quinta-feira, 17 de novembro de 2011

DOCUMENTOS: Aldeias do concelho de Valpaços nos meados do século XVIII por freguesias – SÃO PEDRO DE VEIGA DE LILA

Por Leonel Salvado


Nota prévia: Todos os topónimos constantes na cópia do manuscrito original encontram-se actualizados na presente transcrição.

MEMÓRIAS PAROQUIAIS, 1758, Tomo 39, VEIGA DE LILA, Chaves
[Cota actual: Memórias paroquiais, vol. 39, n.º 116, p. 663 a 666]

Eu, Filipe Monteiro de Abreu, Comissário do Santo Ofício e Reitor na matriz igreja de São Pedro de Veiga de Lila, nesta Comarca de Chaves e Arcebispado de Braga, certifico que, em virtude dos interrogatórios e mandado a decorrer pelas freguesias do Muito Reverendo Senhor Doutor Vigário Geral desta Comarca, me informei com pessoas fidedignas acerca do que nos ditos interrogatórios se procura e do que eu sobre eles posso dizer e sei. Achei, e sei, o seguinte, pelos interrogatórios.

Este lugar é da Província de Trás-os-Montes, do Arcebispado de Braga, Comarca e termo da Vila de Chaves e é da Freguesia de São Pedro de Veiga do Lila e nele está a igreja matriz situada, com três anexas.
É apresentação do Padroado Real.
Tem esta freguesia dois Lugares que são São Pedro da Veiga e o Lugar de Deimãos, que têm, o de São Pedro cinquenta e dois vizinhos, e o de Deimãos sessenta e três, e ambas, pessoas de sacramento trezentas e vinte e seis.
Está situado nas faldas de uma serra e dele se vêem muitos lugares, como o de Santa Maria de Émeres, que dista uma comprida légua, o de Carrazedo de Montenegro, que dista légua e meia e o de Rendufe que dista [omissão: uma?] légua.
Tem termo seu nos limites de suas terras. A igreja desta freguesia fica no fundo do lugar e com alguma separação dela. Tem os dois lugares referidos, que é São Pedro de Veiga e Deimãos.
Tem por orago São Pedro Apóstolo e tem três altares, o altar-mor e dois colaterais, e nicho na parede do Santo Cristo, o altar-mor de São Pedro, outro com a Senhora do Rosário e outro com Santo António. Não tem naves. Não tem Irmandades nela.
O Pároco é Reitor, da apresentação da Sereníssima Casa de Bragança e renderá em frutos, alguns anos, trezentos mil réis, e de pé de altar poderá render até quarenta [mil réis] e, outros anos, trinta [mil réis].
Tem uma ermida da invocação da Senhora do Carril. Está situada nos limites da freguesia e é cabeça de Irmandade, de Irmãos eclesiásticos e leigos. Tem ermitão que apresenta o Reitor desta freguesia e se sustenta de algumas esmolas dos fiéis e de umas terras que se arrendam cada um ano em quatro cruzados novos. Vêm a ela algumas pessoas de romagem, mas é frequentada, de ordinário, no dia da Ressurreição e Espírito Santo, aos quinze de Agosto que é o geral da dita Irmandade.
Dão-se todos os frutos que Deus dá, como centeio, trigo, cevada, milho, azeite, castanha; de frutos tem peras, amêndoas e o mais que se colhe é centeio.
Dista do seu povo a cidade capital, que é Braga, dezoito léguas, e a de Lisboa sessenta e quatro. E não há mais digno de memória do qual responda.

Serra
Há uma serra áspera com muitos montes e penedos. Não tem águas de virtudes particulares, mas sendo de uma légua de comprido, que principia no lugar de Vales e acaba no de Paços, e outra [légua] de largo, que daqui faz à Vila de Lamas de Orelhão que assim se chama por viver naquele distrito um rei mouro chamado o rei de Orelhão. É falta de águas de todas as partes. Tem em si muitos lobos e javalis, poucos coelhos e perdizes também tem. Não cria veados; já ali se viu alguns, como por acaso, que terão fugido de outra parte, que não tem pastos para eles, porque é muito áspera.
Esta serra se chama de Santa Comba, porque nele há uma capela da dita Santa aonde vai gente e se diz missa.
Não é povoada de lugares.
E nesta tenho respondido o que se pode dizer desta serra.

Rio não há neste distrito.


Isto é o que achei, e posso dizer, a respeito do que se pergunta nos interrogatórios referidos.
E, por tudo ser verdade, fiz esta, que assino, em São Pedro de Veiga, quatro de Março de mil e setecentos e cinquenta e oito anos, o que juro in verbo Sacerdotis.

Filipe Monteiro de Abreu
O Coadjutor, Manuel dos Santos

O vigário Pedro Francisco Martins
O Reitor de Vales, Simeão Nunes 

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