Por Leonel Salvado
Nota prévia: Se há uma História Concisa de Portugal, com a propósito de apresentar uma história que não demore muito tempo a ler, mas que dê uma imagem global da evolução histórica do povo português, não será certamente despropositado apresentar, nesta rubrica, aos valpacenses e a todos os que se interessam pela História de Valpaços, uma descrição do essencial da evolução histórica do concelho, devidamente fundamentada, contudo desprovida das inconclusivas controvérsias que nela se acham e que se revestem de natural interesse para os mais eruditos, mas certamente enfadonhas para os nossos demais leitores a quem o Clube de História de Valpaços também se propõe servir.
GUA REVÉS. A paróquia de Água Revés e Crasto, foi Vila a que Dom Manuel I concedeu foral em 12 de Novembro de 1519. A paróquia de São Bartolomeu de Água Revés já aparece instituída nos séculos XIII-XIV entre as igrejas da Vila de Montenegro, que recebeu Carta de Foral de D. Dinis, no ano de 1301. Com o gradual declínio deste concelho medieval, Água Revés deve ter-se constituído em paróquia com igreja própria e regalias municipais. Não e sabe se teve “foral velho”, aventando-se a possibilidade de ter recebido “Carta de Povoaçao”, posto que a sua autonomia relativamente a outras terras do termo de Chaves parece poder corroborar-se pelo mencionado foral manuelino, onde se afirma ter-lhe sido “dado por Inquirições”. Mais tarde, surge como Abadia apresentada pela Casa de Bragança, com o senhorio da terra exercido pelo respectivo donatário pertencente à antiga Casa de Murça, cujo último representante foi Luís Guedes de Miranda até que, por falecimento deste, sem descendentes legítimos, em 31 de Janeiro de 1758, passou para a Coroa.
A Vila de Água Revés, com Casa de Câmara, cadeia e pelourinho, esteve, até então, judicialmente sujeita à Ouvidoria da Vila de Murça, passando, após essa data, à Correição de Torre de Moncorvo.
O concelho foi extinto pelo decreto de 6 de Novembro de 1836 (o mesmo que instituiu o concelho de Valpaços), passando para o concelho de Carrazedo de Montenegro, entretanto renovado e, finalmente, pela extinção deste, pelo decreto de 31 de Dezembro de 1853, foi integrado no concelho e comarca (instituída pelo mesmo diploma) de Valpaços.
É freguesia do concelho de Valpaços, designado por Água Revés e Crasto, composta pelos lugares de Água Revés, Brunhais, Carreiro Martinho e Crasto (que foi freguesia independente no termo de Chaves) e Fonte Mercê.
A paróquia de Água Revés e Crasto pertence ao Arciprestado de Valpaços e à Diocese de Vila Real, desde 22 de Abril de 1922. O seu continua a ser São Bartolomeu.
Fontes:
MARTINS, A. Veloso, Valpaços, Monografia, Lello & Irmão, Porto, 2.ª ed., Dez. 1990, pp. 150-159.
CARDOSO, Luís, Dicionário Geográfico, 1747, Vol I, p.80.
COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa e descripçam topográfica do foamoso reyno de Portugal... (1706-1712), Tomo I, cap. XVIII e XXI.
Memórias paroquiais de 1758, Água Revés, Moncorvo, n.º 46, pp. 341-344 | in http://ttonline.dgarq.gov.pt.
Registos paroquiais, Valpaços, Paróquia de Água Revés | Id.
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