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Nesta data comemorativa do nascimento de Camilo, entendemos incluir aqui um resumo da sua biografia e da sua obra, bem como uma igualmente breve recensão crítica literária ao escritor, compiladas a partir de fontes distintas.
VIDA E OBRA
Biografia
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825, na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa, no Bairro Alto. Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, foi registado como filho de mãe incógnita, ao que se diz porque o pai e a avó paterna não queriam que o nome de Castelo Branco se associasse a outro de origem tão humilde.
Camilo ficou órfão de mãe quando tinha um ano e perdeu o pai aos dez, sendo enviado para Vila Real, para viver com uma tia. Posteriormente, foi viver com uma irmã mais velha, em Vilarinho de Samardã, onde recebeu uma educação irregular. Na adolescência, leu os clássicos portugueses e latinos e consumiu literatura eclesiástica.
Apaixonado e irrequieto por natureza, casou aos 16 anos com Joaquina Pereira, mas cedo abandonou a esposa para se envolver com outras mulheres, em relações sempre tumultuosas: Patrícia Emília, a freira Isabel Cândida... Para sobreviver, escrevia para jornais, embora as suas irreverentes crónicas lhe trouxessem, de vez em quando, dissabores, inclusivamente agressões físicas. Ainda tentou cursar medicina no Porto mas, a partir de 1848, entregou-se à vida boémia e passou a repartir o seu tempo entre os cafés, os salões burgueses e a escrita.
Na sequência do casamento de Ana Plácido, por quem estava apaixonado, Camilo sofreu – entre 1850 e 1852 – uma crise de misticismo, cursando o seminário e julgando-se capaz de entregar a sua vida a Deus. Mas mudou de ideias: abandonou os estudos teológicos, seduziu e raptou Ana Plácido e andou com ela a monte, até serem capturados pelas autoridades, julgados e presos na cadeia da relação do Porto. Aí, Camilo escreveria “Memórias do Cárcere” e conheceria o famoso Zé do Telhado.
Absolvidos do crime de adultério, Camilo e Ana Plácido foram viver juntos. Ana teve um filho, supostamente ainda do seu marido, Pinheiro Alves, e seguiram-se-lhe mais dois, de Camilo. Com uma família para sustentar, o literato passou a escrever a um ritmo alucinante: Camilo foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente dos seus escritos.
Em 1863, na sequência da morte de Pinheiro Alves, Ana e Camilo foram viver para a casa dele, em São Miguel de Seide, Vila Nova de Famalicão. Em 1885, Camilo obteve o título de visconde e três anos depois casou oficialmente com Ana Plácido. Incapaz de se manter emocionalmente estável, porém, e sempre preocupado com os filhos (Nuno era um vadio, Jorge era deficiente mental), e perante uma cegueira progressiva, Camilo acabou por sucumbir ao desespero, suicidando-se a 1 de Junho de 1890, aos 65 anos.
ALGUMAS OBRAS DO ESCRITOR: “Anátema” (1851), “Mistérios de Lisboa” (1854), “A Filha do Arcediago” (1854), “Livro Negro de Padre Dinis” (1855), “A Neta do Arcediago” (1856), “Onde Está a Felicidade?” (1856), “Um Homem de Brios” (1856), “Lágrimas Abençoadas”, “Cenas da Foz”, “Carlota Ângela”, “Vingança”, “O Que Fazem Mulheres” (1858), “Doze Casamentos Felizes” (1861), “O Romance de um Homem Rico” (1861), “As Três Irmãs” (1862), “Amor de Perdição” (1862), “Coisas Espantosas”, “O Irónico” (1862), “Coração, Cabeça e Estômago” (1862), “Estrelas Funestas”, “Anos de Prosa” (1862), “Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado” (1863), “O Bem e o Mal” (1863), “Estrelas Propícias” (1863), “Memórias de Guilherme do Amaral” (1863), “Agulha em Palheiro” (1863), “Amor de Salvação” (1864), “A Filha do Doutor Negro” (1864), “Vinte Horas de Liteira” (1864), “O Esqueleto” (1865), “A Sereia” (1865), “A Enjeitada” (1866), “O Judeu” (1866), “O Olho de Vidro” (1866), “A Queda de um Anjo” (1866), “O Santo da Montanha” (1866), “A Bruxa do Monte Córdova” (1867), “A Doida do Candal” “1867), “Os Mistérios de Fafe” (1868), “O Retrato de Ricardina” (1868), “Os Brilhantes do Brasileiro” (1869), “A Mulher Fatal” (1870), “O Regicida” (1874), “A Filha do Regicida” (1875), “A Caveira do Mártir” (1876), “Novelas do Minho” (1875-1877), “Eusébio Macário” (1879), “A Corja” (1880), “A Brasileira de Prazins” (1882).
TEATRO: “Agostinho de Ceuta”, “O Marquês de Torres Novas”, “Poesia ou Dinheiro?”, “Justiça”, “Espinhos e Flores”, “Purgatório e Paraíso”, “O Morgado de Fafe em Lisboa”, “O Morgado de Fafe Amoroso”, “O Último Acto”, “Abençoadas Lágrimas!”, “O Condenado”, “Como os Anjos se Vingam”, “Entre a Flauta e a Viola”, “O Lobisomem”, “A Morgadinha do Vale-de-Amores
http://www.teatro-dmaria.pt/Temporada/detalhe.aspx?idc=933
RECENSÃO CRÍTICA LITERÁRIA
Modelo da língua literária de sua época, Camilo Castelo Branco é fundamental na história da prosa de ficção do português, principalmente como romancista.
Camilo Castelo Branco representou em seu país diversas tendências da literatura européia do século XIX, mas tanto por convicções estéticas como por temperamento foi sobretudo um autor romântico. Versátil, de produção copiosa e que contemplou o romance, o teatro e a crítica literária, realizou-se como romancista de feição gótica, às vezes irrefreavelmente sentimental. Reconstituiu em suas obras o panorama dos costumes e dos caracteres do Portugal de seu tempo, quase sempre com uma profunda sintonia com as maneiras de ser e sentir do povo português. Daí a celebridade quase exclusivamente nacional, que deve à pureza da cepa de sua linguagem, capaz de abarcar todas as situações de seu universo cultural. Obras. Na primeira fase Camilo Castelo Branco deu a suas novelas caráter folhetinesco, entre o patético e o macabro. Marcadas pela leitura de Eugène Sue são Anátema (1851), Mistérios de Lisboa (1854), Duas épocas na vida (1854), O livro negro do padre Dinis (1855). Outra etapa, de influência balzaquiana, valoriza a realidade social em Vingança (1858), Carlota Ângela (1858), A morta (1860). Seus livros mais conhecidos refletem a experiência do cárcere, tratando em estilo conciso, mas brilhante, do amor reprimido e exacerbado: O romance de um homem rico (1861), o famoso Amor de perdição (1862), o Amor de salvação (1864), O olho de vidro (1866), A doida do Candal (1867), O retrato de Ricardina (1868), A mulher fatal (1870). De outra linha, Doze casamentos felizes (1861), Estrelas funestas (1861), Estrelas propícias (1863) veiculam intento moralizador. Em Coração, cabeça e estômago (1862), A queda dum anjo e outros, prevalecem toques de humorismo discreto. Camilo também fez romances históricos, como O judeu (1866), e satirizou o realismo com Eusébio Macário (1879) e A corja (1880), tornando-se ele próprio um realista convincente em Novelas do Minho (1875-1877) e A brasileira de Prazins (1882). Menos significativo como poeta, dramaturgo ou historiador literário, em seus últimos romances atingiu mestria extraordinária como observador e retratista dos tipos humanos e da sociedade de sua terra.
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_1385.html
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