sábado, 17 de julho de 2010

Os pombos-correio – heróis de guerra e funcionários a toda a prova

A experiência columbófila de Richard Topus

Na I Guerra Mundial, os pombos-correio provaram a sua utilidade em tempos de silêncio forçado via-rádio.
Após a entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial, o Exército Americano fez o convite aos detentores de pombos-correio para doarem os seus pombos para a defesa nacional. Dezenas de milhares foram doados.
Ao todo, mais de 50.000 pombos-correio serviram os Estados Unidos durante a guerra. Muitos foram atacados e interceptados pela artilharia e falcões inimigos, mas muitos pombos fizeram chegar aos seus destinos com segurança, mensagens vitais dos soldados no terreno aos seus comandantes, tendo salvo milhares de vidas durante a guerra.
Richard Topus que morreu de insuficiência renal em Scottsdale, no Arizona, no dia 5 de Dezembro 2008 e passara a maior parte da sua vida a dirigir empresas de produtos alimentares e a ensinar marketing em universidades americanas, primeiro em Hofstra, onde ele próprio recebera um mestrado, e por fim na do Estado de Arizona, deixará nome além do círculo efémero de familiares, amigos e vizinhos, não como industrial e pedagogo mas por aquela que fora a sua primeira e obsessiva ocupação e a paixão de uma vida inteira: a criação, treino e competição de pombos-correio.
No começo de 1942, precipitados na II Guerra Mundial pelo ataque aéreo japonês a Pearl Harbour, os Estados Unidos, precisando de aprontar o seu arsenal e de afinar a sua capacidade bélica, pediram que voluntários se alistassem e não pretendiam apenas contingentes humanos. Precisavam também de pombos, da variedade domesticada 'Columba livia domestica', vulgarmente conhecidos por pombos-correio, bem como de gente especializada que soubesse dirigi-los e usá-los com todo o proveito possível. Transportando mensagens escritas em papel fino, enroladas dentro de pequenas cápsulas estanques presas às patas, os pombos-correio haviam sido, desde há muito tempo, um capítulo pequeno mas vital da arte da guerra, não só como transmissores de instruções operacionais mas também como veículos de informações obtida por espionagem.
Foram usados por ambos os lados, com grande frequência, na guerra de 1914-1918 (durante a qual o pombo francês Cher Ami foi condecorado com a Cruz de Guerra por ter conseguido entregar doze mensagens de importância vital, apesar de gravemente ferido). Entretanto fora inventado o telégrafo e, acabada a Grande Guerra, estrategas e estudiosos presumiram que os pombos-correio estavam acabados como adereço das artes castrenses - mas enganavam-se.
Quando a II Guerra Mundial chegou, além dos americanos, outros Aliados os usaram, sobretudo os ingleses, e também as potências do Eixo.
Richard Topus nascera a um casal de judeus russos emigrados e fora criado em Brooklyn, onde nessa altura a columbofilia era mania universal. Criar e treinar pombos-correio estava por lá mais disseminado ainda do que em outros bairros de Nova Iorque: muita gente instalava pombais nos terraços que faziam de telhado dos seus prédios de apartamentos e deles, durante todo o ano, chegavam e partiam milhares de pombos. Fascinado, o jovem Richard não tinha pombos ele próprio porque os pais não o deixavam com medo que ele se desleixasse nos estudos, mas acompanhava vizinhos mais velhos, peritos na matéria (dois tinham começado na Grande Guerra, no recém-criado Serviço de Pombos-correio do Exército).
Com tanta intensidade e atenção o fez que quando aos dezoito anos assentou praça foi logo mandado para Camp Richie, em Maryland, onde o exército tinha um dos seus centros de preparação de pombos-correio. A seguir ao apelo que fora feito, milhares tinham sido doados por clubes columbófilos de toda a parte dos Estados Unidos, que era preciso enquadrar e preparar (50.000 serviram a pátria na Segunda Grande Guerra). Em Camp Richie, Topus e os seus camaradas treinavam aqueles que iriam fazer espionagem, bem como os militares que com eles trabalhariam na Europa e no Pacífico e tinham de aprender a darem-lhes de comer, prenderem-lhes as cápsulas de mensagens, soltarem-nos de aviões, saltarem em pára-quedas com eles nos bolsos (talhados especialmente numa fábrica de soutiãs).
Os pombos-correio só desapareceriam do arsenal dos Estados Unidos em 1957. Na vida civil, Topus continuou a fazê-los voar sem outro fito do que o entretenimento. Houve lugares, porém, em que permaneceram ao serviço da sociedade. No Estado de Orissa, da União Indiana, a polícia usava-os para comunicações de emergência a seguir a desastres naturais. O 'Serviço de Pombos-correio de Orissa' só foi encerrado em 2002 porque a expansão da internet o tornara supérfluo.
Apesar do Exército Americano ter gradualmente posto de lado a utilização dos pombos-correio no final dos anos 50, o Sr. Richard Topus continou a concursar em provas de competição, até quase ao final de sua vida.
Richard Topus, um grande entusiasta pela columbófilia e pelos pombos-correio, nasceu em Brooklyn em 15 de Março de 1924 tendo falecido aos 84 anos de idade a 5 de Dezembro de 2008.

in http://columbofilia.blogs.sapo.pt/2008/12/


A história de Cher Ami

Na Primeira Guerra Mundial, quando os batalhões nem sonhavam com a existência de e-mail e de telemóvel, os exércitos também trocavam informações por meio de pombos-correio. Foi o caso de Cher Ami, um pombo do Exército dos Estados Unidos. Ele pertencia à 77ª Divisão de Infantaria Americana, conhecida como “o Batalhão Perdido”, por ter ficado cercada na floresta de Argonne.
Em outubro de 1918, o “Batalhão Perdido” estava cercado por inimigos alemães e sob fogo amigo de americanos, que não sabiam que havia compatriotas ali. Cher Ami conseguiu levar a mensagem de cessar fogo e salvar os americanos, mas soldados alemães interceptaram o pombo pouco depois. O bicho teve o peito atravessado por uma bala, uma perna arrancada e acabou ficando cego de um olho. Sobreviveu, mas teve que se aposentar. Ganhou a Cruz de Guerra francesa em homenagem a seu heroísmo.


Da Guerra a outras missões políticas

As eleições de Cuba contam com funcionários bem diferentes, de asas, penas e bico. É com a ajuda de pombos-correio que os eleitores das localidades mais afastadas e sem linha telefônica – como as áreas montanhosas de Sagua de Tánamo, Moa e Mayari – conseguem votar. O método do “voto voador” foi usado no primeiro turno, no domingo passado, com cerca de 500 pombos mensageiros em todo o país. O segundo turno acontece neste domingo.

Por Marcelo Duarte, 1de Maio de 2010 in http://guiadoscuriosos.com.br/blog/tag/cher-ami/ (adaptado)
Imagem: http://bionaweb.blogspot.com/2009/07/

1 comentário:

  1. Muito interessante !!! Estou seguindo o blog.
    Dê uma olhadinha no meu blog de História
    www.profisabelaguiar.blogspot.com
    GRATA!

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