Eusébio da Silva Ferreira, nascido a 25 de Janeiro de 1942 numa casa pobre do bairro de Mafalala, em Loureço Marques (Maputo), filho de pai angolano (da Província de Malanje) e de mãe presumivelmente moçambicana, Elisa Anissabana, é um ex-futebolista português que se viu transformado numa lenda viva do desporto-rei em todo o mundo. Cognominado de “a Pantera Negra”, é considerado como um dos melhores futebolistas de todos os tempos. As referências mais elucidativas do extraordinário palmarés deste talentoso futebolista são os 733 golos marcados em jogos oficiais e 1137 em toda a sua carreira.
Mostrando desde a sua tenra infância uma inclinação natural para a modalidade, preferindo a “bola de trapos” aos estudos, apesar dos ralhetes e sovas de D. Elisa, viu-se mais tarde a jogar no Clube do seu bairro natal, Mafalala, que havia sido baptizado de “Futebol Clube Os Brasileiros”, inspirado na selecção canarinha e nos valores individuais desta selecção cujos nomes Eusébio e seus colegas adoptavam por alcunha, como Cid, Pelé, Didi, Garrincha. Diz-se que Eusébio adoptou a alcunha de Cid, (considerado ao tempo da selecção brasileira pré-Pelé o grande “craque da selecção do Brasil), mas segundo outras versões ele usou antes a alcunha de Pelé. A sua corrida para a Fama parece ter sido bastante atribulada. As oportunidades para os seus primeiros testes em clubes mais categorizados começaram quando ele tinha pouco mais de quinze anos de idade. Mas, pelo que se pode depreender do resumo biográfico de Eusébio publicado a 12 de Dezembro de 2007 no Jornal A Bola, parece que começaram aí também as complicações que entretanto se lhe afiguraram face ao seu futuro desportivo, vendo-se confrontado com o dilema: Permanecer fiel às suas preferências pessoais ou ceder perante as ofertas que se lhe apresentaram:
«Eusébio era Pelé. Percebe-se bem porquê. E sem surpresa se percebe melhor que, pouco depois, Hilário, amigo dos irmãos mais velhos do craque de «Os Brasileiros», tenha falado aos directores do Sporting de Lourenço Marques naquele génio que despontava. Foram à procura do tal... Pelé de «Os Brasileiros», convidaram-no a ingressar no Sporting, de cara à bamba ficaram com a resposta: não! Só jogaria no Desportivo, que era filial do Benfica. Estava lá o seu coração e o seu ídolo: Mário Coluna. «Jogar no Desportivo, vestir a sua camisola, era o meu sonho.» Curiosamente, não passaria disso. Nem sequer em treinos Eusébio vestiria aquela camisola vermelha que era da cor das ilusões mais quentes de si. «A primeira vez que lá fui a um treino não me aceitaram, nem me deram equipamento para me treinar. Fiquei ofendido, mas, mesmo assim, ainda fiz segunda tentativa. Tornaram a não me ligar nenhuma. Foi nesse dia de desgosto que me decidi a ir ao Sporting. No fundo, o que eu queria era jogar à bola.»
In http://web.archive.org/web/20071212015215/www.abola.pt/publica/100f/index.asp?n=f29
Na última versão da “Wikipédia, a enciclpedia livre”, actualizada à data da publicação deste post, pode ler-se o seguinte, a propósito deste mesmo assunto e das circunstâncias polémicas em que o jovem Eusébio se viu transferido para a grande roda da competição em território continental :
«[…] Eusébio procurou inscrever-se no clube "O Desportivo", mas não foi aceite, por causa de ter um problema no joelho. A vontade de jogar futebol falou mais alto do que o clubismo, por isso, dirigiu-se ao Sporting de Lourenço Marques. Tendo sido aceite nesta filial moçambicana do clube leonino de Lisboa, Eusébio jogou de leão ao peito até à sua ida para Portugal. Antes disso, chegou a ser indicado à equipa brasileira do São Paulo, após o ex-jogador do clube José Carlos Bauer, que havia participado dos Campeonatos Mundiais de 1950 e 1954, observá-lo em Lourenço Marques, em 1960. O Tricolor Paulista, entretanto, desdenhou do investimento. Bauer então conversou com Béla Guttmann, que fora seu treinador no São Paulo, sobre o jovem. Guttmann já treinava o Benfica na época.
O negócio da transferência do menino de 18 anos ficou então marcado pela polémica, devido à luta que houve entre os dois rivais de Lisboa para conseguir o passe do rapaz. Foi então que terá sido sequestrado por um funcionário do Benfica que o levou até a uma casa no Algarve e o fez assinar um contrato com o clube, rumando assim à Luz. Ainda corria o ano de 1960. Logo na primeira época de camisola vermelha vestida, o "Pantera Negra" ajudou o Benfica a conquistar a sua segunda Taça dos Campeões Europeus consecutiva.
Em 17 de Dezembro de 1960 chegou a Lisboa. Antes Eusébio jogava na filial leonina de Lourenço Marques quando um funcionário do Benfica tratou da sua transferência para as águias. Colocou o Eusébio num avião sob um nome falso (Ruth Malosso - que pertence a uma cidadã portuguesa) e avisou os leões que o jogador tinha partido para Lisboa de barco. Na capital, Eusébio era esperado por dirigentes da turma da Luz e alguns jornalistas.
Mesmo assim, os verde e brancos não desistiram e voltaram à carga, duplicando a oferta do Benfica, que acabou por pagar à mãe de Eusébio, Elisa Anissabene, 250 contos pela transferência. Os encarnados esconderam o rapaz de 18 anos numa unidade hoteleira em Lagos, Algarve, e seguraram o reforço.
Menos de uma semana passou e Eusébio regressou à capital e já era jogador do Benfica.
Estreou-se no Estádio da Luz a 23 de Maio de 1960, num jogo amigável contra o Atlético em que marcou 3 dos quatro golos do Benfica. As peripécias que se sucederam desde a sua chegada atrasaram a assinatura do contrato, o que iria impedir de estar presente em Berna, na noite do primeiro triunfo europeu do Benfica. A sua fama internacional vem do jogo da segunda final europeia do Benfica em 1962, contra o Real Madrid. Não só marcou dois golos como fez uma exibição de luxo com as características que o iriam tornar famoso: a velocidade estonteante e o remate fortíssimo.
O France Footbal considera-o já, nesse ano, o segundo melhor jogador do mundo. Os convites para jogar no estrangeiro obviamente surgiram. A Juventus oferece-lhe 16000 contos, em 1964, numa altura em que ganhava 300 contos no Benfica. A tentação era tão grande que o governo de então o envia para a tropa, não permitindo que se venda um tesouro nacional deste tamanho. O Benfica acabaria por lhe aumentar o salário para 4000 contos. No mundial de 1966 em Inglaterra, torna-se definitivamente uma estrela mundial, um digno rival de Pelé. O epíteto de "Pantera Negra" vai correr o mundo. A facilidade em marcar golos torna-o no melhor marcador do mundial com 9 golos, ajudando a levar Portugal ao terceiro lugar. Após o mundial, os italianos fazem uma nova oferta a Eusébio: 90000 contos… Quando parecia que desta vez nem o governo poderia impedi-lo de aceitar, surge a notícia que os clubes italianos deixam de poder contratar jogadores estrangeiros.
A carreira de Eusébio foi recheada de lesões, tendo sido operado 6 vezes ao joelho esquerdo e 1 ao direito. Nunca deixou de jogar, mesmo em condições dolorosas, até porque sabia que o Benfica dependia muito dele e que os espectadores não aceitariam bem a sua ausência. Realizaram-lhe uma festa de despedida, em Setembro de 1973, mas continuou ainda a jogar até 1979. Em 1975, aventurou-se nos EUA, mas ao fim de 5 meses estava de volta a Portugal. Jogou ainda pelo Beira-Mar e peloUnião de Tomar.
Foi uma vez campeão europeu e 3 vezes finalista europeu, ganhou 11 campeonatos nacionais e 5 taças de Portugal, recebeu 7 vezes a bola de prata, como melhor marcador do campeonato nacional e duas vezes a bota de ouro como melhor marcador europeu. Em toda a carreira marcou 733 golos em 745 jogos, de referir, que ao contrário de outros jogadores de fama internacional, Eusébio não contabilizou os golos realizados nas categorias de base, também de salientar, que, os golos marcados antes de Eusébio se transferir para o Sport Lisboa e Benfica, não estão contabilizados, o que significa que oficialmente para efeitos estatísticos a carreira de Eusébio, apenas começa após a sua transferência para o Sport Lisboa e Benfica, facto esse que vem prejudicar a contagem oficial dos golos marcados pelo jogador.»
Para mais detalhes sobre a carreira e as honrosas distinções obtidas por Eusébio, segundo a mesma fonte clique AQUI.
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Eusébio, "o Pantera Negra" em classic players
Eusébio, o Pantera Negra
Carregado por Gaveatasaray
Eusébio na BD
Eusébio tem sido também, compreensivelmente, uma figura desportiva popularizada na Banda Desenhada em Portugal, através de excelentes trabalhos realizados por diversos autores e artistas. Para os adeptos da BD, recomendamos a interessante edição da 2010 Didáctica Editora, em 64 páginas, que integra a colecção “Chamo-me…”, com texto de Manuel Margarido e ilustrações do nosso Amigo e admirável artista, Jorge Miguel:
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Imagem de entrada: http://matosinhoshumano.blogspot.com
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