Trata-se de uma das questões mais comuns que se colocam acerca da História da República em Portugal e, para muitos portugueses, uma das que também se afiguram como das mais triviais. Não será a própria resposta entendida como a mais acertada, realmente uma verdade de La Palisse?
Vejamos a forma como, muito recentemente, a questão foi colocada e “esclarecida” numa palestra por um conceituado historiador e a forma como esse esclarecimento foi considerado por um dos portugueses presentes no auditório:
Ontem tive o enorme prazer de ter assistido a uma conferência intitulada de «Da monarquia à Republica» em que o principal orador foi o professor Amadeu Carvalho Homem - catedrático de história da Universidade de Coimbra.
Nessa sua intervenção o professor descreveu e relatou os eventos que desde o século XVIII até ao inicio do século XX levaram e culminaram na primeira república em Portugal. Ao longo das suas várias intervenções, para além dos preciosos conhecimentos que partilhava, o professor deixou-nos a seguinte ideia: "Portugal teve apenas duas repúblicas e não três". Fundamentou esta sua tese argumentando que o Estado Novo não deveria ser considerado como uma verdadeira república, pois de república só tinha o nome porque os ideais republicanos nunca foram verdadeiramente praticados pelo regime salazarista. Disse mais ou menos o seguinte: “o Estado Novo de república só tinha os selos e a moedas, só ai é que a república se via e aparecia”.
Que o regime tinha sido anti-democrático é uma ideia que nada surpreende, mas de que não se tratava de uma verdadeira república, na minha modesta opinião, já surpreende – pelo menos aparentemente. No entanto se analisarmos os princípios pelos quais se regem os ideais republicanos – Igualdade, fraternidade e liberdade – dificilmente os encontramos no Estado Novo. A liberdade não existia pois tratava-se de um regime totalitário e autoritário, pois até o sufrágio universal era um embuste. A igualdade também era inexistente pois os cidadãos não detinham os mesmos direitos nem eram considerados pelo Estado de igual modo nas suas vontades e aspirações. A fraternidade também pouco era defendida pelo Estado pois tal não pode existir pela imposição ou força e não havia a preocupação em fomentar a fraternidade pela educação e pelos serviços de um modo universal que promoverem a cidadania activa – ainda hoje sentimos os reflexos da falta de cidadania e envolvimento cívico dos cidadãos.
Assim, confesso que fiquei rendido a esta tese do professor A. C. Homem - acho que não erramos quando dizemos que tivemos apenas duas republicas em Portugal, porque mesmo que não sendo perfeitas, a de 1910 e a de 1974 pelo menos tentaram implementar os ideias republicanos enquanto que a de 1933 os esqueceu e de republica teve apenas o nome.
Por Micael Sousa, a 3 de Outubro de 2010, in http://abuscapelasabedoria.blogspot.com/
Saudações! Fiquei surpreendido por ver aqui um texto meu exposto. Agradeço o facto de terem colocado a referência à fonte, algo muito importante e que por vezes é descurado aqui nos meios menos informais de divulgação de informação como os blogues.
ResponderEliminarJá agora gostaria de saber como chegaram ao blogue «A Busca pela Sabedoria»?
Caro compatriota Micael Sousa:
ResponderEliminarDescobrimos o seu Blogue, na lista de blogues de uma das nossas mais recentes seguidoras que se identifica como mm.gsil e integrámo-lo aqui, como um dos blogues a seguir, por entendermos que se trata de um blogue dedicado a temáticas que interessam aos nossos leitores, bem como por termos achado nele outras publicações da mesma categoria temática que nos agradou. Quanto à referência às fontes dos recursos de que nos servimos, este é um precedimento que os membros da nossa equipa asumimos como regra deontológica indispensável. Se entender que não deviamos ter transcrito neste blogue o texto a que se refere ou que, de futuro, nos devemos coibir de usar qualquer outro recurso do «A Busca pela Sabedoria», acataremos a sua vontade,com a maior cordialidade,eliminando de imediato o presente post e respeitando a sua vontade, que é um legítimo direito seu.
Aproveitamos para,em todo o caso, endereçar-lhe os nossos sinceros parabéns pela clareza e correcção dos textos e pela excelente estruturação e variedade temática do seu blogue
Retribuimos as Saudações!
Claro que podem usar os textos que disponibilizo, a ideia é mesmo essa. E como vejo que citam sempre os autores não há qualquer problema, nenhum mesmo.
ResponderEliminarPelo que vi aqui do blogue confesso que gostei e que o achei prenhe de informações importantes. Irá ser adicionado aos blogues recomendados da «Busca pela Sabedoria».
Bom trabalho e boas buscas pelo saber histórico