Por Leonel Salvado
D. Fernando, o infante santo | quadro quatrocentista
|
Museu Nacional de Arte Antiga | in Dicionário
Enciclopédico
da História de Portugal, Publ. Alfa, 1991, vol I
Da morte trágica do infante D.
Fernando, oitavo filho de D. João I de Portugal e de D. Filipa de Lencastre e o
mais novo membro da “ínclita geração”, ficou para a eternidade a dolorosa e
comovente lembrança dos portugueses. Fernando nasceu em Santarém, em 29 de
Setembro de 1402, crescendo rodeado dos mais extremosos afectos até à idade de
34 anos, e faleceu, segundo insistem os cronistas, em Fez, no Norte de África,
em 5 de Junho de 1443 (faz hoje 569 anos), após seis anos de grande sofrimento
no cativeiro onde, segundo os cronistas, suportou as maiores afrontas e impropérios com total e
constante resignação pessoal, mesmo quando vira perdidas todas as esperanças no
seu resgate, a que ele próprio estóica e humildemente se opôs quando teve
conhecimento dos rumores de que no reino se chegou a admitir que para esse fim
fosse finalmente entregue aos seus captores a praça de Ceuta. Tal trágico desfecho é, por outro lado, despida desta secular visão romântica e atribuído à intransigência do Infante D. Henrique perante a devolução da cobiçada praça norte-africana, o qual terá preferido o sacrifício do irmão ao dos interesses do país.
A sua triste sina começou a
revelar-se em 1437, quando decidiu alinhar na arriscada expedição militar para
a tomada de Tânger comandada pelo irmão, o infante D. Henrique, a contragosto
dos restantes irmãos, o rei D. Duarte, Pedro, duque de Coimbra e D. João,
infante de Portugal. Tal como pressentira o rei, seu irmão, a campanha terminou
num absoluto e vergonhoso desastre para as forças cristãs, tendo estes sido
forçados a negociar com os infiéis a retirada dos portugueses sob promessa da
restituição de Ceuta, ficando cativo como penhor dessa promessa o infeliz
infante D. Fernando. Entretanto, foi conduzido para Arzila em companhia de
alguns fidalgos e criados que escolheram ficar a seu lado e depois transportado
para Fez onde foi sujeito aos mais bárbaros tratamentos até à sua morte. Os seus
restos mortais só seriam resgatados em 1471 pelo rei D. Afonso V, seu sobrinho,
um ano depois de o seu culto ter sido aprovado, e solenemente depositados na
Capela do Fundador no Mosteiro da Batalha, onde também jazem os seus pais e
irmãos.
Existe uma descrição sobre alguns
pormenores do drama vivido pelo infante D. Fernando no cativeiro que podem ser
consultados AQUI.
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