sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Azares, esquecimentos ou batotices?

A história e da busca do conhecimento nem sempre é tão linear como parece. Por vezes a atribuição correcta dos louros das descobertas é algo obscuro, digno de uma investigação de Sherlock Holmes.
Encontramos personagens injustamente atropeladas pela História ou pela mera sombra dos génios dos seus tempos, desencontros nebulosos de cronologias e até mesmo trapaceiros que reclamaram a glória indevidamente.
Eis um caso curioso, o de Simon Marius, astrónomo alemão que nasceu há precisamente 438 anos. No final de 1608 soube através de um oficial de artilharia que na Feira de Frankfurt um holandês lhe tinha tentado vender o que viria a ser o modelo mais primitivo do telescópio. A partir dos detalhes revelados rapidamente construiu um e, provavelmente a partir de 1609, observou todo um universo que até então estava escondido. Foi um dos primeiros a observar a galáxia de Andrómeda e possivelmente as luas de Júpiter. Possivelmente - porque não publicou tal descoberta, apenas a proclamou na altura!
Galileu, inteligentemente, fê-lo, reclamando para si a descoberta das luas a 7 de Janeiro de 1610. Marius tinha fama de batoteiro e por isso foi esquecido. De facto, os seus registos da "descoberta" datam de 1613. Ironicamente, ao lado do seu registo anotou nomes para as luas: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. E foram esses os nomes eternizados pela História. A descoberta é do imortalizado Galileu, a toponímia do esquecido Marius.

por Miguel Gonçalves
http://www.ionline.pt/conteudo/97671-azares-esquecimentos-ou-batotices

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