domingo, 24 de outubro de 2010

863.º Aniversário da conquista de Lisboa


O cerco e conquista de Lisboa, por Roque Gameiro
Comemora-se amanhã, dia 25 de Outubro! É geralmente aceite entre os historiadores que a (re)conquista de Lisboa aos mouros por D. Afonso Henriques se consumou na data de 25 de Outubro de 1147, por ter sido então que, após um cerco de três meses, as forças cristãs lograram entrar vitoriosamente nesta cidade, até aí considerada inexpugnável, que em 1255 viria formalmente a tornar-se na capital do reino de Portugal, representando aquela conquista, portanto, uma das datas comemorativas inolvidáveis da História Nacional. As circunstâncias que pesaram sobre a decisão da conquista de Lisboa e os sucessos que são conhecidos acerca do cerco que o tornou possível, constituem um dos episódios mais curiosos de entre os vários gloriosos cometimentos conhecidos de “O Conquistador”.

Crê-se que a célere conquista de Lisboa, só foi possível graças ao auxílio prestado por uma expedição de Cruzados de várias nacionalidades (Flamengos, Normandos, Ingleses, Escoceses e um punhado de Germanos) que sob o apelo do Papa Eugénio III se dirigiam ao Próximo Oriente para a retomada de Edessa, dando origem à chamada Segunda Cruzada. Estas forças integraram uma armada constituída por 164 navios que, a 16 de Junho, fez escala em Portucale (Porto), onde o respectivo bispo, Pedro Pitões (II) aproveitou o ensejo para deles obter o necessário auxílio com vista à conquista de Lisboa, no que foi contemplado pelos vários chefes militares. Dessa decisão o bispo informou D. Afonso Henriques, que acabara de conquistar Santarém, o qual logo se aprestou em prosseguir com as suas forças, por terra, para Sul, enquanto a frota dos cruzados zarpou por mar em igual direcção, com indicações do monarca para se reunirem com ele na foz do rio Tejo, o que veio a suceder ainda no mês de Junho, iniciando-se as primeiras escaramuças nos arrabaldes situados a oeste e a leste das colinas da cidade, com vantagem para as forças cristãs. O cerco teve início a 1 de Julho e prolongou-se até de 24 de Outubro, com toda a sorte de cometimentos heróicos colectivos e individuais, dos quais se tornou célebre o episódio lendário de Martim Moniz que deu a sua vida pela vitória dos cristãos. Os muçulmanos, desgastados pela fome e pela doença e sob ameaça de um ataque dos cristãos em duas frentes, acabaram por capitular, consentindo no dia seguinte a entrada do vitorioso soberano português, à cabeça do seu exército e dos seus aliados, soberano que não foi capaz, contudo, de evitar as mais bárbaros actos de pilhagem e depredações contra a população vencida, por parte dos cruzados actos esses de que se fazem, vergonhosamente eco as crónicas da época. Outra nota curiosa que aduz a este feito comemorativo é a de que a tomada de Lisboa foi o único sucesso da Segunda Cruzada.

Imagem: in http://historiavista.blogspot.com/2009/01/nas-aulas-j-falmos-detalhadamente-do.html


O cerco e conquista de Lisboa na BD

A imagem de entrada é uma aguarela muito conhecida de Alfredo Roque Gameiro, mas reservamos para o fim a oportunidade de os nossos leitores apreciarem alguns breves pormenores das novidades que se avizinham na BD da autoria de Jorge Miguel, autor já bem conhecido aqui no Clube de História e que, pessoalmente, considero ser o mais versátil e talentoso artista português da actualidade.
Seleccionei quatro desenhos que fazem parte de um Álbum sobre a vida de D. Afonso Henriques que Jorge Miguel espera vir a publicar no decurso do ano de 2011.
Os cruzados a caminho de Lisboa

Os cruzados no cerco e conquista de Lisboa


O mercado de Lisboa em 1184

Para ver mais esboços, desenhos e aguarelas num dos blogues do autor (Gio) clique AQUI.

Para analisar uma das versões originais acerca dos acontecimentos que rodearam o cerco e a conquista de Lisboa, em documentos literários da época medieval, recomendamos a leitura da obra “Crónica da Tomada de Lisboa aos Mouros e da fundação do Mosteiro de S. Vicente de Fora”, in História e Sociologia, a literatura portuguesa, séculos XIII-XIV, F. Caloust Gulbenkian, Dez. 1997, pp. 73-76.

Para obter (download) uma versão desta obra, em formato Pdf, clique AQUI.

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