Maputo-Cidade viva
Por Aurélio Terra, 8 de Fevereiro de 2010
Começa bem cedo o dia, em Maputo. Assinala o relógio as 5h30 e percebe-se logo que a cidade vai encher. Oriundo de todos os quadrantes, como formiguinhas seguindo o seu carreiro, “desagua” na Capital, gente com os mais diversos fins.
Num ápice a memória se socorreu de lembranças passadas, fazendo-me recordar que nos meus tempos de estudante, naquela terra, acordava bem cedo para estar a horas na escola, onde às 7h15 começavam as tarefas escolares.
Os acessos rodoviários à cidade de Maputo, congestionam-se. Os “chapas” (1) não têm rodas a medir. Vão e vêm repletos de gente, que se comprime para criar, sempre, um lugar para mais um. Parecem não ter paragens muito definidas. Sempre que há gente para entrar ou sair, a paragem faz-se. A utilidade deste meio de transporte é inquestionável, embora os padrões de segurança sejam letra morta.
Para a Catembe, partem apinhados de gente, os “ferryboats”. Saem a toda a hora. O serviço é contínuo. È partir, chegar e voltar a partir. Não há pausas.
As ruas de Maputo, em pouco tempo, conhecem uma multidão numerosa e compacta. É gente que vende, gente que compra, gente que passeia, e gente que não dispensa um “bom dia” à prazenteira terra, mesmo que seja apenas para dedicar parte do seu tempo à “Bula Bula” (2).
Ao fim do dia, e com a noite instalada, olhava para a cidade a partir da varanda do hotel. Impressionante a velocidade a que a cidade se tinha despedido da sua gente. Não descortinava uma viva alma. Parecia mesmo que alguém tinha tirado o tampão da cidade e que por aí se tinha escoado a povoação. Puro engano! Na zona do Zambi e da Polana os restaurantes dignos desse nome estavam quase a rebentar pelas costuras. Nas mesas, gente de todos os feitios e cores parecia estar a começar o seu dia, tal era a vivacidade com que trocavam dois dedos (seriam mais) de conversa, enquanto davam ao marisco acompanhado duma Laurentina, preta ou dourada, o destino que lhe foi traçado, a partir do momento em que consultaram a ementa.
Claro que não se come só marisco, nem se serve de bebida apenas cerveja. Os amantes de uma boa carne também não ficam decepcionados, mesmo que queiram acompanhá-la com um bom vinho português. Neste caso, terão que puxar um pouco pelos cordões à bolsa. Há sempre a alternativa dos vinhos sul-africanos, que castigando menos a carteira, também apresentam uma apreciável qualidade.
Na zona da boa restauração, onde se vive com intensidade o último terço do dia, é sempre bom ver, a presença de forças de segurança, quer privadas quer públicas.
E no fim do dia, pensava para mim, que isto de se ser Africano (de nascença ou de coração) é uma forma muito própria de se estar na vida, mais do que o próprio facto de se ter nascido naquele continente.
Que bom foi reencontrar Maputo cheio de vida!
(1) mercado paralelo de transportes rodoviários semi-colectivos, em média com uma capacidade para 12 pessoas, explorados por privados
(2)do tsonga significa conversar
In http://terramagica-terra.blogspot.com/
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