Por Cláudia Carvalho
À esquerda a obra original de Leonardo da Vinci, ao centro a cópia antes do restauro, à direita um pormenor da paisagem que estava escondida por baixo do fundo negro - DR
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Pintada ainda quando o pintor [ da Vinci] era vivo
O Museu do Prado, em Madrid, anunciou esta quarta-feira a descoberta de uma cópia do famoso quadro de Leonardo da Vinci, “Mona Lisa”, que terá sido pintado na mesma altura que o original por um dos pupilos preferidos do pintor, Andrea Salai (amante de Leonardo) ou Francesco Melzi. Esta é a cópia mais antiga de sempre da obra de arte.
Segundo o The Art Newspaper, este quadro agora descoberto terá sido pintado lado a lado com Leonardo da Vinci, no seu próprio estúdio. Ao que tudo indica, o pupilo do mestre renascentista foi pintado a obra à medida que também Leonardo da Vinci pintava o seu trabalho. Este facto dá assim novas luzes não só sobre o enigmático quadro como também sobre a forma de trabalhar nos estúdios dos reconhecidos artistas.
O mau estado de conservação da obra, há muitos anos guardada nos armazéns do museu espanhol, escondiam os verdadeiros traços da pintura. Razão pela qual o Prado nunca deu especial importância, apontando o quadro como mais uma cópia banal da obra-prima de Leonardo da Vinci, exposta em Paris, no Museu do Louvre.
Desde sempre que existem numerosas réplicas da obra de Leonardo da Vinci, dos séculos XVI e XVII são conhecidos dezenas de exemplares, e por isso nunca foi dada importância à copia de Madrid. Sabia-se que tinha sido pintada muito cedo mas a ausência de fundo, fez com a obra nunca fosse verdadeiramente considerada.
A descoberta bombástica aconteceu depois de uma grande intervenção de restauro na obra, que recuperou os traços e as cores originais, provando que o que aparentemente era uma cópia feita depois da morte do mestre do renascimento, é afinal um quadro pintado por um dos seguidores preferidos de Leonardo da Vinci. Incrivelmente, antes do restauro a obra aparentava ter um fundo negro, mas depois da intervenção dos peritos de conservação, a obra ganhou um fundo em tudo idêntico ao quadro original.
Tanto os investigadores do Museu do Prado como do Museu do Louvre já confirmaram a autenticidade desta obra, considerando esta descoberta como uma das mais importantes de sempre da história da arte.
Com esta revelação, surgem agora novas teorias sobre a icónica musa de sorriso enigmático de Leonardo da Vinci, uma vez que a obra original, exposta ao público em Paris, sob grande protecção. Contrastando com os traços mais amarelados, marcas da passagem do tempo, a réplica da Mona Lisa, mostra agora uma modelo aparentemente mais jovem.
Até muito recentemente o Museu do Prado achava que a tábua onde o quadro foi pintado seria de carvalho, material que raramente era usado em Itália naquela altura, mas no ano passado, depois de alguns testes, ficou provado que a madeira usada era de nogueira (usada também na verdadeira Mona Lisa). Em questões de tamanho, as duas obras não diferem muito, tendo a original 77cm por 53cm, e a réplica 76cm por 57cm.
Ao PÚBLICO, o Museu do Prado explicou que o trabalho de restauro da obra de arte ainda não está completo e por isso ainda não existiu uma apresentação pública da obra, que se espera que aconteça no final de Fevereiro.
Há cerca de duas semanas, foram revelados alguns detalhes desta réplica num simpósio de especialistas na National Gallery de Londres, a propósito da exposição “Leonardo da Vinci: Painter at the Court of Milan”. Uma fotografia com um detalhe da obra, a única que é conhecida até agora, foi mostrada aos presentes, onde foi explicado, segundo o The Art Newspaper, que além de todos os testes minuciosos a que a obra foi submetida, o Museu do Prado recorreu a reflectografia de infravermelhos, que permitiu comparar com os exames semelhantes feitos à Mona Lisa do Louvre em 2004, mostrando que as semelhanças são muitas.
Na imprensa espanhola, os espanhóis já apelidam esta descoberta como a “Mona Lisa de Espanha” ou a “Mona Lisa Twin [gémea] ”, esperando agora que o quadro, cujo resultado final ainda não conhecido, seja exposto no museu madrileno.
Notícia actualizada às 17h36 e corrigida às 22h30, o quadro foi pintado numa tábua e não numa tela.
in Jornal O Público | http://www.publico.pt/Cultura | 01.02.2012
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