domingo, 10 de abril de 2011

Fontes, chafarizes e marcos fontanários do concelho de Valpaços – Água Revés e Crasto 4

Transcrição do texto de Adérito Medeiros Freitas
Recriação gráfica pseudo-faiança de Leonel Salvado

FREGUESIA DE ÁGUA REVÉS E CRASTO  – Crasto II

 A Fonte dos Namorados

Tema: Observação à Fonte dos Namorados, no Crasto | Objecto: prato
criação digital e adaptação: Leonel Salvado
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Fonte de Mergulho

Tema: Fonte dos Namorados, Fonte de Mergulho ao Lugar da Fonte, Crasto | Objecto: prato
Foto – base: Adérito M. Freitas | criação digital e adaptação: Leonel Salvado
(clique sobre a imagem para aumentá-la)

Localização: Crasto
Lugar: À Fonte
Altitude: 289 metros   Longitude: 7º 19’ 38,1’’ W   Latitude: 41º 33’ 39,5’’ N
Ano de construção: 1782
Material de construção: Granito equigranular de grão médio, com moscovite e biotite, mas leve alteração química deste último mineral.

Características gerais: […] Situa-se a cerca de 200 m da E. M. 551 e nas proximidades da margem direita da Ribeira de Midões. Para quem se dirija do Crasto em direcção a Valpaços, pela referida estrada, um carreiro à esquerda e a cerca de 80 metros antes de se atingir a ponte sobre a Ribeira, dá acesso à Fonte dos Namorados, situada no meio de um aglomerado de árvores e arbustos que se vê em frente. Sepultada durante muitos anos devido a um deslizamento de terras ela possuía, em Setembro de 2004, o magnífico aspecto que a fotografia apresenta [na obra do autor]. Depois que fui informado da existência desta fonte dirigi-me ao local que me foi indicado e, por entre um matagal de silvas e outras plantas pude observar a uma certa distância, maravilhado, as superfícies frontais das três últimas aduelas da abóbada, achado que comuniquei, de imediato, ao meu caro amigo Senhor Serafim Cerdeira Machado, Presidente da Junta de Freguesia de Água Revés.

É com grande satisfação que registo, aqui, o trabalho extraordinário da Junta de Freguesia, logo que lhes dei conhecimento da existência desta fonte. Numa primeira fase de trabalhos e como se impunha, mandou cortar e remover todo o mato da área envolvente, trabalho que demorou dois dias (29 e 30 de Junho de 2004). Posteriormente, mandou remover toda a terra frontal até à soleira da porta, bem como toda a terra e pedras que enchiam, por completo, todo o espaço interior da fonte, e um pouco da entrada da mina que a alimenta. Como resultado destes trabalhos, a água voltou a correr e pode, hoje, ser de novo recolhida quer no interior da fonte, directamente de uma caleira de granito, quer de um tubo montado para o efeito e que conduz a água desde o reservatório até ao cimo da escarpa da margem direita da Ribeira, em frente e a poucos metros de distância. A sensibilidade do Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Água Revés e a rapidez com que ordenou a realização dos trabalhos que de imediato se impunham, são um exemplo digno de nota, que eu não posso deixar de realçar. Outros trabalhos de maior vulto que restituam a esta bonita fonte todo o seu anterior interesse, são os planos para uma terceira e última fase que, acredito, em breve verei concretizados!

A planta interna, rectangular, mede 1,40 m de comprimento e 1,15 m de largura. O reservatório da fonte, rectangular, muito bem trabalhada e em granito, mede 1,40 m de comprimento, 56 cm de largura e 50 cm de profundidade.
A porta mede 1,23 m de altura, 1,40 m de largura e termina em arco de volta perfeita, com 70 cm de flexa e 1, 40 m de vão. A soleira da porta, formada por uma só laje de granito com 17 cm de espessura e que se eleva frontalmente e relativamente ao solo 16 cm, evidencia um acentuado desgaste, resultante do continuado roçar dos cântaros durante décadas. No pavimento e frontalmente à porta, existe uma laje de granito com 1,00 m de comprimento e 65 cm de largura média. À esquerda da porta, ainda parcialmente oculta pelos materiais que sobre ela se depositaram (14 de Abril de 2005) encontra-se uma laje de xisto metamórfico com 80 cm de comprimento e apoios do mesmo material, 42 cm acima do solo e que formava, sem qualquer dúvida, um banco para descanso das pessoas e pouso para os cântaros. Possui 55 cm de altura e, informaram-se, existia outro do lado oposto. O tecto, em abóbada de berço, é formado por cinco aduelas, quatro das quais com 60 cm de largura cada e cuja superfície interna, côncava, constitui uma porção da superfície cilíndrica que a caracteriza. A aduela fecho da abóbada contém gravado o provável ano da sua construção (1782).
Internamente e na parede de fundo, uma porta rectangular magnificamente trabalhada, com entalhes laterais e superior, que estabelece a comunicação entre a nascente e o reservatório e que mede 1,10 cm de altura e 52 cm de largura. Na base desta porta, uma caleira em granito com 55 cm de comprimento e através da qual a água vinda da mina, atinge o depósito.

Adérito M. Freitas, Concelho de Valpaços, FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA…, C.M.V., Vol. I, 2005, pp. 54-56.

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