Pouco parece ter-se guardado na memória
colectiva dos valpacenses no que diz respeito à significativa “tradição
sericícola” do concelho de Valpaços que o tornou conhecido, nos
meados do século XIX, como o mais destacado produtor de bicho-da-seda em casulo
e de seda fiada do distrito de Vila Real, o único que foi capaz de competir, em
qualidade e quantidade, com os concelhos do distrito de Bragança, de que Vila
Real nunca foi mais do que um pálido reflexo. Trata-se de um dos recursos
económicos deste concelho que há 159 anos mereceu os melhores elogios do
Governador Civil, António Pinto de Lemos no “Documento Histórico” de que abaixo
apresento uma cópia digitalizada.
Antes disso, e para se fazer uma ideia
desta realidade, convém deixar aqui um quadro comparativo dos valores
correspondentes à produção, por concelhos, no nosso distrito deste importante
sector industrial relativa ao ano de 1858, que procurei simplificar a partir de
um outro mais complexo elaborado por Fernando de Sousa* na data e local adiante indicados.
DISTRITO DE VILA REAL
Indústria da seda
(1858)
*Fonte: Fernando Sousa, “População e
economia do distrito de Vila Real em meados do século XIX” in “ESTUDOS
TRANSMONTANOS”, BPAD, Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Vila Real,
N.º1, 1983, p. 43 (adaptado)
Segundo o autor mencionado, «a produção de seda em casulo, em 1851 era
5481 arráteis, atingiu os 18 204 arráteis em 1858. Neste ano apenas se
registaram 1534 arráteis [sic] de
seda fiada, que foi vendida sobretudo para o Porto.». Ora, 81.7% e 80.8%
destes dois valores, respectivamente, saíram dos criadores, tratadores de
produtores de Valpaços.
A que se terá ficado a dever este acentuado contraste? As principais razões para esta questão já haviam sido devidamente
esclarecidas pelo referido pelo Governador Civil de Vila Real no documento que
constitui o motivo principal da divulgação documental de hoje e que passo a
expor uma cópia digitalizada para que o leitor o possa ajuizar por si próprio.
Clique em cada um dos documentos para os aumentar
Fonte; Fernando Sousa, Id. Ibid., p. 43
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