segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sacadura Cabral desapareceu no Mar do Norte há 86 anos

Artur de Sacadura Freire Cabral (Celorico da Beira, 23-04-1881 - Mar do Norte, 14-11-1924)

Já nos havíamos reportado a esta singular figura da História da Aviação em Portugal no post que publicámos a 17 de Junho do corrente ano, intitulado “A primeira travessia aérea do Atlântico Sul”, nesta mesma categoria da “Aviação na História [Nacional]”, que foi um dos seus maiores feitos, juntamente com Gago Coutinho. Decorridos 86 anos da sua trágica morte e do mecânico que o acompanhava, Pinto Correia, algures no Mar do Norte aos comandos de um Fokker T III W, é tempo para deixarmos aqui mais umas palavras em sua memória, subscrevendo o sentido discurso de homenagem que Jorge Estrela lhe dedicou no seu blogue “Phalerae” há quase dois anos, bem como a ilustração e caracterização de um aparelho aeronáutico semelhante ao que foi referido publicados por Miguel Amaral no blogue colectivo “Templar Squadron” a 7 de Julho passado.


Homenagem a Sacadura Cabral
Por Jorge Estrela, 21-02-2009

Na senda das homenagens a Gago Coutinho é impossível esquecer o outro elemento da mais famosa dupla da História de Portugal: Sacadura Cabral.
Depois de viver anos de apoteose nacional e internacional junto de Gago Coutinho, o Piloto Aviador Naval responsável pela pilotagem dos três aeroplanos que fizeram a famosa travessia do Atlântico Sul, este Oficial de Marinha vai ter um fim trágico.
Em 1923 começou a trabalhar para o seu projecto de reunir condições que permitissem um inédito voo de circum-navegação, segundo a rota de Fernão de Magalhães.
Com ofertas várias e com as subscrições abertas em Portugal e no Brasil, conseguiu reunir dinheiro para a compra de 5 aviões Fokker T III W, que escolheu para o dito projecto. Em Junho de 1924 partiu para os Países-Baixos para assistir à recepção oficial dos aeroplanos e regressou a Portugal um mês depois, pilotando um desses aviões.
Em Novembro do mesmo ano regressou à Holanda, com outros pilotos, para trazerem os outros que faltavam.
No dia 15 de Novembro de 1924, Sacadura Cabral, e o seu Mecânico Pinto Correia, morrem quando, enfrentando condições climatéricas muito adversas, o seu avião caiu (por causas ainda hoje desconhecidas) algures no Mar do Norte, após a saída de Amesterdão e quando se dirigia para Lisboa.
Como alguém disse, de uma forma muito poética: “O mar foi a sua mortalha e o avião a sua tumba”
O mundo civilizado ficou chocado com a trágica morte deste herói da aviação e, quando do desastre foram mobilizados meios imensos para encontrar e resgatar o seu corpo, no entanto todos os trabalhos foram infrutíferos. É em consequência deste esforço internacional que será publicado um decreto que vai conceder algumas Ordens Honoríficas Portuguesas para premiar aqueles que, sendo estrangeiros, mais se empenharam na busca.

Decreto de 10 de Agosto de 1927 (Diário de Governo nº 193, II Série, de 1927)
Ministério da Marinha, Repartição do Gabinete:

Usando da faculdade que me confere o n.º 2 do artigo 2.º do Decreto n.º 12.740, de 26 de Novembro de 1926, sob propostas do Ministro da Marinha, aprovadas pelos respectivos Conselhos das Ordens Militares de Avis e de Cristo, depois de prévias informações favoráveis do Ministério dos Negócios Estrangeiros: hei por bem decretar que os Oficiais e cidadãos de diversas nacionalidades, abaixo mencionados, que intervieram nas buscas realizadas por ocasião do desastre, ocorrido no mar, que vitimou o Capitão-de-Fragata Artur de Sacadura Freire Cabral e o Mecânico José Pinto Correia, sejam condecorados com os graus das referidas Ordens que lhes vão indicados:

- Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis:
Robert-Marie-Gabriel-Alfred De Marguerye, Vice-Almirante da Marinha Francesa
C. C. Zegers Ryser, Contra-Almirante da Marinha Holandesa
D. Luis Pasquín y Reinoso, Contra-Almirante da Marinha Espanhola

- Comendador da Ordem Militar de Avis:
Hautefeuille, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
E. A. Mesnage, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
L. C. P. Pochart, Capitão-de-Fragata da Marinha Francesa
Gautret de la Moricière, da Marinha Francesa
Edmond Grabbe, Capitão-Tenente da Marinha Belga

- Oficial da Ordem Militar de Avis:
C. A. Weemhoff, 1º Tenente Aviador da Aviação Holandesa
Bouleau, 1º Tenente da Marinha Francesa
Loudes, 1º Tenente da Marinha Francesa
G. E. Benoit, 1º Tenente da Marinha Francesa

- Cavaleiro da Ordem Militar de Avis:
P. van Lenning, 2º Tenente Aviador da Aviação Holandesa
A. J. E. Deshayes, Guarda-Marinha da Marinha Francesa
J. M. L. Guillemin, Guarda-Marinha da Marinha Francesa

- Cavaleiro da Ordem Militar de Cristo:
Joseph Daems, Cidadão belga, Chefe do Aeródromo de Ostende
Pierre Martinsen, Cidadão belga, Mestre da Traineira 87 Emmanuel.

Texto e imagem : In http://phalerae-jvarnoso.blogspot.com/


O Fokker T III W e suas características

Fokker T III W, infante Sagres, ilustração de Miguel Amaral

Os Fokker TIII W foram adquiridos em 1924 à marca holandesa, e receberam os números 25 a 28. Foi num destes aviões que Sacadura Cabral e Pinto Correia (mecânico), perderiam a vida num voo ferry, ao desaparecer no Mar do Norte ainda durante o ano de 1924. Este Fokker com o nº25 tem duas valências associadas, terá sido o primeiro a chegar à Amadora a 30 de Agosto de 1924, com a particularidade de ter sido o único a possuir trem de aterragem, e mais tarde lhe seriam aplicados flutuadores. Outro apontamento de importância está relacionado com o facto de o 25 ter tentado estabelecer uma ligação Lisboa - Funchal - Ponta Delgada nos primeiros meses de 1926, facto que não viria a acontecer. Durante o voo e por falta de condições de visibilidade o 25 seria obrigado a amarrar já perto do Funchal, tendo avião e tripulação sido resgatada por uma embarcação de pesca. Depois de reparada a avaria seguiram para Ponta Delgada, mas não sem antes serem obrigados de novo a amarrar sem o destino à vista. Este Fokker com o nº 25 viria também a ser o único a possuir nome de baptismo "Infante de Sagres".

Por Miguel Amaral, 7-07-2010 in http://templarsquadron.blogspot.com


Sacadura Cabral na BD

Se é admirador desta personagem da História da Aviação em Portugal bem como de Gago Coutinho, e é  apreciador de Banda Desenhada, recomendamos a aquisição do livro "Chamo-me Sacadura Cabral" editado pela Didáctica Editora com texto de J. M. Castro Pinto de ilustrações de Jorge Miguel.




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