos do dia, Terras da Beira, edição de 9-10-1997
Imagem: http://www.novaaguia.blogspot.com

Acto Terceiro – As perspectivas de regresso

Da casa onde Jacinta Carvalho nasceu e viveu até aos 21 anos já só resta parte das paredes exteriores. A aldeia fantasma do Colmeal é toda ela ruína, da igreja que já perdeu o telhado àquele que terá sido um imponente solar, no extremo oposto. «Esta não é a minha terra», reage emocionada a idosa, que, no último sábado, visitou pela primeira vez a aldeia desde os acontecimentos daquela manhã de Julho de 1957 - em que os habitantes foram despejados por uma ordem judicial, num caso único nos anais da justiça portuguesa.
Jacinta Carvalho vive a uns 13 quilómetros do Colmeal, em Castelo Rodrigo, e conseguiu estar 52 anos sem voltar à sua terra natal. Por opção. A sua família, tal como as restantes 12 que aqui moravam em regime de foro, perdeu tudo. Confessa que lhe custa recordar o quanto o pai chorou naquele dia, em que a família se mudou para Castelo Rodrigo, para a casa onde morava já uma irmã, que entretanto ali tinha casado. Foi aqui que recomeçou a sua vida, que também casou e teve três filhos. Começa por responder com um «não sei porquê» quando questionada acerca dos motivos que a levaram a aceitar o convite de O INTERIOR para voltar à aldeia. E emociona-se novamente. Diz que não foi pela recente decisão da Assembleia Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo de criar um grupo de trabalho para averiguar do potencial turístico do Colmeal – baseado na sua história, nas potencialidades ambientais e ainda no facto de por aqui ter morado a mãe de Pedro Álvares Cabral – e nem tão pouco pela possibilidade de vir a recuperar a casa da família. «Para que a quero agora?», questiona.
Jacinta Carvalho não tem planos para a casa. «Não vim cá antes porque tinha medo de me sentir mal», confessa. Veio agora porque, a cada vez que respondia com um “não” aos sucessivos convites de familiares e outros ex-moradores, crescia a curiosidade em saber como estaria a sua pequena aldeia: «Olhe, já não aguentava mais», desabafa.
Jacinta Carvalho recorda-se bem do dia do despejo. Conta que foi a mãe que na véspera, numa ida a Figueira Castelo Rodrigo, soube que na manhã seguinte iriam ser despejados. Tudo porque o feitor subarrendatário não pagava a renda há quatro anos àquela que era, de acordo com uma escritura de 1912, a nova e legítima proprietária dos terrenos dos herdeiros dos condes de Belmonte. A mãe da então jovem Jacinta Carvalho apressou-se a regressar à terra para avisar os aldeões. Na altura, Jacinta Carvalho era já a única de seis irmãos a residir ali com os pais. «Tínhamos uma boa seara nesse ano e então passámos a noite toda a tentar levar para Castelo Rodrigo o máximo que conseguíamos», recorda. Com o amanhecer veio o inevitável: 25 praças e três oficiais da GNR irromperam pela aldeia, entraram nas casas, retiraram os pertences dos moradores e colocaram-nos nas proximidades da Quinta Serra, a mais de um quilómetro. «Os nossos bens estavam misturados com os dos outros», conta. A família pegou nos seus pertences e rumou para Castelo Rodrigo. Outras permaneceram por ali até encontrarem um tecto.
«Um erro judicial, matricial e histórico»
Foi o caso de Aires Cruz, outro ex-habitante, que há 17 anos tenta perceber o que diz ter sido «um erro judicial, matricial e histórico». Tinha na altura 9 anos. «Foi muito complicado», lembra. A mãe era uma viúva com cinco filhos para sustentar. A família acabou por fixar-se em Freixeda do Torrão. Agora, Aires Cruz mostra-se algo céptico em relação às recém-anunciadas intenções da autarquia, mas diz que são «boas notícias» e que «já é tempo de ser feita justiça». O antigo residente do Colmeal tem mesmo uma monografia para publicar no próximo ano, onde diz provar que se tratou «de uma apropriação de terras indevida». O Colmeal é sede de freguesia e está provado documentalmente que é paróquia, desde 1940, refere Aires Cruz. «O documento nunca foi apresentado em tribunal, que considerou erradamente o Colmeal como quinta», sustenta. O resultado das suas investigações já o levou mesmo a escrever ao Presidente da República, Procurador-Geral da República e presidente do Supremo Tribunal de Justiça, entre outros. Aires Cruz diz esperar agora que a autarquia não se fique pelas intenções.
Fonte: Sandra Invêncio, De regresso ao Colmeal, 52 anos depois, Interior, edição de 21-05-2009
Imagem: Id.


Update... quase tudo na mesma!

“Da igreja restam as colunas, o arco e pedaços de parede. Os proprietários cederam-na à paróquia no ano passado, entregando algumas imagens que se julgavam desaparecidas.
Quando chegou à presidência da câmara, há seis anos, António Edmundo contactou os proprietários das terras. Falou «com o pai e com o filho, e nada». Já vai na «terceira geração» e espera agora que o neto resolva a situação. 
«Ainda há quatro ou cinco famílias vivas» de antigos habitantes e cada uma devia ter a oportunidade de recuperar a sua casa ou de a transformar para acolher os turistas que ali se deslocassem, e a casa dos Cabral seria o local colectivo, para reuniões, bar, restaurante – foi este o desafio que o autarca lançou ao actual proprietário, mas a ideia «praticamente não avançou», lamenta. 
«Há muita confusão à volta do processo», que chegou a ser estudado por uma comissão na assembleia municipal – mas «que não fez nada praticamente». A autarquia gostava de ver o passado posto de lado «antes que se perca aquilo tudo».
«Turismo de aldeia» era o que António Edmundo gostava de ver nascer no local e até já apresentou um plano de viabilidade ao actual dono – que devia, na sua opinião, recorrer a fundos comunitários. A autarquia assumiria a recuperação da capela, a chegada de água e energia à aldeia, os arruamentos. 
António Edmundo até já aproveitou os fundos comunitários para caminhos rurais e fez uma estrada em paralelo até Colmeal, num projecto que custou 89 mil euros (comparticipado em 66 mil pela União Europeia). A estrada termina onde as ruínas começam.
In http://www.cafeportugal.net, sábado, 9 de Julho de 2011

A Festa da Sagrada Família no Vaticano

Papa lamenta atentados contra os cristãos

Por Vera Luza, 27-12-2010

«Foi com grande tristeza que tomei conhecimento do atentado a uma igreja católica das Filipinas, quando se celebrava o rito do Natal, como também do ataque a igrejas cristãs da Nigéria. E também noutras partes do mundo, como no Paquistão, a terra voltou a ser manchada de sangue», lamentou o Papa.
Bento XVI falava, ontem perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro, no Vaticano, para a tradicional celebração da Sagrada Família.
«Neste dia em que celebramos a Sagrada Família, que viveu a dramática experiência de ter que fugir para o Egipto por causa da fúria homicida de Herodes, recordemos também todos os que - em particular as famílias que são constrangidas a abandonar as próprias casas por causa da guerra, da violência e da intolerância», disse.
O Papa referia-se aos atentados ocorridos no dia de Natal, nas Filipinas e na Nigéria; e juntamente com os seus pêsames, renovou um apelo a que se abandone o caminho do ódio.
«Desejo exprimir as minhas sentidas condolências pelas vítimas destas violências absurdas e renovo uma vez mais o apelo a abandonar o caminho do ódio para encontrar soluções pacíficas dos conflitos e para dar segurança e serenidade às queridas populações», lê-se na reportagem da Rádio Vaticano.
Na sua alocução antes da oração do Angelus, Bento XVI falou da Sagrada Família, convidando a contemplar o Menino Jesus no presépio, objecto do afecto e das atenções dos seus pais, Maria e José, que O acolheram também no seu coração. «Confiemos a Nossa Senhora e a São José todas as famílias, para que não desanimem perante as provações e dificuldades, mas cultivem o amor conjugal e se dediquem confiadamente ao serviço da vida e da educação», pediu.
«Jesus nasceu num estábulo, tendo como berço uma manjedoura, mas o amor de Maria e de José fizeram-lhe sentir a ternura e beleza de sermos amados», recordou.

In Jornal da Madeira On line - http://www.jornaldamadeira.pt/

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Mais esclarecimentos sobre a nova espécie de hominídeo descoberta na gruta de Denisova

Cientista da equipa que descobriu novo humano diz que este se reproduziu connosco
Por Teresa Firmino, 23-12.2010
Pelo menos até há 30 a 50 mil anos, um grupo de humanos desconhecidos até agora, os denisovanos, coexistiram com os Neandertais e a nossa espécie (os humanos modernos). Mais: houve mistura genética entre os denisovanos e nós, uma conclusão de novas análises genéticas aos achados da gruta Denisova, na Sibéria. Um dos cientistas da equipa, Bence Viola, do Instituto Max Planck para a Antropologia Evolutiva, Alemanha, diz que há 100 mil anos a diversidade humana era muito maior do que pensávamos.

ENTREVISTA DE BENCE VIOLA

Os denisovanos são uma nova espécie de humanos?
Não falamos da questão de os denisovanos serem ou não uma nova espécie, porque é difícil responder a isso com os dados genéticos. Utilizando a definição biológica aceite, segundo a qual os membros de diferentes espécies são reprodutivamente isolados, pelo que não têm descendência, é difícil declarar os denisovanos - e também os Neandertais - como uma espécie separada, uma vez que se reproduziram claramente com os humanos modernos. Em geral, estes resultados levam-nos a repensar, pelo menos a mim, o conceito de espécie na evolução humana.

Qual a importância da descoberta desta forma de humanos antigos?
Esta descoberta mostra que vários grupos humanos - alguns diriam espécies - habitaram a Terra ao mesmo tempo há cerca de 100 a 80 mil anos. Há 100 mil anos pode ter havido cinco grupos de humanos: teríamos os humanos modernos (os nossos antepassados directos) em África; os Neandertais na Europa e em parte do Próximo Oriente; os denisovanos na Sibéria e possivelmente em parte do Sudeste asiático; talvez o Homo erectus tardio em Java, na Indonésia; e a forma anã do Homo floresiensis na ilhas das Flores, Indonésia. Isto é bastante diferente do que pensávamos há dez anos, pois nessa altura supunha-se só existirem os humanos modernos e os Neandertais.

Quando se extinguiram os denisovanos? E porquê?
Não sabemos. Embora pensemos que provavelmente se espalharam pela Ásia, não temos qualquer prova clara disso noutro sítio [além dos achados na gruta Denisova, na Sibéria]. A sua extinção deve ter acontecido depois de há 50 mil anos, que é a idade mais provável dos achados de Denisova. Provavelmente, isto aconteceu ao mesmo tempo que a extinção dos Neandertais [há 30 mil anos]. Não temos modelos para as razões por que se extinguiram, mas talvez a competição com os humanos modernos seja uma boa razão.

Temos um osso e um dente destes humanos na Sibéria. Mas, bastante longe, a sua equipa também descobriu que as actuais populações da Melanésia apresentam traços genéticos desses humanos. As migrações deles são um quebra-cabeças?
São. Sabemos que os seus antepassados saíram de África a certa altura, mas não sabemos quando. Eles acabaram na Ásia, mas só temos provas claras deles na Sibéria. Pensamos que estiveram noutras partes da Ásia, como no Sul da China, uma vez que sabemos [através de análises genéticas] que encontraram os melanésios, habitantes da Papuásia-Nova Guiné e Ilhas Salomão. É pouco provável que estes tipos tenham ido primeiro para norte, para a Sibéria, para depois virem para sul em direcção ao Pacífico. Estamos só a começar a compreender o que se passou na Ásia.

Por que é que essa rota logo para norte é pouco provável?
A maioria das pessoas supõe que os antepassados dos melanésios [já humanos modernos], após saírem de África, seguiram uma rota através da costa Sul e Sudeste da Ásia. Por isso, a ideia de que os denisovanos foram primeiro para a Sibéria e depois é que viraram para sul parece menos provável.

Qual é a maior surpresa que este achado trouxe?
Sem dúvida, a ligação à Melanésia é uma grande surpresa. Quando os meus colegas geneticistas me falaram dela, primeiro pensei que era uma brincadeira. Teria ficado muito menos surpreendido se os chineses ou as populações da Ásia Central tivessem traços genéticos dos denisovanos. Os chineses e os mongóis estão muito mais perto da Sibéria, por isso seria mais fácil a hipótese de uma troca genética. Além disso, há muito tempo que os antropólogos chineses reivindicam a existência de uma continuidade genética na China entre os hominídeos mais antigos - principalmente o Homo erectus encontrado em Zhoukoudian [em 1921] - e os actuais chineses. Terem-se reproduzido com pessoas que vivem hoje no outro lado do mundo, a dez mil quilómetros de distância, é bastante surpreendente. Estamos a recolher amostras de populações por toda a Ásia, para tentar encontrar outras ligações. Mas até agora ainda não tivemos sucesso.

Qual é o próximo passo na investigação destes humanos?
Encontrar mais, tanto na gruta Denisova como nas grutas dos Montes Altai, e sobretudo no resto da Ásia (China, Mongólia e Indonésia). Também estamos a fazer comparações genéticas mais detalhadas, através do aumento da amostra de homens modernos. Vai ser interessante ver onde estão conservadas no genoma as partes oriundas dos denisovanos.
O Público, http://www.publico.pt

Algumas das mais bizarras e intrigantes descobertas arqueológicas


As 9 mais bizarras e controversas descobertas arqueológicas da história
Por Zitos

Muitas descobertas estranhas arqueológicas já foram feitas na história moderna. Centenas de artefatos foram descobertos que confundiram cientistas e desafiou a visão moderna da história. Muitos desses objetos foram achados fora de lugar ou anacronismos. Estas descobertas são sempre controversas e a comunidade científica é extremamente seletiva no que eles aceitam como fato consumado. Cada objeto desta lista tem sido acusado de ser um embuste elaborado. Em muitos casos, uma conspiração é a única explicação, sem uma reformulação ampla do mundo e dos livros de história. Esses artefatos contam histórias de civilizações antigas, pré-colombianas, contratos trans-oceânicos, e misteriosos avanços tecnológicos. Muitas dessas descobertas arqueológicas desafiam a teoria científica da evolução, assim como muitas crenças religiosas.