Talvez se afigure para muita gente como uma personagem de vaga memória, mas Mouzinho da Silveira foi uma das figuras da História de Portugal que merece a devida homenagem, tanto a nível nacional como regional e local, na justa medida da sua grandiosa obra, enquanto jurisconsulto, estadista e político português, em virtude da qual é considerado como uma das maiores personalidades da Revolução Liberal.
Nascido a 12 de Julho de 1780, em Castelo de Vide, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Cedo se mostrou um adepto convicto das ideias liberais. Interveio na luta contra as invasões francesas, iniciou-se na maçonaria e participou na revolução de 1820, ganhando tal prestígio que foi notado por D. João VI, o qual que lhe confiou a pasta da Fazenda, começando por aí a sua carreira política. Após cerca de uma década de intermitência na sua acção ministerial, em resultado da instabilidade política da época, sobretudo a partir da Vila-francada (1823) e da Abrilada (1824), que o levariam à demissão e ao exílio, regressa ao país em Março de 1832, integrando o Ministério criado por D. Pedro, na ilha Terceira, na pasta da Fazenda e, interinamente, na pasta da Justiça. Aí desenvolve um intenso labor legislativo, lançando as bases para a demolição do Antigo Regime e a edificação de uma sociedade liberal e moderna que progressivamente se foi consolidando e de que hoje nos devemos considerar herdeiros. Seguiram-se novas contendas entre Mouzinho da Silveira e outros liberais, em Janeiro de 1833, pelo seu desacordo em jurar a Constituição de 1822, o que o levou, por vontade própria, de novo ao exílio, mais uma vez em França. Após a Convenção de Évora-monte, no final da guerra civil, regressa de novo a Portugal, mas sem nunca abjurar da legitimidade dos seus avanços reformistas, fosse em matéria judicial, fiscal ou administrativa. Em 1836, parte mais uma vez para Paris, desiludido com o rumo dos acontecimentos políticos no seu País, mas sobretudo em desacordo com o projecto dos Setembristas, para regressar, em 1939, a Portugal e ingressar na Câmara dos Deputados, onde interveio, com a intransigência que lhe era peculiar, em defesa da legislação da sua autoria e outras matérias de fazenda pública. Após novo recolhimento em França, em Maio desse mesmo ano, onde se manteve até 1840, regressou definitivamente a Portugal para se afastar, de vez, da vida política. Faleceu em Lisboa a 4 de Abril de 1849.
De entre os actuais municípios que devem uma homenagem a Mouzinho da Silveira, conta-se o de Valpaços, pois foi da profética convicção de redenção social que imprimiu nas suas propostas de reforma administrativa que se radicaram as bases para a reorganização municipal que legitimaram, juridicamente, a nascimento de muitos dos concelhos actuais, por todo o país, incluindo o de Valpaços, como já tivemos o cuidado de recordar aqui no Clube de História no artigo intitulado "O 6 de Novembro de 1936", que pode ser revisto na categoria "Datas comemorativas [local/regional]".
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