sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DOCUMENTOS: Aldeias do concelho de Valpaços nos meados do século XVIII por freguesias –VILARANDELO

Por Leonel Salvado


Nota prévia: As regras de transcrição usadas para o presente documento são as mesmas que o têm sido para os restantes documentos desta série, com vista a uma melhor leitura e compreensão do texto. Assim, também aqui os topónimos e antropónimos foram actualizados. 

MEMÓRIAS PAROQUIAIS, 1758, Tomo 41, VILARANDELO, Chaves
[Cota actual: Memórias paroquiais, vol. 41, n.º 279, p. 1725 a 1728]

Eu, o Padre Manuel de Sequeira Rebelo, Pároco da freguesia de São Vicente do Lugar de Vilarandelo, da Sagrada Religião de Malta, termo da Vila de Chaves, do Arcebispado de Braga Primaz, certifico que, assim pelo que sei como por informação que tomei a respeito do que se pergunta nos interrogatórios do papel junto, achei e sei o seguinte.
Enquanto ao primeiro interrogatório, informo e sei que esta terra que se chama Vilarandelo está na Província de Trás-os-Montes e está dentro do Arcebispado de Braga Primaz, Comarca de Vila Real e termo de Chaves e é freguesia sobre si,
Ao segundo, informo que é da jurisdição da Sagrada Religião de Malta e o Donatório é o Comendador da Comenda de São João da Corveira que, de presente, é o Comendador Frei Paulo Guedes de Pereira Pinto.
Ao terceiro, informo que esta freguesia tem, de presente, duzentos e vinte vizinhos e tem de pessoas de comunhão e confissão quinhentas e noventa, de confissão somente trinta, tudo pouco mais ou menos, fora os ausentes que serão trinta, também pouco mais ou menos.
Ao quarto, informo que esta terra está situada no cimo de um vale e dela se não descobrem povoações, por razão de que as suas vizinhanças, de uma e outra parte, são mais altas e as encobrem de tal sorte que esta povoação de nenhuma parte se vê senão estando ao pé dela, excepto da parte que fica para entre o Nascente e Norte, que desta parte se vê de mais alguma distância.
Ao quinto, informo que esta mesma terra está dentro do termo da Vila de Chaves, ainda que tem termo seu próprio e dentro dela não tem lugar algum.
Ao sexto informo que a paróquia está na borda do lugar mística [contígua] com as casas dele e não tem mais lugares que este.
Ao sétimo informo que o orago desta freguesia e paróquia é São Vicente Mártir, a igreja tem cinco altares e o principal é do Santíssimo Sacramento; o colateral da parte do Evangelho é de Nossa Senhora do Rosário e o da parte da Epístola é de São Pedro Apóstolo e os outros dois, um deles é do Santo Cristo e o outro das Almas; tem uma Irmandade das Almas, que é do Coração de Jesus, e não tem naves. É a igreja toda um corpo por dentro.
Ao 8, informo que o Pároco desta freguesia é Vigário e é da apresentação do Comendador da Comenda de São João da Corveira, que é comenda da Sagrada Religião de Malta, paga-lhe a comenda e dá-lhe, em cada um ano, oitenta alqueires de centeio, vinte e dois alqueires de trigo, sessenta e dois almudes de vinho cozido [fermentado], sete mil réis em dinheiro e oito libras de cera, e nada mais.
Ao 9, informo que não tem Beneficiados.
Ao 10, informo que não tem Conventos.
Ao 11, informo que não tem Hospital.
Ao 12, informo que não tem Casa de Misericórdia.
Ao 13, informo que este Lugar tem três Ermidas, duas delas estão dentro do Lugar, que é uma de Santo António e outra de São Sebastião, e a outra Ermida está na borda dele e é do Espírito Santo, e todas pertencem à freguesia.
Ao 14, informo que às ditas Ermidas não acode gente de romagem, somente por acaso vai a elas algum devoto.
Ao 15, informo que os frutos que os moradores dela recolhem em maior abundância são centeio e vinho e, alguns anos, castanha.
Ao 16, informo que esta terra não tem juiz ordinário, nem Câmara, está sujeita ao governo das justiças da Vila de Chaves.
Ao 17, informo que não é couto, nem cabeça de concelho, honra ou beetria.
Ao 18, informo que não há memória que dela florescessem ou saíssem alguns homens insignes por virtudes, Letras e armas.
Ao 19 informo que esta terra tem uma feira que se faz aos nove dias de cada mês, dura somente um dia e é franca.
Ao 20, informo que não tem correio e se serve do correio de Chaves que dista desta terra três léguas.
Ao 21, informo que esta mesma terra dista da cidade capital deste arcebispado, que é Braga, dezoito léguas, e da de Lisboa dista setenta léguas, pouco mais ou menos.
Ao 22, informo que não há nesta terra, nem perto dela, fonte ou lagoa célebre.
Ao 24, informo que não padeceu ruína no terramoto de 1755. E não há mais coisa alguma digna de memória.

A respeito do que se pergunta sobre a Serra desta terra, não tenho que informar, porquanto no seu termo e Distrito não há serra alguma, nem coisa digna de memória.

E a respeito do que se pergunta sobre o rio dele, também não tenho que informar, porquanto não tem rio algum e somente tem, em alguma parte do seu termo e limite, um regato que chamam de Piago, que somente corre no tempo de Inverno, se nele há chuvas, e não tem coisa digna de memória. Tudo posto na verdade, assim afirmo in sacris. Vilarandelo, 9 de Março de 1758.

Luís Serrão
O Padre Cura Luís Teixeira
Manuel de Sequeira Rebelo

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