Aconteceu em 17 de Julho de 1918 aquela que ficou para a História como uma das mais dramáticas, cruéis e misteriosas soluções levadas a cabo para pôr termo aos odiados regimes absolutistas da Europa – A execução de Nicolau II e restante família imperial.
Devido à imparável Revolução Russa iniciada em 5 de Agosto de 1905, galvanizada pela frustrada guerra russo japonesa de 1905 e pela repressão de que foram vítimas os manifestantes do “Domingo Sangrento” de 22 de Janeiro desse mesmo ano, mas também, pelas duras provações por que passou a população russa na 1ª Guerra Mundial (entre 1 e 5 de Agosto o impreparado exército russo sofreu humilhantes derrotas e optou pela retirada, assistindo em desespero a queda de Varsóvia), em 15 de Março de 1917 Nicolau II é obrigado a abdicar do poder, apesar de inicialmente o ter tentando fazer em favor do seu filho menor Czarevich Alexei, depois, pela tenra idade e débil saúde deste, em favor do seu irmão o Grão-duque Miguel, o qual no entanto recusou-se a aceitar o trono. Conduzida à prisão a uma propriedade em Tsarskoye Selo, a dinastia dos Romanov estava irremediavelmente perdida. Em Agosto de 1917, o então ministro do governo provisório, do partido social-democrata, Alexander Kerensky transferiu a família imperial para Toblolsk, nos Montes Urais, onde permaneceria menos exposta aos excessos revolucionários que de dia para dia se redicalizam. Em 30 de abril de 1918, os Romanovs foram transferidos para a Casa Ipatiev em Ekaterimburgo. Depois da Revolução Bolchevique e a ascenção de Lénin, ocorrida em Outubro de 1917, a vida da família real havia-se tornado cada vez mais complicada. A 17 de Julho do ano seguinte surge a decisão final: a execução. Em 1998, os restos mortais de alguns dos Romanov executados foram trazidos à luz do dia, confirmada cientificamente a sua identidade e reveladas as possíveis condições em que o bárbaro acto foi cometido. Contudo ainda se especula sobre um mistério que permanece: o corpo de Anastasia? Não foi encontrado ainda o mínimo vestígio mortal desta filha de Nicolau II. Curiosamente, a esperança depositada na sua sobrevivência, que correu mundo durante décadas, especialmente em torno de Anna Anderson, que até à morte, em 1984, sempre afirmou ser ela a Romanov desaparecida, já foi decartada, através de uma rigorosa análise do ADN dos seus restos mortais.
As primeiras referências ao massacre
Um anúncio oficial apareceu na imprensa nacional dois dias após a morte do czar e sua família em Ekaterimburgo. Informava que o monarca havia sido executado embaixo da ordem do Presidium do Soviete Regional dos Urais sob a pressão da aproximação da Legião Tcheca. Embora o Soviete oficial tenha esclarecido que a responsabilidade da decisão era dos superiores locais do Soviete Regional dos Urais, Leon Trotsky, em seu diário declarou que a execução aconteceu com a autoridade de Lênin e Sverdlov. A execução realizou-se na noite de 16 para 17 de julho sob a liderança de Yakov Yurovsky e resultou na morte de Nicolau II, sua esposa, suas quatro filhas, seu filho, seu médico pessoal Eugene Botkin, a empregada de sua mulher Anna Demidova, o cozinheiro da família Ivan Kharitonov e o criado Alexei Trupp. Nicolau foi o primeiro a morrer. Foi baleado múltiplas vezes na cabeça e no peito por Yurusky. As últimas a morrer foram Anastásia, Tatiana, Olga e Maria, que foram golpeadas por baionetas. Elas vestiam mais de 1,3 quilos de diamantes, o que proporcionou a elas uma proteção inicial das balas e baionetas.
Da descoberta dos restos mortais à reabilitação dos Romanov
Em janeiro de 1998, os restos mortais escavados embaixo de uma estrada de terra perto de Ekaterimburgo, em 1991, foram identificados como sendo de Nicolau II e sua família (excluindo uma das filhas e Alexei). As identificações feitas separadamente por cientistas russos, britânicos e americanos usando análises de DNA (ADN), concordaram e revelaram serem conclusivas. Em abril de 2008, autoridades russas anunciaram que haviam encontrado dois esqueletos perdidos dos Romanovs perto de Ekaterimburgo e foi confirmado por testes de DNA que eles pertenciam a Alexei e a uma de suas irmãs.[76] Em 1º de outubro de 2008, a Suprema Corte Russa determinou que o czar Nicolau II e sua família foram vítimas de repressão política e deveriam ser reabilitado.
in http://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolau_II_da_R%C3%BAssia
O mistério de Anastasia – as falsas “pretendentes”
Foi dito por quase todas as "aspirantes" a Anastásia que a ajuda de um guarda compadecido a salvou dentre os corpos após notar que ela ainda estava viva que ela teria sido capaz de fugir. Estes rumores foram ajudados por relatórios posteriores de comboios e casas revistados por soldados Bolcheviques e pela polícia secreta, à procura de "Anastásia Romanova".
Estranhamente, também houve relatos de uma mulher que dizia ser filha do czar ser encontrada a pedir ajuda nas pequenas vilas à volta de Ekaterimburgo. Diz-se que ela alegava ter estado nas mãos de guardas que a tinham salvado após o massacre, mas que também a tinham espancado e violado. Pouco depois, diz-se que desapareceu.
Em 1991, corpos acreditados como sendo os da Família Imperial e os seus servos foram finalmente exumados de uma sepultura maciça que tinha sido descoberta nos bosques próximos a de Ekaterimburgo quase uma década antes – uma sepultura escondida pelos seus descobridores dos Bolcheviques que governavam a Rússia quando foi encontrada. Uma vez aberta, foi descoberto que em vez de onze conjuntos de restos (o czar Nicolau II, a czarina Alexandra, o czarevich Alexei, as quatro grã-duquesas, Olga, Tatiana, Maria e Anastásia, o médico de família, Eugene Botkin, o criado, Aleksei Trupp, o cozinheiro, Ivan Kharinotov e uma dama de companhia da imperatriz, Anna Demidova), a sepultura só tinha nove.
Alexei e, segundo o especialista forense Dr. William Maples, Anastásia, não estavam na sepultura da família. Contudo, cientistas Russos contestaram isto, alegando que a Grã-duquesa Maria Nikolaevna Romanova era a que não estava na sepultura. Em 1998, quando os corpos da Família Imperial foram enterrados, um corpo que media cerca de 1,70 m foi enterrado sob o nome de Anastásia, apesar do facto de Anastásia ser a mais baixa das Grã-duquesas. Alguns historiadores acreditam no relato da "Nota Yurovsky" que diz que dois dos corpos foram removidos da sepultura principal e queimados num lugar secreto para criar uma certa suspeita de que estes não eram os corpos do czar, família e empregados, caso fossem descobertos, visto que a contagem dos corpos não estaria correcta. Contudo, alguns peritos forenses acreditam que a queima completa de dois corpos em tão curto espaço de tempo seria impossível. Em 2000, a família foi canonizada pela Igreja Ortodoxa Russa. Em Agosto de 2007, o anúncio por um grupo de pesquisadores do achado dos restos mortais do czarevich Alexei e da Grã-duquesa Maria - as duas únicas vítimas oficialmente ainda desaparecidas - obrigou o governo russo a reabrir o processo. (Jornal O Globo, 1 de setembro de 2007, sábado, p. 43)
A possível sobrevivência de Anastásia foi um dos mistérios mais celebrados do século XX. Em 1922, à medida que se espalhava o rumor de que a Grã-duquesa sobrevivera, uma mulher que mais tarde se auto-denominou de Anna Anderson apareceu e alegou ser Anastásia. Ela criou uma controvérsia de uma vida e foi cabeçalho de jornais durante décadas, com alguns parentes sobreviventes a vê-la como Anastásia e outros a vê-la como uma impostora. A sua batalha por reconhecimento continua a ser o caso mais longo alguma vez feito nos tribunais alemães, onde o caso foi oficialmente feito.
A decisão final dos tribunais foi que enquanto não se podia provar que Anderson era de fato Anastásia, também não podia ser provado que ela não a era. Anderson morreu em 1984 e o seu corpo foi cremado. Após se terem feitos testes de ADN (DNA) numa amostra de tecido de Anderson, e se terem feito comparações com um descendente da Imperatriz Alexandra, os testes mostraram que Anna não era, de fato, Anastásia, mas muito provavelmente Franziska Schanzkowska, uma operária polaca (polonesa) que desaparecera por volta da mesma altura em que Anderson aparecera na Alemanha. Ainda assim, algumas pessoas questionam a validez das amostras testadas.
Outra "pretendente", Eugenia Smith, apareceu em 1963, na altura da controvérsia Anastásia/Anna Anderson, mas a sua história tinha inconsistências e ela recusou mais testes.
in http://pt.wikipedia.org/wiki/Anast%C3%A1sia_Nikolaevna_Romanova
Só para lembrar. A família Romanov morreu no dia 16 de julho de 1918. Um ano após o início da Revolução Russa.
ResponderEliminarHouve, efectivamente um lapso na referência ao ano do assassinato da família Romanov, embora seja mais correcto afirmar-se que a tragédia ocorreu a 17 de Julho! Foram feitas as necessárias rectificações. Gratos pela observação.
ResponderEliminarLeonel Salvado.
Apenas mais uma nota em complemento do que referimos: o processo de execução iniciou-se por volta da meia-noite e decorreu ao longo da madrugada de 17 de Julho, conforme o depoimento de um dos acusados no processo e de uma outra testemunha...
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