domingo, 8 de abril de 2012

Carta Arqueológica do Concelho de Valpaços – 5. C

ADÉRITO MEDEIROS FREITAS, Julho de 2001

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FREGUESIA DE BOUÇOAIS - C

TRANSCRIÇÃO E REPRODUÇÃO INTEGRAL AUTORIZADA PELO AUTOR


13. Sepulturas antropomórficas:

Sepulturas antropomórficas
Localização:
A cerca de 500 metros a NE da aldeia de Bouçoais, numa propriedade (vinha) do Sr. Adamastor Lopes, nas proximidades e a SE do lagar 9.

Acesso:
O mesmo já indicado para o lagar 9.

Coordenadas de Gauss:
278,6
531,0

Coordenadas geográficas:
Altitude: 540 metros 
Longitude: 7º 12’ 00’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 28’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:
Estas duas sepulturas, dispostas paralelamente uma à outra foram cavadas numa rocha granítica (granito equigranular, de grão médio e grosseiro, com biotite e moscovite). Superficialmente este granito encontra-se muito alterado, possui cor acastanhada e escama com relativa facilidade.
Estão orientadas segundo WSW – ENE, com as cabeceiras voltadas para ENE. Nas descrições seguintes, consideramos o observador de frente para ENE.

Sepultura da esquerda. Medidas:
- Cavidade para apoio da cabeça:
Comprimento – 25 cm
Largura – 32 cm
Profundidade – 25 cm
- Largura ao nível dos ombros – 51 cm
- Largura ao nível da bacia – 38 cm
- Largura ao nível dos pés – 15 cm
- Comprimento total – 181 cm
- Profundidade média – 20 cm

Sepultura da direita. Medidas:
- Cavidade para apoio da cabeça:
Comprimento – 22 cm
Largura – 34 cm
Profundidade – 19 cm
- Largura ao nível dos ombros – 45 cm
- Largura ao nível da bacia – 38 cm
- Largura ao nível dos pés – 15 cm
- Comprimento total – 169 cm
- Profundidade média – 20 cm

Devido à morfologia (sepulturas antropomórficas), as distâncias entre elas variam, sendo:
- Ao nível dos pés – 40 cm
- Ao nível das bacias – 28 cm
- Ao nível das cabeças – 25 cm

As extremidades anteriores e posteriores, das duas sepulturas formam arcos perfeitos. Ao contrário do que acontece com as outras sepulturas deste tipo, identificadas nesta e noutras freguesias, é a sepultura colocada à direita que possui maior comprimento.


14. Sepultura antropomórfica:

Sepultura antropomórfica. Planta e perfil.

Sepultura antropomórfica

Localização:
Na mesma propriedade (vinha) do Sr. Adamastor Lopes, de Bouçoais, a 85 metros de distância e a SW das duas sepulturas anteriormente descritas. Foi encontrada por mim quando, no dia 27 de Agosto de 1991, ali me desloquei na companhia do José Luís P. de Carvalho, dedicado e entusiasta colaborador de vários anos, e do Sr. Manuel Barroso (65 anos) para observarmos o lagar 9 e as sepulturas 13, situadas nas proximidades.

Acesso:
O mesmo já referido para o lagar 9.

Coordenadas de Gauss:
277,6
530,6

Coordenadas geográficas:
Altitude: 540 metros 
Longitude: 7º 12’ 00’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 28’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:
É uma sepultura isolada, cavada num rochedo de granito equigranular, de grão médio e grosseiro, de duas micas, com predomínio da moscovite. Manifesta, à superfície, um elevado grau de alteração dos feldspatos e da biotite.
Esta sepultura está orientada, como as anteriores, segundo WSW – ENE, mas com a cabeceira voltada para WSW.
Uma das curiosidades desta sepultura é a de que, nas suas extremidades anterior e posterior (ver perfil longitudinal) alarga em profundidade. Por tal motivo, o seu comprimento ao nível do pavimento é superior ao que se verifica à superfície.

Comprimento à superfície – 164 cm
Comprimento no fundo – 180 cm
Comprimento da cavidade para a cabeça – 27 cm
Largura ao nível da cabeça – 34 cm
Largura ao nível dos ombros – 45 cm
Largura ao nível das ancas – 51 cm
Largura ao nível dos pés – 38 cm
Profundidade máxima (a NNW) – 41 cm
Profundidade máxima (a SSE) – 25 cm

De todas as sepulturas inventariadas, este é a única em que:

- O comprimento é superior em profundidade que a superfície. Entre os dois comprimentos verifica-se uma diferença de 16 cm.

- A largura da extremidade posterior, destinada ao apoio dos pés, é superior à da extremidade oposta para o apoio da cabeça.

A menor profundidade verificada a SEE justifica-se de pelo facto de, deste lado, existir uma superfície rebaixada que não me pareceu intencional, mas resultante da actuação dos agentes de Geodinâmica Externa sobre uma rocha granítica alterada e fracturada.


15. Sepulturas antropomórficas:

Sepulturas antropomórficas.
Localização:
A algumas centenas de metros a NNW do lugar do Cabeço (onde se localiza o castro de Bouçoais), no limite de uma vinha propriedade do Sr. Felizardo Simões.

Acesso:
Por um caminho público que, de Bouçoais, passa junto do edifício da sede da Junta de Freguesia. A referida propriedade localiza-se à direita deste caminho e, aproximadamente, 200 metros antes do desvio (à esquerda) para o Cabeço.

Coordenadas de Gauss:
276,3
530,8

Coordenadas geográficas:
Altitude: 670 metros 
Longitude: 7º 12’ 49’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 43’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:
Estas duas sepulturas, colocadas paralelamente uma à outra, estão orientadas segundo ESSE – WNW, com as cabeceiras voltadas para WNW.
Foram cavadas num rochedo granítico que se eleva, do lado da vinha, 1,30 metros acima do solo. O granito é equigranular, de grão médio a grosseiro, com duas micas e pouco alterado.

Conforme as fotografias documentam, uma fractura natural intercepta obliquamente as duas sepulturas, dividindo o rochedo granítico em dois blocos. Esta fractura natural tem uma orientação NE – SW. Posteriormente à abertura destas sepulturas, os dois blocos graníticos resultantes daquela fractura natural deslocaram-se, afastando-se 2 cm a SW e 12 cm a NE. Simultaneamente com este afastamento dos dois blocos, ocorreu um desligamento esquerdo de 10 cm.
É surpreendente que, num tão curto período de tempo, em termos de cronologia geológica, se tenha verificado um tão significativo movimento de afastamento e desligamento.
De todas as sepulturas identificadas, estas são as de maiores dimensões e em melhor estado de conservação. Medem:

Sepultura da direita:
Comprimento – 173 cm
Largura ao nível da cabeça – 28 cm
Largura ao nível dos ombros – 50 cm
Largura ao nível dos pés – 31 cm
Profundidade ao nível da cabeça – 13 cm
Profundidade média – 24 cm

Sepultura da esquerda:
Comprimento – 192 cm
Largura ao nível da cabeça – 34 cm
Largura ao nível dos ombros – 51 cm
Largura ao nível dos pés – 28 cm
Profundidade ao nível da cabeça – 14 cm
Profundidade média – 24 cm

16. Sepulturas (A, B e C):


As quatro sepulturas esquematizadas representam tudo o que resta de um conjunto que, de acordo com as informações recolhidas, poderia atingir um número muito elevado.
Das quatro sepulturas representadas, três (B e C) foram cavadas num rochedo granítico de grandes dimensões que se eleva, acima do solo da vinha ao lado, 1,36 metros.
Segundo informação do Sr. David Domingues existiriam, cavadas neste bloco granítico, mais sepulturas. Foram destruídas quando, a N, este rochedo foi fragmentado. Dois grandes blocos resultantes desta fragmentação estão ali, no solo, com a superfície voltada para baixo. É muito provável que, nessa superfície invertida, ainda se encontrem vestígios dessas sepulturas. A confirmação ou não desta hipótese passa pela movimentação dos dois blocos, o que só é possível com o auxílio de uma máquina.

Localização:
No extremo W de uma vinha propriedade do Sr. David Domingues, sita no lugar das Trapas.

Acesso:
O mesmo já descrito para a estrutura 12.

Coordenadas de Gauss:
278,0
531,0

Coordenadas geográficas:
Altitude: 545 metros 
Longitude: 7º 11’ 32’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 34’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:

Sepultura A:

Sepultura A

A câmara funerária, rectangular, é limitada por fragmentos tabulares, naturais, de granito. Dos três fragmentos limitantes esquematizados, apenas o fragmento maior (a) se encontra na sua posição natural. Este mede 1,29 metros de comprimento. Os outros dois esquematizados encontravam-se no local, mas deitados. Foram por nós colocados de pé pelo que as suas primitivas posições podem ter sido alteradas.
O fragmento b, paralelo a a, mede 36 cm de comprimento. A distância entre estes dois fragmentos é igual a 43 cm, o que corresponde à largura da câmara funerária.
Informou-me o Sr. David Domingues que muitas sepulturas deste tipo se encontravam no terreno que, hoje, constitui uma vinha. Elas foram sendo destruídas no decurso dos trabalhos agrícolas, principalmente nos relacionados com a respectiva plantação.

 Sepultura B:

Sepultura B

Cavadas num rochedo granítico de grandes dimensões, na sua posição natural.
O granito é equigranular com tendência para porfiróide, de duas micas, encontrando-se bastante alterado superficialmente, o que conduziu à destruição parcial de uma das sepulturas por acção dos agentes de Geodinâmica Externa.
Estas duas sepulturas são do tipo antropomórfico, dispõem-se paralelamente, orientam-se segundo E-W, com as cabeceiras voltadas para W.


- Sepultura da direita:
Comprimento – 173 cm
Comprimento do apoio da cabeça – 24 cm
Largura ao nível do pescoço – 23 cm
Largura ao nível dos ombros – 47 cm
Largura ao nível das ancas – 41 cm
Profundidade máxima – 23 cm
Profundidade mínima – 15 cm

- Sepultura da esquerda:
Comprimento – 184 cm
Comprimento do apoio da cabeça – 25 cm
Largura ao nível do pescoço – 27 cm
Largura ao nível dos ombros – 47 cm
Largura ao nível das ancas – 41 cm
Largura ao nível dos pés – 24 cm
Profundidade máxima – 24 cm
Profundidade mínima – 17 cm

Sepultura C
Sepultura C

Possui configuração mais simples que as duas anteriores, com forma oval alongada, sem cavidade para a cabeça individualizada. Julgo-a cronologicamente mais antiga.
Está orientada segundo SSE-NNW, com a cabeceira voltada para NNW.
Mede:

Comprimento – 173 cm
Largura ao nível dos ombros – 49 cm
Largura ao nível das ancas -42 cm
Largura ao nível dos pés -22 cm

Dista 6,90 metros da sepultura A e 13,1 metros das sepulturas B. Foi cavada numa plataforma granítica, mais ou menos horizontal, que se eleva a 57 cm em relação aquela onde foram cavadas as sepulturas B.


17. Fraga da Corriça (altar?):
Fraga da Corriça. Planta e perfis.

Localização:
A cerca de 200 metros a W das sepulturas A, B e C.

Acesso:
Através de terrenos cultivados, a partir da posição das referidas sepulturas.

Coordenadas de Gauss:
277,8
531,1

Coordenadas geográficas:
Altitude: 550 metros 
Longitude: 7º 11’ 31’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 47’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Fraga da Corriça. Altar de sacrifícios (?).

Características:

É um monumento arqueológico diferente, na sua estrutura particular, de todos quantos me foi dado observar. Pelo conjunto das suas características, creio que desempenhava funções cultuais relacionadas com a prática da inumação de cadáveres.
Foi cavado numa rocha granítica, na sua posição natural. O granito é equigranular com tendência para porfiróide, com biotite e moscovite. Este bloco granítico, alongado, orienta-se segundo NE-SW. Mede:

Comprimento – 5,40 mteros
Largura máxima – 1,15 metros
Altura máxima -1,50 metros

Este rochedo (ver perfil segundo a b) descai suavemente de SW para NE. É na zona mais elevada deste rochedo que foram cavadas uma série de estruturas que, no conjunto, julgo constituírem um “altar”.
A partir da extremidade de SW, podemos observar:

- Uma cavidade de secção circular, cujo diâmetro vai diminuindo em profundidade. Mede, no topo, 24 cm de diâmetro e, de profundidade, 19,5 cm. Dista, do limite do rochedo, 9 cm.

- Ao lado desta existe outra cavidade, lateralmente aberta para o exterior. Julgo que esta cavidade seria semelhante à anterior. O aspecto actual julgo explicar-se pela acção erosiva de materiais transportados pelo vento, bem como da água das chuvas sobre um material granítico mais ou menos alterado.

- A seguir e na zona mais elevada do rochedo, foi cavado um sulco em forma de anel, de largura variável;
A SW – 37 cm
A NW – 24 cm
A NW e SE -15 cm
A profundidade desta depressão circular varia entre um mínimo de 5 cm e um máximo de 15 cm. Esta depressão dista das cavidades inicialmente descritas, 18 cm.

- Segue-se uma área de forma mais ou menos trapezoidal, limitada por um sulco pouco profundo e pouco largo, em comunicação com a depressão circular. A base maior desta superfície trapezoidal mede 73 cm, a base menor (voltada para NE) mede 48 cm e a altura (distância entre as duas bases) mede 120 cm. A distância desta superfície ao extremo NE do rochedo é igual a 2,60 metros.
Como esta superfície inclina para NE não me parece que o sulco limitante desta área trapezoidal tivesse a função de recolher e transportar qualquer espécie de líquido. Julgo que a função deste sulco era a de limitar uma área sagrada, reservada à vítima do sacrifício ou à pessoa encarregada da sua concretização.

18. Lagar ou Altar (?):

Lagar ou Altar (?). Planta e perfil.

Localização:
A cerca de 100 metros do lagar 9, entre este e a E. N. 213-1, numa propriedade do Sr. João Baptista. Situa-se num grande rochedo granítico à beira do carreiro que, da estrada, conduz à propriedade do Sr. Adamastor Lopes. A distância entre a estrada e este monumento arqueológico percorre-se, a pé, em menos de 5 minutos.

Acesso:
O mesmo já indicado para o lagar 9.

Coordenadas de Gauss:
277,6
530,4

Coordenadas geográficas:
Altitude: 515 metros 
Longitude: 7º 12’ 00’’ W (Gr.) Latitude: 41º 44’ 24’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 35: - LEBUÇÃO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:
Lagar ou Altar (?).

Este interessante monumento arqueológico foi cavado num grande rochedo de granito, arredondado, que mede:

Comprimento – 5 metros
Largura – 3,5 metros
Espessura – 1,2 metros

Como a sua base também é convexa e assenta sobre o solo saibroso, resultante da alteração do granito, a estrutura que vamos descrever situa-se a cerca de 2 metros acima do nível do solo do carreiro. Por outro lado, verifica-se que este rochedo não ocupa a sua posição inicial. Pela acção da gravidade ele sofreu um deslocamento para S e E, que o inclinou levemente nestas direcções.
Para se atingir a estrutura cavada neste rochedo é necessário contorná-lo pelo N e aproveitar outros rochedos aí presentes.
Esta estrutura consta de:

- Uma cavidade rectangular, que mede:
Comprimento – 186 cm
Largura – 128 cm
Profundidade – 1 a 2 cm

- Mais ou menos segundo o eixo maior desta cavidade existe um sulco com 40 cm de comprimento e cuja largura varia entre 21 e 8 cm. Através deste sulco, a maior parte do líquido obtido na referida superfície vai ser lançado numa cavidade rectangular que mede:

Comprimento máximo – 96 cm
Comprimento mínimo – 92 cm
Largura máxima – 50 cm
Largura mínima – 41 cm
Profundidade máxima – 25 cm
Profundidade mínima – 9 cm

- Em posição descentrada, do lado direito e no fundo desta cavidade, existe uma pequena depressão circular com 22 cm de diâmetro e 7 cm de profundidade. Em comunicação directa com aquela cavidade rectangular, de recepção existem, de um e outro lado, mais dois sulcos que medem, apenas, 2,5 cm de largura e 1,5 cm de profundidade. Destes sulcos um, o da esquerda (a) é mais curto e comunica directamente com a cavidade subrectangular onde, eventualmente, seria derramado qualquer espécie de líquido. O outro, da direita no esquema (b), é independente da referida cavidade e mede dois metros de comprimento. Destinar-se-ia a recolher e conduzir à cavidade de recepção o líquido derramado, a N, fora daquela superfície subrectangular.

Porquê a minha hipótese de considerar que este monumento arqueológico poderá ter desempenhado funções cultuais, isto é, um “altar de sacrifícios”?

Todos os numerosos lagares descritos neste trabalho foram cavados em rochedos graníticos cujas superfícies se encontram pouco acima do nível do solo envolvente, ou com fácil acesso pelo menos por um dos lados, o que facilitava o transporte dos frutos bem como a recolha do líquido resultante do esmagamento dos mesmos.
Numa região onde abundam superfícies rochosas com aquelas características, não se compreende que tenham escolhido, para cavar um “lagar”, o topo de um rochedo, 2 metros acima do solo e com um acesso relativamente difícil. As dificuldades manifestavam-se, certamente, quer no transporte dos frutos, quer no transporte do líquido obtido.
Também a superfície de esmagamento dos frutos, dada a sua reduzida profundidade, só permitiria a utilização de pequenas quantidades de cada vez.

“O altar é o lugar sobre o qual se oferece o sacrifício à divindade, o que lhe confere uma dignidade excepcional e faz dele o lugar sagrado por excelência em todos os cultos…
O altar é, assim, como que o padrão erguido da terra a asssinalar esta presença divina entre os homens”.
P. J. DA COSTA FERREIRA,
Enciclopédia Verbo, vol. 1, pág. 1469

Pela sua situação acima do espaço envolvente, permitindo um acompanhamento fácil à multidão de crentes a qualquer acto ali realizado, formulei a hipótese de que, esta estrutura, representa um lugar onde “eram oferecidos sacrifícios a uma qualquer divindade pagã”, isto é, “um altar de sacrifícios”.

19. Cadeira do Rei:

A “Cadeira do Rei”. À direita, sentado no trono, o seu proprietário, 
Sr. João Alves (92 anos de idade)

Localização:
Em Real Covo, numa propriedade situada ao lado da casa onde morou o Sr. João Alves, à direita da E. N. 213 – 1, em direcção a Bouçoais.

Acesso:
Dista, da estrada referida, cerca de 50 metros. Qualquer habitante da aldeia indica a sua posição.

Coordenadas de Gauss:
256,7
559,0

Coordenadas geográficas:
Altitude: 560 metros 
Longitude: 7º 12’ 50’’ W (Gr.) Latitude: 41º 43’ 24’’ N

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 48: - VILARANDELO (Valpaços).
Escala: 1: 25.000

Características:

Cavado num afloramento de granito, esta estrutura assemelha-se, de facto, a um cadeirão, um “trono”, com costas e apoios para os braços e para os pés.
O rochedo onde foi cavado, assim como o terreno onde o mesmo se encontra, inclinam para SE.
Medidas:

- Assento:
Comprimento – 52 cm
Largura – 35 cm
Altura máxima – 32 cm
Altura média – 27 cm
Altura mínima – 16 cm

- Apoio para os pés:
Constitui uma superfície horizontal, picada e aplanada, com 55 cm de largura e 92 cm de comprimento. Uma vez que se encontra 31 cm abaixo do nível do assento, constitui um cómodo apoio para os pés de quem se encontre na posição de sentado. Este apoio continua-se para NE, por uma faixa também horizontal, picada e aplanada mas com, apenas, 32 cm de largura. Creio destinar-se a facilitar o acesso com um máximo de segurança.
Julgo que a “Cadeira do Rei” desempenhou, no passado, uma função meramente cultual. Nesta espécie de “trono” sentava-se, certamente, um superior hierárquico para presidir a um acto solene.
Em frente da “cadeira do Rei” existe um terreno com declive acentuado onde, actualmente, nenhuma estrutura visível está presente. Que, ali, tenha existido uma construção artificial entretanto destruída, é uma hipótese. Outra hipótese é a de que, por baixo do solo, as rochas graníticas presentes e na sua posição natural, mantenham alguns vestígios que possam, eventualmente, lançar alguma luz sobre este problema.
Uma escavação local é uma actividade que deve ser considerada!


Lenda:

A actual aldeia de Real Covo chamava-se, no tempo dos mouros, apenas Covo. Certo dia passou por ali o Rei que, encantado com a beleza do lugar e a hospitalidade dos seus habitantes decretou, depois de um necessário repouso: de hoje em diante passarás a chamar-te “Real Covo”.

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FIM
(Bouçoais)

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