sábado, 12 de março de 2011

Fontes, chafarizes e marcos fontanários do concelho de Valpaços – Água Revés e Crasto 1

Transcrição de Adérito Medeiros Freitas | Recriação gráfica de Leonel Salvado

Estreamos mais uma iniciativa para divulgação do património artístico e arquitectónico do concelho de Valpaços, no caso as fontes, chafarizes e marcos fontanários. É com base no extraordinário trabalho de pesquisa e estudo levado a cabo pelo Dr. Adérito Medeiros Freitas e que foi editado, em dois volumes pela Câmra Municipal de Valpaços em Outubro de 2005 que nos propomos fazer uma divulgação desse Património através de uma apresentação iconográfica mais aprazível e dirigida à sensibilidade dos nossos leitores para a preciosa, popular e diversificada tradição artística  que é a Faiança Portuguesa. Porque não imaginarmos as  fontes, os chafarizes e os marcos fontanários do nosso concelho representados nas mais variadas formas de objectos cerâmicos?!

FREGUESIA DE ÁGUA REVÉS E CRASTO - Água Revés 1

Tema: Quadra alusiva às fontes de Água Revés | Objecto: prato
Adaptação: Leonel Salvado
(clique sobre a imagem para aumentá-la)


1 – Fonte de Mergulho

Tema: Fonte de S. Pedro, Água Revés | Objecto: Prato
Foto – base : Adérito M. Freitas | Adaptação: Leonel Salvado
(clique sobre a imagem para aumentá-la)

Localização: Água Revés
Lugar: Largo do Prado. Muito mais amplo do que actualmente, aqui se realizava uma Feira, no dia 12 de cada mês. Existiam então numerosas árvores de grande porte, principalmente Negrilhos (olmos) e grandes mesas de pedra, algumas dispostas sob telheiros, utilizadas principalmente por taberneiros ambulantes que pagava, nesse dia, uma taxa pela sua ocupação.
Altitude: 414 metros Longitude: 7º 20’ 49,6’’ W Latitude: 41º 33’ 29,5’’ N
Ano de construção: C 1873 V.
Material de construção: Granito equigranular com tendência para porfiróide, de grão grosseiro, com moscovite e biotite e nítida alteração química deste último mineral.
Características gerais: A planta interna, rectangular, mede 2,60 m de comprimento e 1,58 de largura. A profundidade total do seu reservatório é de 2,04 m mas, quando recolhi estes dados possuía, apenas, 1,80 m de água. A nascente não é local. Existe uma mina com algumas dezenas de metros de comprimento e, antigamente, junto da primeira rua, à esquerda da rua principal para quem sobe, havia uma porta ao nível do solo que comunicava com a referida mina e se destinava a permitir, sempre que necessário, a sua limpeza.
No Verão, quando o caudal diminuía drasticamente, era necessário descer ao fundo do reservatório para recolher, numa cavidade existente numa rocha do seu pavimento e com um pequeno púcaro, a pouca água que ali ia chegando. Para o efeito existia uma escada. Outrora estavam ainda presentes, como estruturas anexas, uma pia bebedouro e um “tanque de lavar roupa”, de onde a água era aproveitada para rega dos terrenos de cultura.
Actualmente e devido ao arranjo de todo o espaço envolvente, esta fonte encontra-se, em média, 1,20 m abaixo do nível da rua, tendo sido eliminados do seu localde origem, as duas estruturas anexas descritas. […]
Externamente, esta fonte mede 3,40 m de comprimento, 2,83 m de lagura e 3,88 m de altura frontal.
A porta, hoje protegida por uma estrutura de ferro pintada de verde e munida de fechadura, mede 1,67 m de altura, 1,31 m de largura e termina, superiormente, por um arco de volta perfeita. É limitada por uma moldura com 15 cm de largura e 3 cm de espessura. A porção superior e frontal desta moldura possui gravado o ano da sua construção bem como as iniciais da entidade promotora, Câmara de Valpaços (C. 1873 V).
O tecto é em “abóbada de berço” e as suas aduelas da base assentam directamente sobre as paredes laterais onde, frontalmente, se encontram de um e outro lado duas pequenas impostas que servem para definir, com precisão, a posição da base da referida abóbada. Esta impostas situam-se a 1,26 m acima da soleira da porta. A cobertura da fonte é formada por lajes de granito e forma, externamente, duas águas simétricas.
Quatro pilastras incorporadas mas paredes limitantes e ocupando os quatro ângulos da estrutura da fonte, suportam o entablamento, formado por uma arquitrave com 14 cm de espessura e pela cornija emoldurada, também disposta a toda a volta da fonte, com 13 cm de espessura e saliente 10 cm.
Apoiados nas extremidades do troço horizontal da cornija frontal, dois pináculos talhados, cada um, num só bloco de granito, com 53 cm de altura total. Cada um destes pináculos possui uma base prismática quadrangular com 16 cm de altura e 31 cm de aresta basal. Acima desta base, cada pináculo possui forma cónica, mas com a superfície lateral levemente côncava.
A encimar toda a estrutura frontal e entre os dois pináculos referidos, existe uma outra cornija limitando, com a sua congénere horizontal, um bonito frontão triangular de vértice superior curvo e que mede 97 cm de altura e 1,8 m de base. No espaço triangular limitado pelas cornijas, o tímpano, podemos observar um nicho com 70 cm de altura e 30 cm de largura. Termina, superiormente, por uma ornamentação em forma de concha e possui, na base, uma peanha com 16 cm de altura e 20 cm de largura ântero-posterior. Lateralmente, esta peanha possui uma ornamentação gomada. Neste nicho encontra-se, actualmente, uma imagem de S. Pedro relativamente recente, pois que da primitiva já ninguém se lembra. Em volta deste nicho foi colocada, há poucos anos, uma moldura metálica, hoje enferrujada, suportando um vidro. […]
Finalmente, no topo do referido frontão, encontra-se mais um pináculo, formado por um bloco de granito, em forma de pinha alongada, com 65 cm de altura e 29 cm de diâmetro máximo.

Adérito M. Freitas, Concelho de Valpaços, FONTES DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA…, C.M.V., Vol. I, 2005, pp. 43-45.

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