domingo, 7 de março de 2010

A Bolideira de Valpaços

Trás-os-Montes é, sem dúvida uma das regiões portuguesas onde ainda podem ser admirados alguns raros exemplares de monólitos graníticos oscilantes que, por vezes, são interpretados como monumentos megalíticos resultantes não da erosão natural, mas da acção humana que os afeiçoou à medida das suas necessidades de culto, mas cujo significado ainda permanece um mistério.



Um dos exemplares conhecidos destes impressionantes litomonumentos, situa-se na localidade que lhe deve o nome, Bolideira, freguesia de Bobadela, concelho de Chaves. Celestino Chaves dedica-lhe merecida atenção no seu blogue Fragasnossas, proporcionando aos leitores a aquisição de algumas informações interessantes, bem como a observação de várias fotos obtidas de diversos ângulos. Mas a localidade de Valpaços também já teve a sua Bolideira, facto que para muitas pessoas, para muitos valpacenses até, sobretudo os das gerações mais recentes, pode constituir uma surpresa.

Como era conhecido no Bairro do Monte Pequeno, existiu um monumento pré-histórico de valor. Trata-se de uma pedra oscilante que se achava à margem da E.N. 206, um pouco acima do Cemitério Municipal, onde também existia o Monumento Comemorativo da Fundação e Restauração da Nacionalidade (Cruzeiro), hoje colocado junto ao Jardim Público. Era conhecido pelo nome de «Outeiro que bole». Encontrava-se, como dissemos, à margem da E.N. 206, em pleno Bairro do Monte Pequeno, numa propriedade da família Tavares. Começou por ser mutilada mas, apesar disso ainda oscilava com o emprego de ligeiro esforço, tendo mais tarde sido completamente destruída por acção de alguém da J.A.E., com que intenção não sabemos.[...]

Foi pena que este monumento da pré-história não tivesse sido preservado. As suas medidas eram: sete metros de comprimento; três metros e quinze centímetros de altura; quatro metros e cinquenta centímetros de largura.

Fonte: José Lourenço Montanha de Andrade, Valpaço-lo-Velho.

Por uma notícia publicada no Comércio do Porto e transcrita na revista O Arqueólogo Português, podemos apurar a data e as circunstâncias a partir das quais o monumento descrito por Montanha de Andrade começou a ser destruído.


Por: Leonel Salvado
Imagem ilustrativa in http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt

2 comentários:

  1. Este trabalho é semelhante ao que a EDP vai fazer dos nossos rios. Agora ninguém contesta. os nossos netos e bisnetos nos chamarão aquilo que realmente somos por nada fazer em defesa do nosso património.

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  2. É bem verdade o que diz. Parece que dentro de um par de anos o HidroTua nos reserva uma surpresa do género daqui a um par de anos. Se a própria HidroTua o Município e as Juntas e Freguesia (enquanto durarem) não começarem já a inventariar os exemplares do nosso património edificado para os desmantelar a tempo (com pessoal qualificado) e guardá-los em lugar seguros vão perder-se para sempre - estamos a falar não apenas nas jóias arquitectónicas classificadas ou por classificar, mas também das singelas Almimhas e cruzeiros afastados das aldeias que foram erguidos com muito sacrifício e grande devoção pelos nossos humildes aldeãos, muitos deles com séculos de existência.

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