Por Reuters – 19.03.2012
Documentos de Einstein | Documentos do físicoReuters/Ronen Zvulun
Os documentos escritos por Albert Einstein vão estar disponíveis num site produzido pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Não são só os documentos científicos que qualquer um vai poder ler: entre os 80.000 documentos disponibilizados pela universidade, estarão cartas de amor e manuscritos que mostram os esforços políticos encetados pelo Nobel.
Passados 57 anos da morte de Einstein, a universidade que o Nobel ajudou a fundar disponibilizou nesta segunda-feira parte dos seus documentos na Internet. A instituição está decidida a publicar digitalmente todo o arquivo do cientista no site Einstein Archives Online.
Entre os documentos que mais provavelmente irão atrair a atenção do público está um manuscrito muito raro em que o autor escreveu a fórmula da teoria da relatividade: E=mc2 (Energia é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz no vácuo).
Mas há material para todos os gostos. Existem 24 cartas de amor dirigidas à sua segunda mulher, mas que foram enviadas quando Einstein ainda estava casado com a sua primeira mulher.
Em relação ao homem político, existe neste arquivo uma proposta feita pelo físico em 1930 para uma “reunião secreta” entre judeus e árabes para trazerem a paz ao Médio Oriente.
Neste momento, só está publicada uma parte dos documentos escritos antes de 1923, quando Einstein tinha 44 anos. À medida que as folhas de papel vão sendo digitalizadas, a maioria escritas na língua materna de Einstein, o alemão, a universidade irá publicar traduções em inglês e notas sobre os documentos, disse Hanoch Gutfreund, do grupo responsável pelos arquivos.
“Isto não vai servir só para satisfazer a curiosidade dos curiosos”, disse o responsável. “Também vai ser uma ferramenta muito importante de educação e de investigação para os académicos.”
Alguns dos objectos eram tão pessoais que os especialistas pesaram cuidadosamente se os publicavam ou não. Entre estes estão 24 cartas de amor que o cientista escreveu à prima, Elsa Einstein, com quem manteve uma relação extraconjugal durante muitos anos antes de finalmente divorciar-se da sua mulher, Mileva Maric, e voltar a casar em 1919: “Se deixarem passar suficiente tempo”, concluiu Gutfreund, os documentos “tornam-se kosher”, disse, referindo-se aos alimentos que são aprovados pela lei judaica.
Outro manuscrito, que ainda não foi incluído no site, mas que está agora exposto na universidade, é uma carta, de 1930, que Einstein escreveu em alemão para o jornal árabe Falastin em que propõe um “conselho secreto” para ajudar a acabar com o conflito entre árabes e judeus na então Palestina administrada pelos britânicos.
Einstein idealizava um comité de oito judeus e árabes – um médico, um jurista, um representante do comércio e um religioso de cada religião – que se reuniriam semanalmente: “Apesar deste “Conselho Secreto” não ter nenhuma autoridade, vai no entanto acabar por levar a uma situação em que as diferenças serão gradualmente eliminadas”, escreveu Einstein. Isto “irá sobrepor-se às políticas do dia”.
O cientista, que fugiu da Alemanha nazi viajando para os Estados Unidos, apoiou durante muito tempo a comunidade judaica na Palestina. Mas teve sentimentos contraditórios em relação ao estado de Israel que emergiu em 1948.
PÚBLICO | http://www.publico.pt/
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