segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Carta Arqueológica do Concelho de Valpaços – 3.C

ADÉRITO MEDEIROS FREITAS, Julho de 2001
Esta laboriosa iniciativa de transcrição e reprodução de fotos e esquemas do extraordinário trabalho realizado pelo Dr. Adérito Medeiros Freitas, assim divulgado através da Internet, é dirigida, em homenagem a este autor, a todos os valpacenses, transmontanos e portugueses interessados nesta temática, mas em especial aos valpacenses que se encontram deslocados há longa data da sua freguesia natal, bem como aos seus descendentes.

FREGUESIA DE ARGERIZ - C

TRANSCRIÇÃO E REPRODUÇÃO INTEGRAL AUTORIZADA PELO AUTOR
Para aumentar qualquer uma das imagens click sobre elas



2- Cividade:

Esta designação é atribuída a um conjunto de terrenos situados a SE do “Alto da Cerca” e a uma cota média de 670 metros, aproximadamente. É uma área difícil de delimitar, constituída por terrenos de cultura, soutos e pinhal.
Encontrei, aqui, fragmentos cerâmicos de vasos e de “tegulae”. Informaram-me que, aquando das lavouras periódicas aqui efectuadas, frequentemente os arados arrancavam tijolos de pavimento (inteiros ou fragmentados), alguns de grandes dimensões.

3 – Castelares:

É aplicada, esta designação, a um conjunto de terrenos praticamente em continuidade com a “Cividade” e para E desta.
No muro de uma casa abandonada e possivelmente utilizada para recolha de alfaias agrícolas (só com as paredes), encontra-se uma mó circular feita de granito.
Um filho de D.ª Olímpia Sueima, estudante, natural de Ribas, encontrou, aqui, um “peso de tear” em forma de tronco de pirâmide, de secção quadrangular e feito de barro amarelo.

Peso de tear em barro

Aparecem aqui com relativa frequência, fragmentos cerâmicos de vasos e de “tegulae”.
Alguns alinhamentos de pedras interpretei-as como possíveis muros de casas. Outros, pareceram-me constituírem restos de muralhas.

Nota: Tenho-me interrogado sobre a sequência cronológica do “Alto da Cêrca”, “Cividade” e “Castelares”.

Entre o primeiro e os dois últimos lugares, há uma diferença de cotas de cerca de 100 metros. Estes, “Cividade” e “Castelares”, são zonas abrigadas, protegidas dos ventos Norte, voltadas para nascente e sul; possuíam, pois, óptimas condições de habitabilidade. Não existem aqui, no entanto, as características morfológicas que facilitassem a construção de estruturas de defesa.
O “Alto da Cêrca”, pelo contrário, possui um conjunto de características morfológicas que tornaram mais fácil e eficiente a construção de tais estruturas. Além disso, uma grande área voltada para nascente possui, também, boas condições de habitabilidade, conforme já referimos.
Recordemos que as recentes investigações aqui efectuadas, apontam para uma ocupação desde o início do 1.º milénio a. C. até à Idade Média.


4 – Ponte sobre o Regato do Pereiro:

A mais directa ligação entre Ribas e Argeriz faz-se por um caminho que passa na base do alto do “Monte da Cêrc”a e ao lado da “Cividade” e dos “Castelares”. Este caminho apresenta, actualmente, troços de terra e troços lageados fazendo lembrar, por vezes, uma “calçada romana”.
Mais ou menos a meia distância entre Ribas e Argeriz, no lugar dos “Moinhos”, este caminho atravessa o Regato do Pereiro por meio de uma sólida e bem construída ponte de granito, de inegável interesse arqueológico.

Ponte sobre o Regato do Pereiro.
Fotografia tirada de juzante e da margem direita

Ponte sobre o Regato do Pereiro, mostrando o pavimento
lageado e sem guardas. Fotografia tirada da margem direita


Características:
Mede 3,40 metros de largura. O pavimento, horizontal, é totalmente formado por lages de granito. Não possui qualquer resguardo lateral, nem vestígios de eles terem existido anteriormente.
Possui um arco ogival. De um e outro lado deste arco, existem duas condutas de secção rectangular em posição assimétrica.
A conduta situada nas proximidades da margem direita:
- dista 1,50 metros do arco central;
- mede 0,99 metros na vertical e 0,86 metros na horizontal.
A conduta situada mas proximidades da margem esquerda:
- dista 5,35 metros do arco central;
- mede 0,85 metros na vertical e 1,20 metros na horizontal.

Esta segunda conduta continua-se por um “rego” através de um “lameiro” da margem esquerda, que levava a água para o “Moinho Velho” situado, aproximadamente, 150 metros a juzante da ponte.
Quanto à conduta da margem direita, não lhe identifiquei qualquer outra função senão a de facilitar o escoamento da água em situações anormais de aumento do caudal.
Esta ponte, em óptimo estado de conservação é considerada por muitas pessoas que a visitam, como “romana”. Não encontrei, na sua estrutura qualquer característica que me permita classificá-la como tal. Creio, pois, que ela é mais recente, possivelmente medieval, embora admita que a mesma possa ter sido construída no local onde tenha existido, anteriormente, uma ponte romana.
Esta minha hipótese relaciona-se com os numerosos vestígios da ocupação romana existentes nas suas vizinhanças. De um e outro lado, mas principalmente entre a ponte e Ribas, o caminho apresenta troços legeados, fazendo lembrar uma “calçada romana”.

Caminho lageado de acesso à ponte. Margem direita do Regato do Pereiro

Na base do monte do “Alto da Cêrca”, este caminho bifurca-se. A bifurcação da esquerda passa pela povoação de Ribas e, desta, para Argemil. A bifurcação da direita segue para N. em direcção à povoação do Pereiro.


5. “O Moinho Velho”:

“Moinho Velho”
A – visto de montante  B- visto de juzante

“Moinho Velho”, visto de montante

O “Moinho Velho” é um dos poucos exemplares com este tipo de estrutura existentes em todo o concelho de Valpaços. Nalgumas regiões do Minho, onde existem com mais frequência, eles são designados por “moinhos de cubos”. Observei alguns exemplares deste tipo, já em estado de degradação, na freguesia de Esporões (entre Taipas e Braga), numa visita guiada pelo Ex.mo Sr. Dr. Fernando Monteiro.
A água utilizada para pôr este moinho em movimento era captada a montante da ponte anteriormente descrita. Passava através da abertura rectangular da margem esquerda e, em seguida, era conduzida através de um “rego” de margens e leito feito de terra batida. O último troço deste “rego” era feito de granito e ocupava, na sua parte final, uma espécie de muro do mesmo material, dado o declive do terreno e com a finalidade de atingir o topo da estrutura.
Este troço terminal da conduta em granito mediria, em média, cerca de 70 cm de largura e, no mínimo, 60 cm de altura. Ele iria entroncar na estrutura cilíndrica indicada nos esquemas, precisamente ao nível do último anel.
A fim de garantir uma saída de água à pressão adequada ao funcionamento do sistema, este cilindro de granito, “cubo”, teria que estar completamente cheio de água. Por isso o caudal de abastecimento teria que ser superior ao da saída, necessário para pôr as mós em movimento. A diferença destes caudais (excesso de água) escoava-se directamente para o rio, através de uma goteira (a) existente no último anel. Eta goteira mede 58 cm de comprimento, 32 cm de largura e 12 cm de profundidade.
Esta estrutura vertical (cubo) é formada por um conjunto de 7 anéis de granito, com uma espessura que varia entre os 42 cm e os 46 cm. Estes anéis formados por uma ou duas peças (dois meios anéis) dispõem-se alternadamente, garantindo uma enorme estabilidade ao conjunto e, daí, o estado de conservação em que esta estrutura ainda se encontra.
O seu diâmetro interno varia entre um máximo de 1 metro e um mínimo de 80 cm, no topo. Quando cheia, esta estrutura comportava uma coluna de água com 3 metros de altura e, em média, cerca de 1 metro de diâmetro.
Os sete anéis referidos assentam sobre uma base também de granito parcialmente escavada internamente e, na qual, foi aberto um orifício de saída da água que mede, de diâmetro externo, 18 cm.
De um e outro lado desta estrutura ainda se vêem os restos dos muros das instalações do antigo moinho.

6 – Santuário Rupestre das “Pias dos Mouros”:
Imóvel de interesse público
Decreto N.º29/84 de 25 de Junho

Santuário Rupestre das “Pias dos Mouros”. Planta e perfis.

Localização:
A cerca de 200 metros da E. N. 206, do lado direito para quem, de Carrazedo de Montenegro, se dirija em direcção a Valpaços, em frente do desvio (à esquerda) para o Pereiro.

Acesso:
A partir do ponto referido, através dos terrenos incultos que lhe ficam  em frente.

Coordenadas de Gauss        
261,9
513,6

Coordenadas geográficas
Altitude:  675 metros
Longitude: 7º 23’ 25’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 35’ 20’’ N   

Folha da carta dos S. C. do E. N.º 61: LOIVOS (Chaves)

Escala; 1: 25.000

Características:
Este monumento arqueológico foi cavado numa rocha granítica, na sua posição natural, que inclina levemente para nascente. O granito é equigranular, de duas micas, mas com predomínio da moscovite. A superfície da rocha, a descoberto, onde se encontra este monumento, é de 54 metros quadrados.
Conforme a planta, os perfis e as fotografias documentam, as “pias dos Mouros” são formadas, essencialmente pelas seguintes estruturas:

Duas cavidades rectangulares paralelas, com orientação N-S.

Cavidade menor:
Comprimento – 2,02 metros
Largura máxima: 0,60 metros
Largura mínima: 0,56 metros
Profundidade máxima: 0,40 metros
Profundidade mínima: 0, 27 metros

Cavidade maior:
Comprimento – 2,47 metros
Largura máxima: 0,61 metros
Largura mínima: 0,60 metros
Profundidade máxima: 0,35 metros
Profundidade mínima: 0, 16 metros

Séries de Degraus (?):
Em número de 20, formam duas séries paralelas com orientação E-W e, portanto, dispostos perpendicularmente às “pias”. Estas duas séries de degraus (?) distam, entre si, 3,10 metros.

Santuário Rupestre das “Pias dos Mouros”

As duas cavidades rectangulares do Santuário Rupestre das “Pias dos Mouros”

Série cd:
Consta de 8 degraus (?), com altura, comprimento e largura variáveis. No entanto e devido ao facto do fraco declive da rocha onde foram cavados, o desnível entre o primeiro e o último é de, apenas, 90 cm. As alturas dos degraus desta série variam entre 20 cm, valor máximo, e 3 cm, valor mínimo.

Série ef:
Consta de 12 degraus (?) também com altura, comprimento e largura variáveis. O desnível entre o primeiro e o último é de 94 cm. As alturas dos degraus variam entre o máximo de 42 cm e um mínimo de 1 cm.

Qual teria sido a verdadeira função deste degraus?
Dada a fraca inclinação da rocha onde foram cavados e o facto da mesma se encontrar ao nível do solo, estes degraus não seriam necessários para atingir as duas “pias”. A sua função não parece ter sido, especificamente, a de subir e descer. Parece mais lógico que se lhes atribua, pois, uma função essencialmente cultual.
Há quem admita que, estas superfícies picadas e aplanadas, em forma de “degraus”, serviriam de apoio a colunas que, por sua vez, suportariam uma cobertura deste monumento.
Para nascente, um conjunto de pedras de granito, algumas de grandes dimensões e que para ali foram deslocadas intencionalmente, parecem limitar uma determinada área que envolveria este “Santuário Rupestre”.

Não foi ainda realizada, no verdadeiro sentido do termo, qualquer escavação neste monumento arqueológico. A terra existente na base da rocha granítica onde se encontra escavado, foi para aí removida e amontoada por alguém, na mira de encontrar qualquer tesouro, a que a lenda sobre o local se refere.
À mistura com o solo removido e amontoado a nascente, não é difícil encontrar fragmentos de telha e tijolo, bem como de xisto ardósia, normalmente de pequenas dimensões. A presença destes fragmentos de ardósia deve ter um significado especial, uma vez que se trata de uma rocha não presente nas suas proximidades e que, por isso, para ali foi transportada de grandes distâncias.

O primeiro trabalho sobre as “Pias dos Mouros” foi tornado público no Colóquio Histórico-Arqueológico da Região de Chaves, que decorreu de 15 a 18 de Junho de 1978 para comemorar os 1900 anos de Aquae Flaviae e publicado na revista da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia da Universidade do Porto.
Posteriormente, o Prof. Doutor António Rodriguez Colmenero encontrou junto das “pias”, uma inscrição, cuja interpretação apresento de seguida.




7 – Outeiro do Homem:

Localização:
À esquerda da E. N. 206, para quem se dirija de Carrazedo de Montenegro para Valpaços, em frente ao desvio para Paradela.

Acesso:
A pé, a partir do referido desvio. Deve-se estacionar a viatura junto do “miradouro”.

Coordenadas de Gauss:
261,8
514,2

Coordenadas geográficas:
Altitude: 720 metros
Longitude: 7º 23’ 29’’ W (Gr.)
Latitude: 41º 35’ 38 N

Folha de carta dos S. C. do E. N.º 61: LOIVOS (Chaves)
Escala 1: 25.000

Caracterização:
Nenhum elemento observado, actualmente, à superfície, nos permite afirmar que, aqui, existiu um povoado fortificado (Castro).
A principal área de interesse arqueológico por mim detectada, até ao momento, constitui um pequeno e aberto vale voltado para nascente e protegido na, S e W, por elevações naturais, com predominância de grandes blocos arredondados de granito.
Actualmente, este pequeno vale está dividido em socalcos pela construção de pequenos e baixos muros de suporte e, nele, encontram-se 31 castanheiros. As áreas limítrofes estão ocupadas, principalmente, por pinheiros e giestas.
Um dos referidos muros de suporte poderá, eventualmente, constituir o resto de uma muralha, mas esta hipótese só poderá ser confirmada através de uma escavação local. Toda esta área é de natureza granítica. O granito é equigranular, de grão média e duas micas.

Espólio recolhido:
O interesse arqueológico do lugar, resulta da grande quantidade de materiais líticos e cerâmicos aqui encontrados, dos quais não é possível fazer, aqui, uma descrição exaustiva.
Todos os materiais recolhidos têm sido apanhados à superfície do terreno aquando das lavouras periódicas do souto e das chuvas intensas do período de Inverno ou quando ocorrem trovoadas.

Dentre o numeroso material recolhido mencionarei:

- um “machado de pedra polida” (de anfibolito, rocha não existente nas proximidades). Foi o primeiro achado, meramente casual, e encontrava-se semi-enterrado num caminho de acesso a este local e a cerca de 100 metros de distância;

- dois “machados de pedra polida” (de anfibolito), um levemente lascado e outro partido, encontrados no referido “souto”;

- três bases (pedras dormentes) de mós, do tipo arcaizante ou “Barquiforme”, completas, de grandes dimensões, em granito do tipo existente na região.

A.      Base de uma mó do tipo “barquiforme”

B.      Base de uma mó do tipo “barquiforme”

Duas destas bases de moinhos medem respectivamente:

Base A:
Comprimento – 92 cm
Largura média – 65 cm
Espessura máxima – 30 cm
Profundidade da depressão resultante da fricção da peça “movente”  – 19,5 cm

Base A:
Comprimento – 79 cm
Largura média – 42 cm
Espessura máxima – 20cm
Profundidade da depressão resultante da fricção da peça “movente”  – 8,5 cm

Nota: Não encontrei, aqui, qualquer mó ou fragmento de mó do tipo “circular”, frequentes no vizinho Castro de Ribas.

- Dezenas de pedras “moventes” dos referidos “moinhos barquiformes”, todas em granito, algumas inteiras e, outras, partidas. Estas peças foram trabalhadas e possuem uma forma geralmente elipsoidal, mais ou menos alongadas. A superfície superior é convexa e a inferior mais ou menos plana e polida devido ao desgaste provocado pelo atrito.

Três pedras “moventes” de moinhos “barquiformes”,
Em granito e de pequenas dimensões

- dezenas de objectos líticos de xisto e de quartzo, lascados, revelando nitidamente uma acção intencional do homem na sua elaboração. Alguns destes objectos mostram nítido polimento em parte da sua superfície; outros, de xisto, aproveitaram, por vezes, as superfícies naturais de fractura.

- muitos fragmentos de cerâmica proveniente de vasos com cores e ornamentações variadas.

Nota: Não encontrei um único fragmento de cerâmica romana.

- uma faca talhada em rocha xistosa.

- uma lage em xisto ardósia, com cerca de 1 metro de comprimento e uns 30 a 40 cm de largura. Pelo menos numa das suas superfícies, encontravam-se gravados numerosos, finos e pouco profundos sulcos. Como não podia, na altura em que a encontrei, levá-la comigo para uma análise mais completa, escondia-a entre uns arbustos. Quando lá voltei, a fim de a recolher, tinha desaparecido.

Nota: Em face dos numerosos e variados materiais recolhidos, bem com as suas características, tenho-me interrogado se, no Outeiro do Homem, cujo início da ocupação parece ter sido muito remota, não terá existido um “povoado Calcolítico?”

8 – Uma inscrição em latim:

Esta inscrição encontra-se gravada na face frontal da padieira de uma porta carral, pertencente ao Sr. Adriano José Elias, sita no Bairro do Meio (Argeriz). A Padieira é de granito equigranular e mede, respectivamente, 3,72 x 0,47 x 0,21 metros.
Na sua parte superior central e frontal pareceu-me estar gravada uma data que não consegui decifrar. Também não realizei qualquer tratamento bicromático para tentar decifrá-la.
Por baixo daquela possível data e a quase todo o comprimento desta pedra pode ler-se nitidamente:

“HODIE DECIMO SETIMO KALENDAS OCTOBRIS”

A referida porta carral, quando a observei pela primeira vez, em 1976, comunicava com uma ruela lateral de acesso à rua principal. Actualmente, esta padieira encontra-se deslocada da sua anterior posição, creio que por motivo de obras na casa e constitui a padieira de uma porta mais estreita de acesso a um café e voltada para a sua rua principal.
Joaquim de Castro Lopo, na sua obra “O Concelho de Valpaços”, página 15, refere-se a esta inscrição nos seguintes termos:

Aregeriz- Em Argeriz, na padieira da porta de uma
Casa velha lê-se esta epígrafe:

HODIE DECIMO SETIMO KALENDAS OCTOBRIS

Tradução: “Hoje décimo sétimo das calendas de
Outubro”, isto é, “Hoje quinze de Setembro”.


[Termina “Freguesia de ARGERIZ"]


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