terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Holodomor - o holocausto Ucraniano


http://ucrania-mozambique.blogspot.com
Quando se fala dos grandes massacres e extermínios do século XX o holocausto Judeu, executado pelos Nazis, é quase sempre lugar-comum e tido como o evento mais negro e que centraliza mais atenções; quando muito refere-se as recentes “limpezas étnicas” nos Balcãs.
Já os casos mais a Leste, aqueles actos desumanos de extermínio que foram levados a cabo pela União Soviética, a mando de Estaline durante o seu regime de terror, nem sempre são citados, até porque não temos muita informação precisa e objectiva à mão e porque os Media pouco falam disto - é usual referir-se apenas que Estaline matou e condenou muitos russos aos Gulags na Sibéria. Mas hoje começa-se a investigar cada vez mais a fundo as obras de assassinato em grande escala praticadas ao longo do século XX pelo regime Soviético. Sabe-se agora que Estaline foi responsável por um dos maiores extermínios e assassinatos em larga escala da História da Humanidade. Os seus alvos não era étnicos como as vítimas do regime Nazi, as suas vítimas eram inimigos políticos – reais ou inventados. Um dos maiores extermínios que levou a cabo foi na Ucrânia.

Em 1932-33 Estaline transformou a Ucrânia, onde na altura começavam a surgir algumas tensões revoltas para com o jugo Soviético, num campo de extermínio à escala de um país. Esse evento ficou conhecido como Holodomor ou a Grande Fome da Ucrânia. Conseguiu exterminar em apenas um ano e sem grandes recursos, meios e logística, mais pessoas do que os Nazis conseguiram em tão pouco tempo e de uma maneira ainda mais desumana: através da lentidão da fome. Nesse inverno (32-33), as reservas de alimento por toda a Ucrânia – que era considerada durante todo regime soviético o “Celeiro da URSS”-, especialmente os cereais, foram confiscados, usados para alimentar outras zonas da URSS e o remanescente exportado. Assim, Estaline deixou a Ucrânia de rastos – morreram mais de 7 milhões de ucranianos no ano de 1933, quando o habitual seria algo por volta dos 500 mil –, subjugou e esmagou a oposição política e utilizou aquilo que deveria alimentar os ucranianos para seu próprio proveito político e económico. Tudo isto aconteceu sem que as democracias do Ocidente fizessem ou tivessem qualquer vontade de impedir o genocídio ucraniano.
Estas informações foram obtidas através do documentário “A união Soviética a descoberto”, da autoria de Edvins Snore, e exibido recentemente no Canal de História. Este documentário é riquíssimos em informações, de tal modo que ainda farei mais um texto sobre ele, mas é também rico em imagens de uma violência atroz e que não recomendo aos mais susceptíveis.
São casos como este que nos levam a constatar que, o modo como se escreve a história – a tenção que se dá em mediatizar alguns eventos e esconder outros -, é responsável por um quase reinventar do que se passou, sendo que nem sempre aquilo que se supões ou considera como um dado adquirido o seja.
A figura de Estaline, tal como a de outras personalidades que são no mínimo discutíveis quanto aos actos que cometeram, ainda se reveste, em alguns meios e para algumas pessoas (que dizer das imagens da conferência de Ialta...), de uma máscara que lhe esconde e oculta as monstruosidades inacreditáveis que cometeu – actos que lhe valeriam provavelmente o prémio do maior monstro do século XX, mas infelizmente há mais candidatos para esse odioso lugar.

Por Micael Sousa, 28 de Novembro de 2010
In http://abuscapelasabedoria.blogspot.com

A esta pertinente divulgação de Micael Sousa do documentário passado no Canal de História acrescentamos mais alguns dados informativos do desenvolvimento deste assunto recolhidos do blogue Uma Sombra de Ucraniano, com as “observações de um aprendiz de Ucraniano”.

Stalin condenado na Ucrânia
«Já começam a pipocar notícias em português (pode ver no Svit) sobre a “condenação de Stalin” pelo tribunal de Kyiv.
Depois de mais de 70 anos, o Tribunal de Apelações de Kyiv, com base em informações do Serviço de Segurança da Ucrânia, condenou Josef Stalin, Vyacheslav Molotov, Stanislav Kosior, Vlas Chubar, Lazar Kaganovich e Mendel Khatajevych pelo crime de genocídio contra o povo ucraniano.
Ao que foi apurado, 3 milhões e 941 mil pessoas foram diretamente mortas nesse crime. Além disso, foram contadas mais 6 milhões e 122 mil mortes de bebês que estavam para nascer.»

In http://ucrania-mozambique.blogspot.com, 14-01-2010

3 comentários:

  1. É com enorme prazer que me sinto a contribuir aqui para blogue, até porque isto chegará aos mais novos e estudantes de Valpaços. Mas, a tristeza também invade por todos os actos vis que o texto fala. No entanto, também sinto esperança, esperança que através da divulgação destes negros passados não se cometam acto sequer cinzentos no futuro.

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  2. Caro Leonel,
    ontem tive oportunidade de ler um post que se relaciona, ainda que indirectamente, com esta temática: os massacres de que não tivemos conhecimento!
    basta seguir este link:
    http://actofalhado.blogs.sapo.pt/866531.html
    Não fazia a mínima ideia de que tal pudesse ter acontecido e logo com uma personalidade por quem tinha admiração: Winston Churchill

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  3. Caro José Coroado:

    Agradeço-lhe, mais uma vez, a sua incursão pelo Clube de História de Valpaços, desta feita com a sua bem-aventurada sugestão para consultar o post constante no link que visitou e que tive o prazer de lhe seguir o exemplo. Como deve ter constatado já “palmei” o post para o Clube de História de Valpaços, a partir da sua fonte original, o blogue “Corta-fitas”.

    Bem-Haja!

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