Nascido em Ligares, povoação do concelho de Freixo de Espada à Cinta, a 15 de Setembro de 1850, segundo alguns autores, ou a 17 do mesmo mês e ano, segundo outros, Guerra Junqueiro não carece de grandes apresentações para a maioria dos portugueses e, sobretudo, dos transmontanos. Nascido no seio de uma família transmontana de camponeses abastados, perdeu a mãe quando contava apenas três anos, fez os estudos preparatórios em Bragança e com apenas dezasseis anos de idade matriculou-se no Curso de Teologia na Universidade de Coimbra, transferindo-se pouco depois, na mesma instituição, para o curso de Direito que terminou em 1873, aos vinte e três anos. Se é certo que despertou muito cedo para a literatura, escrevendo em 1864, a sua primeira obra conhecida, “Duas páginas dos quatorze anos”, é também reconhecida pela a sua precoce entrada e escalada na vida política e administrativa, sendo, assim, recordado suas notáveis qualidades de escritor, poeta e jornalista bem como de alto funcionário administrativo, político e deputado. Nesta data comemorativa do seu nascimento seleccionámos uma breve resenha biográfica a seu respeito, que passamos a transcrever.
Nome: Abílio Manuel Guerra Junqueiro
Nascimento: 15-9-1850, Freixo de Espada à Cinta
Morte: 7-7-1923, Lisboa
Poeta e político português, nascido em 1850, em Freixo de Espada à Cinta (Trás-os-Montes), e falecido em 1923, em Lisboa, Guerra Junqueiro é entre nós o mais vivo representante de um romantismo social panfletário, influenciado por Vítor Hugo e Voltaire. Oriundo de uma família de lavradores abastados, tradicionalista e clerical, é destinado à vida eclesiástica, chegando a frequentar o curso de Teologia entre 1866 e 1868. Licenciou-se em Direito em Coimbra, em 1873, durante um período que coincidiu com o movimento de agitação ideológica em que eclodiu a Questão Coimbrã. Nessa cidade convive de perto com o poeta João Penha, em cuja revista literária, A Folha, faz a sua estreia literária. Durante a sua vida, combina as carreiras administrativa (exercendo a função de secretário dos governos civis de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo) e política (sendo eleito por mais de uma vez deputado pelo partido progressista) com a lavoura nas suas terras de Barca de Alva, no Douro. Nos anos oitenta, participa nas reuniões dos Vencidos da Vida, juntamente com Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido, entre outros. Reage ao Ultimato inglês de 1890, com o livro de poesias Finis Patriae, altura em que se afasta ideologicamente de Oliveira Martins, confiando na República como solução para os males da sociedade portuguesa. Entre 1911 e 1914, assume o cargo de Ministro de Portugal na Suíça. Na fase final da sua vida, retira-se para a sua propriedade no Douro, assinalando-se então uma viragem na sua orientação poética, que se volta para a terra e para "os simples", como atestam as suas últimas obras: Pátria (1896), ainda satírica, mas já de inspiração saudosista e panteísta; Os Simples (1892) - um hino de louvor à terra, de uma poesia que evoca a sua infância, impregnada de saudosismo, de recordações calmas e consoladoras e onde se sente uma grande ternura pela correspondente paisagem social; Oração ao Pão (1903) e Oração à Luz (1904), estas enveredando por trilhos metafísicos.
O anticlericalismo, que em vida lhe granjeou o escândalo e a fama, o estilo arrebatado, vibrante, apoiado na formulação épica do verso alexandrino de influência huguana, contribuíram para a apreciação do crítico Moniz Barreto:
"Quando se procura a fórmula do espírito de Guerra Junqueiro acha-se que ele é muito mais orador que poeta e que tem muito mais eloquência que imaginação." Poeta panfletário, confidencial, satírico e também religioso, o seu valor foi contestado na década de 20. No entanto, os seus defensores nunca deixaram de acreditar na sua genialidade como satírico e como lírico.
Bibliografia: Duas Páginas dos Catorze Anos, 1864 (poesias); Mysticae Nuptiae, 1866 (poesias); A Vitória da França, 1870 (poema); A Espanha Livre, 1873 (poema); A Morte de D. João, 1874 (poema); Contos para a Infância, 1877 (contos); A Musa em Férias, 1879 (poesias); A Velhice do Padre Eterno, 1885 (poesias); Finis Patriae, 1890 (poesias); Marcha do Ódio, 1890 (poesias); Os Simples, 1892 (poesias); Pátria, 1896 (poesias); Oração ao Pão, 1903 (poema); Oração à Luz, 1904 (poema); Prosas Dispersas, 1921 (prosas); Horas de Combate, 1924 (prosas, edição póstuma)
In Infopédia,Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-09-15].
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