sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

20 de Janeiro: São Sebastião, mártir

São Sebastião, mártir, óleo sobre madeira de Marco Palmezzano,
Museu de Belas Artes, Budapeste, Hungria, in http://pt.wikipedia.org

São Sebastião, mártir

É um dos mais antigos santos venerados na Igreja Católica e Ortodoxa e pela religião “Unbanda” que é uma religião especificamente brasileira que propõe a combinação de elementos católicos, do espiritismo e das crenças afro-brasileiras. O culto a S. Sebastião, mártir nasceu no século IV e atingiu o apogeu na Baixa Idade média, em particular nos séculos XIV e XV. Apesar de a sua popularidade ser incontestável pelo grande número de povoações portuguesas de que é padroeiro, nunca foi possível determinar com propriedade a época em que o culto a D. Sebastião se propagou e se intensificou em Portugal. Contudo, por aquilo que verificámos através de variadas fontes, parece que tal aconteceu ao redor do século XVI, ligado ao fenómeno da terrível calamidade que foi a grande mortandade devida à peste negra, para cuja erradicação contribuiu, segundo a crença, o facto de o rei D. Sebastião (cujo nome, por ter nascido a 20 de Janeiro, se deveu alegadamente à popularidade do santo) ter, segundo a “Crónica do Padre Amador Rebelo”, herdado de D. João II a relíquia do santo que foi o seu braço, que este rei recebeu por oferenda de Carlos V e o mandou depositar no Mosteiro de S. Vicente de Fora, e de, em 1573, o mesmo D. Sebastião ter obtido do papa o envio de duas das setas que tinham sido utilizadas no martírio do mesmo santo, tal era a adoração da dinastia de Avis e d’o Desejado pelo santo seu propositado homónimo. É invocado desde então como o padroeiro contra a fome, a peste e a guerra ou, mais simplesmente, contra as epidemias. Crê-se que os restos das suas relíquias ainda se guardam na igreja de S. Sebastião da Pedreira, juntamente com as de S. Lourenço. 





O culto de São Sebastião no concelho de Valpaços

Em nenhuma das freguesias do concelho de Valpaços ele é actualmente Santo padroeiro, ao contrário do que acontece em pelo menos 78 outras aldeias portuguesas mas convém referir, como nos revelou o Reverendo Padre Jorge Fernandes, que frequentemente o culto a determinado santo é influenciado por diversos factores socio-económico e políticos, tendo havido épocas de maior relevância de certas devoções ao culto de S. Sebastião no nosso concelho como o atestam as dezenas de imagens do santo pelas igrejas e capelas do nosso concelho, sinal evidente do culto que este santo ainda persiste por estas terras, como também o atesta a existência da capela de São Sebastião de Vilarandelo (classificada como imóvel de interesse público), cuja construção terminou em 1583 - como se vê na inscrição presente no campanário da mesma (escassos anos após Alcácer Quibir), o que nos permite fazer uma leitura claramente sebastianista daquela construção, bem como do orago da mesma. Em Carrazedo de Montenegro também existe a lindíssima “capela do mártir D. Sebastião”, um largo e um cruzeiro conhecido pelo mesmo nome. Na freguesia de Rio Torto (onde a sua festa se realiza na data própria de 20 de Janeiro) existe igualmente uma capela da sua invocação, o mesmo acontecendo em Ervões, no centro da aldeia, segundo indicação de Padre Jorge Fernandes. Como mais um sinal confirmativo da primeira observação deste sacerdote, que subscrevemos atrás, convém acrescentar que também existiu uma capela da invocação de S. Sebastião na vila de Valpaços, aonde, segundo Francisco Pereira de Aial, vigário de “Santa Maria de Valpaços” nas suas “Memórias Paroquiais” de 1758, acorria grande número de populares em festas e procissões, com a sua milagrosa imagem e por duas vezes o santo livrou gentes e gados de males contagiosos que haviam caído sobre eles. Foi esta capela mandada demolir pela Câmara Municipal em 1914 - haja em revista neste blogue A desaparecida capela de S. Sebastião.

Existe um excelente artigo sobre S. Sebastião, mártir, no site da freguesia de S. Sebastião da Pedreira, que recomendamos a consulta.

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