sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Há 218 anos: Execução de Luís XVI na guilhotina – uma infeliz ironia da história?

Luís XVI sobe ao cadafalso – autor desconhecido,
in http://www.pliniocorreadeoliveira.info
No dia 21 de Janeiro de 1793, no contexto da Revolução Francesa, Luís XVI, rei de França era executado pela guilhotina na Praça da Revolução depois de ter sido acusado de traição pelo Comité de Segurança Pública e Tribunal Revolucionário por ter liderado um movimento de contra-revolução que obrigou os revolucionários da ala mais radical a preparar uma nova Assembleia Nacional Constituinte, dando origem a um regime de terror conhecido como a Convenção cujos instrumentos de auto-defesa do governo contra a oposição foram as referidas instituições que determinaram aquela execução. Este acontecimento, apenas mais um de muitos exemplos da acção do terror da Convenção, tem sido classificado por alguns historiadores sensacionalistas como uma das mais “incríveis” ironias da História. Numa separata da revista portuguesa “Super Interessante” (nº64 de Agosto de 2003), por exemplo, pode ler-se:


Mal Pensado

Luís XVI sugeriu dar uma forma triangular à lâmina da guilhotina, para torná-la mais eficaz. O próprio soberano teve, mais tarde, oportunidade de a testar no seu real pescoço.”
Almanaque do Incrível, p. 18

É verdade que uma das preocupações mais urgentes da Assembleia Nacional Constituinte, ainda durante a vigência da monarquia, chegou a ser a de se achar um método mais rápido e menos aflitivo de execução do grande número de condenados à pena capital. Não é verdade porém, que a solução encontrada - o engenho que passou a ser designado de Guilhotina – tenha sido uma invenção do Doutor Joseph-Ignace Guillotin. A única relação que é historicamente possível estabelecer entre este influente médico, a que o referido engenho deve impropriamente o nome, foi o de ele ter sido a primeira pessoa a chamar a atenção para a urgente necessidade de se procurar a solução mais indicada para o efeito pretendido e de ter recomedado a utilização de uma máquina que havia sido construída pelo seu amigo Antoine Louis, sendo esta a razão por que o engenho ganhou inicialmente o apelido de louisette ou louison e não de guillotine. Desconheço a existência de provas irrefutáveis de que Luís XVI tenha, na verdade, intervindo neste assunto pela forma como se diz. A comprovar-se tal alegação, poderá tratar-se efectivamente de uma das mais insólitas e infelizes ironias da História.

Sem comentários:

Enviar um comentário